Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    MARIA FERNANDA CURADO COELHO (UPO)

Minicurrículo

    Graduada em Radio, TV e Cinema pela FAAP (1979), pós-graduação Latu sensu em Museologia pela FESPSP (1988); mestre pela ECA/USP (2009). Experiência profissional de cerca de 40 anos em preservação audiovisual, especialmente na Cinemateca Brasileira, onde se aposentou (2015); ministra cursos na pós-graduação da FESPSP como professora convidada desde 2008. Atualmente desenvolve dissertação de mestrado para o máster “Arte, Museo y Gestión Cultural” na Universidad Pablo de Olavide (UPO), na Espanha.

Ficha do Trabalho

Título

    O Desafio da Preservação Audiovisual Digital: um estudo comparado

Resumo

    A grande mudança tecnológica que substituiu os processos analógicos por processos digitais atingiu profundamente o universo da produção audiovisual e aos arquivos preocupados com a preservação da memória audiovisual. Os acervos se viram diante de enormes desafios técnicos e metodológicos, em um tempo onde tudo deve acontecer rapidamente. O presente estudo faz uma análise comparativa das escolhas feitas por Arquivos Audiovisuais na Espanha, México e Brasil.

Resumo expandido

    Qualquer estudo de cinema, televisão, ou qualquer outra forma de produção de imagens em movimento, depende da existência das obras audiovisuais para serem vistas, analisadas, estudadas. Sejam elas analógicas ou digitais, para serem acessadas, essas obras precisam existir fisicamente em algum tipo de suporte. Ainda que o marketing atual nos faça crer que “a nuvem” armazena algo, a verdade é que qualquer coisa que se acesse via “nuvem” está registrado em algum HD (Hard Disk), em algum servidor, em alguma parte do mundo. E nós não temos qualquer controle sobre esses arquivos.
    Além disso, as obras audiovisuais precisam ser documentadas, catalogadas, conservadas e “migradas” para as novas tecnologias, para permanecerem disponíveis. Portanto, a missão dos arquivos e acervos audiovisuais é cumprir todas as etapas necessárias para manter as obras audiovisuais íntegras e acessíveis, para as gerações atuais e futuras, pelo maior tempo possível.
    Essa missão, que já era complexa no mundo analógico, tornou-se ainda mais desafiadora com as novas tecnologias. O mundo digital acarretou na substituição dos suportes, das formas de produção, das metodologias de trabalho, das ferramentas de acesso e do volume de obras a serem preservadas, obrigando os arquivos a buscarem novas soluções para a preservação de longo prazo da obras em formatos digitais.
    Como preservar as obras audiovisuais em sistemas digitais é uma pergunta que está sendo formulada por todos os arquivos do mundo e que ainda não tem uma resposta definitiva. A humanidade ainda não sabe como guardar e manter por longo prazo os arquivos digitais de qualquer natureza.
    Apesar disso, a fragilidade dos objetos digitais, sujeitos principalmente à obsolescência programada imposta pelo mercado – e que pode tornar totalmente ilegível as obras produzidas na década passada, por exemplo – obriga os Arquivos a fazerem escolhas e estabelecerem metodologias de trabalha para preservar as obras em formatos digitais, ainda que com a consciência de que possivelmente terão que repetir o processo de atualização tecnológica em poucos anos. Todos esses procedimentos exigem equipes treinadas, equipamentos atualizados e recursos volumosos, que dificilmente estão disponíveis para arquivos ou outras instituições de memória.
    Nesse contexto, é natural que haja um grande debate internacional sobre o tema, onde cada país e cada arquivo tenta estabelecer alguns padrões metodológicos e encontrar soluções possíveis, dentro da cada realidade.
    O atual estudo busca fazer uma reflexão crítica, a partir do estudo comparado, das “soluções”, ou caminhos técnicos, encontrados por cinco arquivos representativos de seus países e com dimensões aproximadas. Ou seja, arquivos que teoricamente enfrentam problemáticas semelhantes na preservação digital.
    Os arquivos estudados são:
    1. Filmoteca Española, Madrid, Espanha.
    2. Filmoteca de la UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México), Cidade do México, México
    3. Arquivo Nacional, Departamento de Documentos Audiovisuais, Rio de Janeiro, Brasil
    4. Cinemateca do MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
    5. Cinemateca Brasileira, São Paulo, Brasil.

Bibliografia

    AMO, Alfonso del. Conservación y reproducción: dos actuaciones complementarias para la preservación del patrimonio cinematográfico. Hanoi: 60º Cong. Inter. da FIAF, 2004.
    BORDE, Raymond. “Avatares de un arte vulnerable”. In. El Correo de la UNESCO, Paris, n.8, v.37, p. 4-6, ago. 1984
    CHERCHI USAI, Paolo. Film curatorship: archives, museums and the digital marketplace. Viena: Österreichischers Filmmuseum, 2008.
    EDMONDSON, Ray. Arquivística audiovisual: filosofia e princípios. Tradução de Carlos Roberto Rodrigues de Souza. Brasília: UNESCO, 2017.
    Science and Technology Council, Academy of Motion Picture Arts and Sciences. O Dilema Digital: questões estratégicas na guarda e no acesso de materiais cinematográficos digitais. São Paulo: Cinemateca Brasileira, 2010.
    Science and Technology Council, Academy of Motion Picture Arts and Sciences. O Dilema Digital 2: perspectivas de cineastas independentes, documentaristas e arquivos audiovisuais sem fins lucrativos. São Paulo: Instituto Butantan.