Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Teresa Noll Trindade (UNICAMP)

Minicurrículo

    Doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Multimeios da UNICAMP, com pesquisa sobre mercado do documentário no Brasil e na França, tendo realizado doutorado sanduíche em 2017 na Universidade Sorbonne Nouvelle–Paris 3. No mestrado, realizou pesquisa acerca do mercado cinematográfico brasileiro, com ênfase na distribuição e exibição dos documentários nacionais na sala de cinema. A dissertação foi premiada pela Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura em 2012.

Ficha do Trabalho

Título

    O Mês do Filme Documentário:uma economia para documentários de acervos

Mesa

    Políticas e Mercado do Audiovisual Contemporâneo: ações e impactos.

Resumo

    O Mês do Filme Documentário é um evento anual que ocorre na França e cuja principal função é proporcionar a circulação e exibição de documentários de acervos adquiridos pelas bibliotecas francesas. A programação é realizada pelas próprias bibliotecas, em locais públicos não-comerciais e conta com um conjunto de atividades complementares. Através deste evento, os filmes que já tiveram uma vida comercial pregressa podem novamente circular e ser redescobertos pelo público.

Resumo expandido

    O Mês do Filme Documentário é um evento anual organizado pela Associação Imagens na Biblioteca. Antes da criação desta, as coleções de filmes eram compradas pelas bibliotecas através de uma central chamada Ateliê de Difusão Audiovisual (ADAV) – uma das mais antigas centrais de compra, que negociava a aquisição dos direitos, na época em VHS, com os editores de vídeo. A negociação tinha por objetivo disponibilizar os filmes ao público como elas faziam com os livros, buscando-se assim ampliar o número de frequentadores desses espaços. Todo esse processo, que envolvia uma comissão de bibliotecários que selecionava de quais obras seriam comprados os direitos, passou a sobrecarregar as equipes, e foi dessa demanda que nasceu, em 1989, do interesse de uma parcela de bibliotecários junto a setores do Ministério da Cultura, a Associação Imagens na Biblioteca.
    Após alguns anos de prática de compra de filmes para os acervos, a Associação verificou que essa videoteca era pouco conhecida e estava sendo pouco vista pelas pessoas, fossem os próprios profissionais que trabalhavam nas bibliotecas francesas, profissionais do documentário ou o público consumidor em geral. Da constatação de que este vasto e rico material audiovisual estava sendo subaproveitado é que nasce o Mês do Filme Documentário, tornando-se em 2002 oficial em toda a França.
    A partir de então, a Associação, numa perspectiva de “educação audiovisual” dos bibliotecários, realizou um trabalho de formação com estes para apresentar o material existente nos acervos e falar sobre aspectos históricos, estéticos e políticos das diferentes cinematografias. Isso ocorre a fim de despertar o interesse dos bibliotecários em montarem suas próprias programações, visto que em novembro, durante o Mês do Filme Documentário, as bibliotecas organizam essas exibições com um foco temático escolhido com total autonomia. E como resultado desse conjunto de iniciativas, o público também passa a conhecer a pluralidade desses acervos.
    Os filmes dos catálogos podem ser utilizados pelas bibliotecas para a realização do evento, desde que este ocorra em uma estrutura pública não-comercial e que as sessões sejam gratuitas. Para organizar uma sessão e fazer parte da rede, basta que se possua um espaço de projeção e que a programação proposta ocorra durante o mês de novembro.
    O papel da Associação portanto é coordenar e dar viabilidade a essa manifestação, assim como contribuir na organização das programações. Conjuntamente à exibição dos filmes, são oferecidos colóquios, exposições, “master classes”, debates, sempre trazendo aspectos do documentário e buscando atingir o maior número possível de espectadores.
    Embora O Mês do Filme Documentário seja um evento consolidado e reconhecido no meio cultural francês, este não perduraria sem a subvenção pública, que acontece através da cooperação de um conjunto de órgãos. A Associação, além de dispor de recursos próprios, conta com o Centre Nacional du Cinéma et de l’Image Animé (CNC), com o Ministério da Cultura (através do Serviço do Livro e da Leitura, da Coordenação de Políticas Culturais e de Inovação e da Direção de Arquitetura e Patrimônio), assim como estabelece parcerias com produtores de cinema e de televisão. Há ainda um conjunto de colaboradores que contribuem com recursos menores, dos quais podemos citar os canais Arte e TV5 Monde, os jornais Courrier International e La Croix, o site Mediapart, a Escola de Documenário de Lussas, a Université Stendhal Grenoble-3, e a plataforma de filmes Tënk.

Bibliografia

    CRETON, Laurent. Cinéma et Marché. Paris: Armand Colin, 1997.
    ______. Histoire économique du cinéma français: Production et financement 1940-1959. Paris: CNRS Éditions, 2004.
    ______. Économie du cinéma: perspetives stratégiques. Paris: Armand Colin, 2009.
    DEPÉTRIS, Frédéric. L’Etat et le cinéma en France: le moment de l’exception culturelle. Paris: L’Harmattan, 2008.
    ESCANDE-GAUQUIÉ, Pauline. Pour en finir avec la crise du cinéma français: le cinéma français crève l’écran. Neuilly: Atlande, 2012.
    FOREST, Claude. L’argent du cinéma: Introduction à l’economie du septième art. Paris: Belin, 2002.
    JEANNEAU, Yves. Filmer le réel: De la production documentaire en France. Paris: La Bande à Lumière, 1987.
    ______. La production documentaire. Paris: Dixit, 1997.
    MOULINIER. Pierre. Les politiques publiques de la culture en France. Paris: PUF, 2010.
    POIRRIER, Geneviève Philiphe.