Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Wilton Garcia Sobrinho (FATEC / UNISO)

Minicurrículo

    Pesquisador e artista visual, possui graduação em Letras pela PUC-SP; Mestrado e Doutorado em Comunicação pela ECA-USP; e Pós-Doutorado em Multimeios pelo IA-UNICAMP. Professor da FATEC-Itaquá/SP e do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura da UNISO. Desenvolve pesquisa sobre artes, corpo, cinema, fotografia, homoerotismo e estudos contemporâneos. É autor de “Feito aos poucos_anotações de blog” (2011), entre outros, e membro Socine desde 1998.

Ficha do Trabalho

Título

    Diversidade Videoclipe em Paraíso Perdido: anotações e memórias

Resumo

    Este texto expõe uma leitura a respeito do tema Diversidade Videoclipe (DV), por diferentes facetas no filme brasileiro “Paraíso Perdido” (2017), com direção de Monique Gadenberg. A trama aborda passagens singulares ilustradas por um conjunto especial de canções brasileiras, ao explorar afeto, corpo, erótica, performance e fetiche como categorias estratégicas. Os resultados dessa escrita ensaística sobre a DV privilegiam a produção de conhecimento e subjetividade no campo do cinema atual.

Resumo expandido

    O cinema atual apresenta-se recheado de possibilidades inusitadas. A criatividade exposta pela cultura brasileira, por exemplo, abre espaço para singularidades, cujo peculiar se faz recorrente. Trata-se de observar a qualidade inventiva do criar; em um espaço de agenciamento/negociação da representação humana. E no campo atual do cinema não é diferente, pois tentativas são expostas quase que diariamente nas salas de cinema do país. São apostas que nem sempre dão certo, mas estão na cena cinematográfica para tentar iluminar “novos/outros” caminhos.

    Este texto expõe uma leitura a respeito do tema Diversidade Videoclipe (DV) por diferentes facetas no filme brasileiro “Paraíso Perdido” (2017), dirigido por Monique Gadenberg. O enredo mostra um clube noturno, movimentado por apresentações musicais. Nele, um policial é contratado para ser segurança particular. Entre o agente e o clã de artistas eloquentes revelam-se nós surpreendentes, uma vez que movimentos oscilatórios de circunstâncias deslizantes estendem valores humanos.

    Na película, a música brega incorpora o kitsch para acrescentar uma (re)dimensão entre o brega, o cafona, o alegórico, entre outras. Pautada por baladas românticas, a trama aborda passagens singulares ilustradas por um conjunto especial de canções brasileiras, ao explorar afeto, corpo, erótica, performance e fetiche como categorias estratégicas.

    Nos (re)cortes dessa narrativa, (dis)junções transversais afrouxam (des)territorialidades nessa proposição DV como tecido estratégico de transversalidades. Nesse caso, a DV ocupa um lugar no mundo e, também, constitui condições adaptativas do sujeito que envolve sua extensão para com o/a Outro/a. O uso de mensagens desafiadoras com a DV convida o/a espectador/a a refletir sobre alteridade e diferença. Isso (retro)alimenta estrategicamente a produção de conteúdos, para ultrapassar o sistema hegemônico (EAGLETON, 2016), perante as mediações da linguagem videoclipe (CANCLINI, 2016).

    Do ponto de vista estrutural do roteiro, artimanhas paradoxais e contraditórias aproximam técnicas do discurso cinematográfico (com profundidade visual, por exemplo) e da linguagem videoclipe – fragmentada, não-linear e/ou paródica. Pautada por deslocamentos e flexibilidades, imagem e som intermediam uma disputa emblemática/simbólica dos enunciados (BARROS, 2017; MACHADO, 2000), com as canções românticas performatizadas no palco da boate – em formato de blocos narrativos. Para evitar qualquer descompasso com a realidade, a dinâmica dessa linguagem intercala a música com os fatos: o que provoca a DV.

    O filme “Paraíso Perdido” possibilita examinar situações contundentes para exemplificar a diversidade como produção cultural desdobrada pela produção de conteúdo na internet, por exemplo. Embora aponte, como produção cultural, para as dinâmicas estratégicas de sua (re)dimensão performativa cinematográfica, diante da política identitária de afeto, corpo, erótica e fetiche que fortalece essa DV.

    Dessa maneira, os estudos contemporâneos (GUMBHRECHT, 2015) aproximam os estudos culturais (EAGLETON, 2016; HALL, 2016; YÚDICE, 2016) e as tecnologias emergentes (QUINTARELLI, 2019), ao promover uma dinâmica de atualização e inovação. Com isso, o percurso metodológico, neste estudo, ancora-se em uma leitura crítico-reflexiva com três níveis distintos, porém complementares: observar, descrever e discutir fragmentos dessa narrativa cinematográfica. Esses níveis arquitetam o modus operandi dessa leitura fílmica, a fim de explorar aspectos econômicos, identitários, socioculturais e/ou políticos.

    Os resultados dessa escrita ensaística (CANCLINI, 2016) sobre a DV privilegiam a produção de conhecimento e subjetividade no campo do cinema atual. Trata-se de um esforço – como desafio da linguagem emergido na perspectiva fílmica.

Bibliografia

    BARROS, L. M. de O giro lúdico na experiência estética audiovisual musical. In: Anais do XXVI Encontro Anual da Compós. Faculdade Cásper Líbero, São Paulo-SP, 06 a 09 de junho de 2017.

    CANCLINI, N. G. O mundo inteiro como lugar estranho. São Paulo: EdUSP, 2016.

    EAGLETON, T. A morte de Deus na cultura. Rio de Janeiro: Record, 2016.

    GUMBRECHT, H. U. Nosso amplo presente: o tempo e a cultura contemporânea. São Paulo: Unesp editora, 2015.

    HALL, S. Cultura e representação. Rio de Janeiro: PUC-Rio : Apicuri, 2016.

    MACHADO, A. A televisão levada a sério. São Paulo: Senac, 2000. p. 173-196.

    QUINTARELLI, S. Instruções para um futuro imaterial. São Paulo: Elefante, 2019.

    YÚDICE, G. Os desafios do novo cenário midiático para as políticas públicas. Observatório, São Paulo, Itaú Cultural, n. 20, p. 87-113, jan/jun 2016.