Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Roberto Tietzmann (PUCRS)

Minicurrículo

    Roberto é pesquisador dos programas de pós-graduação em comunicação social e letras – escrita criativa da PUCRS. Tem doutorado em comunicação social pela PUCRS (2010) onde estudou efeitos visuais, montagem e narrativa cinematográfica através dos filmes de King Kong. É mestre em Comunicação Social pela PUCRS (2005) onde pesquisou comunicação visual e cinema através dos créditos de abertura de filmes. É coordenador do grupo de pesquisa ViDiCa – cultura digital audiovisual.

Ficha do Trabalho

Título

    Efeitos visuais e animação: uma relação de aproximações e afastamentos

Mesa

    Animação e efeitos visuais: questões de teoria e prática

Resumo

    Imagens técnicas são a base do cinema e audiovisual e, desde seu príncipio, têm uma duplicidade funcional entre registrar o movimento que já existe ou produzir sob demanda. Menos estudados, animações e efeitos visuais partem da mesma necessidade: representar aquilo que a câmera não consegue captar sozinha. Esta comunicação problematiza a relação de aproximação e afastamento entre animação e efeitos visuais questionando técnicas, usos e verossimilhança da imagem em diferentes momentos.

Resumo expandido

    No campo dos estudos de teoria do cinema, a animação tradicionalmente ocupa um espaço marginal, apesar de sua emergência com os primeiros aparatos de produção de imagens em movimento, conforme os estudos de Laurent Mannoni (2003) e Lev Manovich (2001). Uma das razões para essa ausência poderia ser sua associação como a produção infantil, ofuscando, assim, o potencial das imagens animadas para o entendimento das múltiplas relações entre o cinema e o campo das artes visuais e do estudo da produção, analógica ou digital, das imagens em movimento. O fato do contexto brasileiro estar no início de sua consolidação enquanto produção e formação profissional em animação também contribuiu para que esse formato não tenha alcançado uma visibilidade maior em debates e estudos acadêmicos no campo do audiovisual nacional.

    Nos últimos anos, porém, a produção de animação no Brasil vem se destacando pela expansão (investimentos em novos formatos como as séries e jogos digitais) e visibilidade (premiações em festivais internacionais). Assim, passou a ser vista como um formato mais complexo, para além de sua associação ao universo infantil e ficcional, evidenciando suas relações com tecnologias e linguagens distintas: histórias em quadrinhos, cinema documentário, séries para TV e internet, jornalismo, jogos eletrônicos, entre outros.

    Efeitos visuais aproximam o legado da animação com o registro de câmera, frequentemente a utilizando como técnica para as intervenções na imagem em movimento. A filmagem converteu-se em um ponto de partida da realização audiovisual, completado durante o processo de pós-produção. As tecnologias de imagem digital provocaram o campo teórico da comunicação e áreas afins a rever conceitos e ideias, especialmente no que toca os modos de produção. As ferramentas digitais tornaram possível a criação de imagens de síntese (computação gráfica) com grau de semelhança próximo àquelas capturadas pelas câmeras. Ao mesmo tempo, essas ferramentas permitem a completa modificação de qualquer imagem, seja ela criada digitalmente ou obtida por processos fotoquímicos ou eletrônicos. Dessa forma, as intervenções nas imagens tornaram-se agora uma norma do processo de produção audiovisual a partir do qual é possível inserir, no mesmo plano cinematográfico, elementos de naturezas distintas, conforme destacado no documentário Side by Side (Christopher Kenneally, 2012). Seguindo esta linha de pensamento, Manovich (2001) defende que as tecnologias digitais redefinem a identidade do cinema e conduzem a animação para o centro. Para o autor, se antes o cinema era definido pela imagem de natureza indicial, agora ele não pode ser distinguido da animação. Trabalhos de pesquisadores como Manovich iluminaram um campo tradicionalmente marginal na teoria do cinema, conduzindo animação e efeitos visuais para uma área mais destacada nos estudos contemporâneos do audiovisual.
    Esta mesa traz para o espaço da SOCINE um prosseguimento dos debates realizados no 1º SEANIMA (Seminário Brasileiro de Estudos em Animação) acontecido em setembro de 2018 na PUCRS. Constitui-se portanto, como um movimento para a consolidação de uma rede de pesquisadores sobre animação e de áreas afins.

Bibliografia

    BAZIN, André. O que é o cinema? São Paulo: Cosac Naify, 2014.
    CANEMAKER, John. The lost notebook. San Francisco: The Walt Disney Family Foundation Press, 2014.
    CARNEIRO, Gabriel; SILVA, Paulo Henrique (org). Animação brasileira: 100 filmes essenciais. Belo Horizonte: ABRACCINE: ABCA: Letramento, 2018.
    ELSAESSER, Thomas. Cinema como arqueologia das mídias. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018.
    GAUDREAULT, André; MARION, Philippe. O fim do cinema? Uma mídia em crise no era digital. Campinas: Papirus, 2016.
    MANNONI, Laurent. A grande arte da luz e da sombra: arqueologia do cinema. São Paulo: Senac, Unesp, 2003.
    MANOVICH, Lev. The Language of New Media. Cambridge, MA: MIT Press, 2001.
    PILLING, Jayne. (ed.) A Reader in Animation Studies. Sydney: John Libbey & Company, 1997.
    RICKITT, Richard. Special Effects, the history and the technique. Nova Iorque : Billboard Books, 2000.
    SIFIANOS, Georges. Esthétique du cinéma d’animation. Paris: Le Cerf-Corlet, 2012.