Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Filipe Brito Gama (UESB)

Minicurrículo

    Graduado em Arte e Mídia pela Universidade Federal de Campina Grande, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos. Professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia nas áreas de Produção, Economia e Mercado, Políticas do Cinema e Documentário. É realizador e atualmente coordena o projeto de pesquisa intitulado Mapeamento e Análise do mercado exibidor na Bahia: um estudo sobre os segmentos de mercado.

Ficha do Trabalho

Título

    O Parque exibidor no Interior da Bahia contemporânea

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil

Resumo

    É significativo o crescimento do número de salas de cinema no Brasil, nos últimos anos, mas são poucas as cidades do interior que as possuem. Este trabalho tem como objetivo analisar o cenário atual do mercado de salas de cinema no interior da Bahia e as características do parque exibidor nos diversos municípios do estado, observando a predominância dos complexos cinematográficos no shoppings centers locais.

Resumo expandido

    Nas últimas duas décadas, observa-se um significativo crescimento no número de salas de cinema no Brasil, superando a crise do mercado exibidor vivida nas décadas de 80 e 90, período que sucedeu o fechamento de diversos cinemas no país, fazendo com que “cidades pequenas que tinham apenas 1 ou 2 telas ficaram sem nenhuma, a ponto de apenas 7% dos municípios brasileiros possuírem salas” (ALMEIDA; BUTCHER, 2003). Se, em 1995, foram registradas apenas 1.033 salas, em 2018 este número sobe para 3.356, em 812 complexos. Porém, diferente dos anos 70, quando há uma efetiva quebra dos monopólios e o estabelecimento de um mercado fortalecido e segmentado (DE LUCA, 2010), chegando a 3.276 salas em 1975, hoje, estas salas estão concentradas nas grandes e médias cidades, em complexos multiplex, contando com a presença de grandes grupos exibidores. (IKEDA, 2015). Mas o aumento do número de salas de cinema não repercute necessariamente na ampliação de número de municípios com cinemas. De acordo com o Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro 2017 da Ancine, dos 5.570 municípios, apenas 396 possuíam salas (7,1%), e a maior parte delas está em cidades acima de 500 mil habitantes, contando também com forte crescimento nas cidades entre 100 e 500 mil. Há hoje um mercado crescente, mas concentrado, bem diferente da realidade da década de 1970.
    A Bahia também conviveu com o fechamento de cinemas no período de crise do mercado exibidor, mas na última década o número de salas volta a crescer, passando de 56, em 2001, para 72, em 2008, e chegando a 114, em 2018, se tornando hoje o estado do Nordeste com maior número de municípios com cinemas, totalizando 16. Dessas salas, 63 estão em Salvador, contando com a presença de grandes complexos em shoppings, tais como: o UCI Orient do Shopping Bahia (12 salas), o Cinemark Salvador Shopping (10 salas) e o Cinépolis Bela Vista (09 salas). A cidade ainda conta com cinemas com perfil de programação diferentes, salas que pertencem ao “circuito de arte”, como o grupo Sala de Arte e o Espaço Itaú Cultural.
    Das 15 cidades do interior com cinema, 04 são municípios com até 100 mil habitantes: Guanambi, Luís Eduardo Magalhães, Serrinha e Cachoeira. Neste cenário se destaca a empresa Cinemas Premier, especializada em cinemas no interior, operando na Bahia em Guanambi, Luís Eduardo e Barreiras. Em Serrinha o cinema já está localizado no shopping e é operado pela Orient, uma das principais empresas do mercado exibidor do Nordeste. O Cine-Teatro Cachoeirano, em Cachoeira, é um caso singular, sendo o único do interior a funcionar em um prédio tombado de um antigo cinema, com programação além dos filmes. Nas cidades acima de 100 mil habitantes, observa-se a predominância dos complexos em shoppings. Os cinemas de rua estão em cidade como Alagoinhas (Cine Laguna), Eunápolis (Cine Hobby), Barreiras (Premier), Ilhéus e Teixeira de Freitas (ambos com Cine Filmes). Já em Santo Antônio de Jesus (Cine Itaguari), Porto Seguro (Cine Filmes) e Teixeira de Freitas (Cinesercla), seus cinemas estão localizados em shoppings locais.
    Nas maiores cidades do interior da Bahia, a realidade se aproxima das capitais: complexos Multiplex que operam em shoppings, buscando atender a um alto padrão de conforto e qualidade de imagem e som. Em Camaçari e Juazeiro, os cinemas são do Cinemark (maior grupo exibidor do Brasil em 2018). Feira de Santana e Vitória da Conquista possuem 09 salas de cinema cada, divididas em dois complexos, localizados em shoppings, e operados por empresas nacionais de grande e médio porte (LB Cinemas e Orient em Feira e Centeplex e Moviecom em Conquista). Observa-se que, de maneira geral, os cinemas do interior da Bahia seguem dois perfis distintos: em cidades de médio porte, mantém-se a lógica do multiplex, com grandes grupos exibidores nacionais e estrangeiros. Nas cidades menores, vê-se maior diversidade, com salas de cinemas em shoppings e fora deles, operadas por empresários locais ou pequenos grupos exibidores.

Bibliografia

    ALMEIDA, Paulo Sergio; BUTCHER, Pedro. Cinema, desenvolvimento e mercado. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2003.
    ANCINE. Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro: 2017. Agência Nacional do Cinema – Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual. 2018.
    ANCINE. Listagem de complexos de exibição por município e UF 2018. Agência Nacional do Cinema – Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual. 2019.
    BARONE, João Guilherme. Sessões do Imaginário. Exibição, crise de público e outras questões do cinema brasileiro. Porto Alegre, nº 20, Dez. 2008.
    FILME B. Database Brasil 20 anos de mercado. Filme B: 2017.
    LUCA, Luiz Gonzaga Assis de. Mercado exibidor brasileiro: do monopólio ao pluripólio. In: MELEIRO, Alessandra. (org.). Cinema e mercado. São Paulo: Escrituras Editora, 2010. p. 53-73.
    IKEDA, Marcelo. Cinema brasileiro a partir da retomada: aspectos econômicos e políticos. São Paulo: Summus, 2015.