Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Veruza de Morais Ferreira (UFRN)

Minicurrículo

    Doutoranda e mestre pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia PPgEM/UFRN, graduada em Artes Visuais pela UFRN, integrante da linha de pequisa Estudos da Mídia e Práticas Sociais. E-mail: veruzaferreira12@gmail.com.br

Coautor

    Sebastião Guilherme Albano (UFRN)

Ficha do Trabalho

Título

    Expressão fílmica ou estilo no cinema de Wigna Ribeiro

Resumo

    O trabalho busca sistematizar os elementos lúdicos envolvidos na produção experimental da diretora mossoroense Wigna Ribeiro. Discute-se assim sobre um estilo característico de uma expressão fílmica e/ou a definição de um estilo cinematográfico. Elucida-se a construção das relações existentes entre o cinema e outras artes, associada às crendices, lendas, mitos e símbolos representativos da cultura nordestina nos filmes O Mundo de Ana (2014) e Era Uma Vez Lalo (2017).

Resumo expandido

    Há uma ludicidade entre as palavras que compõem os títulos dos filmes O Mundo de Ana e Era Uma Vez Lalo, o qual percorrem um encadeamento entre criatividade e imaginação. Imaginário e ludicidade, mitos, crenças culturais e fantasia do real, é assim que o cinema representante de uma poética lúdica tem sido mais frequentemente explorado pela cineasta potiguar Wigna Ribeiro. Entre 2014 e 2017, a cineasta potiguar realizou filmes de caráter experimental e, entre os cabíveis à categoria de longa-metragem, ambos aos filmes selecionados, aplicaremos o paradigma do problema/solução de David Bordwell (2008, 2013). Partindo do princípio de que esse modelo de análise das questões estilísticas buscam a solução de problemas concretos de representação, ao compreender as causas e consequências históricas do estilo. Consideremos a reflexão de Bordwell (2008, 2013) ao defender à importância de analisar as produções artísticas tendo em vista o contexto cultural e histórico do qual elas fazem parte. Contextualizar a imagem fílmica dentro do seu tempo cronológico contribui na elucidação dos aspectos estilísticos, traçando um paralelo com o estilo cinematográfico.

    Atuando em campos distintos, os fatores culturais e sociais interferem no cinema e em outras artes. As formas expressivas do cinema tomam para si as técnicas de outras artes; é o cinema da representação. Para Bordwell (2008, p.311), “tradições culturais nacionais, particularmente as manifestadas em mídias afins como a pintura e o teatro, são muitas vezes relevantes para explicações – causais e funcionais do estilo.” Assim, considerar que qualquer tradição cultural nacional é predominante no processo de construção de um filme, é portanto, refletir sobre uma gama de possibilidades e escolhas por parte do diretor. Influências assinaladas e/ou escolhas e maneiras particulares empregadas em uma produção prática, não compreendem um único parâmetro de estilo para distintos diretores de um mesmo período cronológico. Dessa forma, a partir dos critérios metodológicas de Bordwell (2008, 2013a, 2013b) e Leal (1982), analisaremos os aspectos estilísticos da obra cinematográfica de Wigna Ribeiro, abordando suas bases lúdicas representantes de um cinema de temática nordestina.

    Em seus últimos filmes, Wigna busca uma imersão dos espectadores no mundo da fantasia. Assim, uma das suas principais características de produção é o lúdico, sob certos aspectos dos personagens folclóricos, históricos e do imaginário. De maneira que nota-se a procura da cineasta em atrair atenção do seu “mundo” nos filmes.
    Neste contexto os longas-metragens O Mundo de Ana (2014) e Era Uma Vez Lalo (2017), auxiliam na reflexão sobre a maneira particular dos aspectos lúdicos e fantasiosos aplicados de forma semelhante em ambos filmes, e podem elucidar sobre o estilo característico de uma expressão fílmica ou tangenciar o estilo da diretora em questão. Nesse sentido, o lúdico pode ou não assinalar estilisticamente um diretor que trabalha dentro de um gênero, equilibrando um estilo coletivo e outro individual dentro das mesmas bases representativas. Além de estabelecer um contraponto à forma de expressão e sensibilidade relacionada aos discursos-simbólicos construídos pelo imaginário nordestino no cinema.

Bibliografia

    BORDWELL, David. Figuras traçadas na luz: a encenação no cinema. Trad. Maria Luiza Machado Jatobá. Campinas: Papirus, 2008.
    BORDWELL, David. Sobre a história do estilo cinematográfico. Trad. Luís Carlos Borges. Campinas: Unicamp, 2013.
    BORDWELL, David; THOMPSON, Kristin. A arte do Cinema: Uma introdução. Trad. Roberta Gregoli. São Paulo: Unicamp, 2013.
    CRUZ, Adriano; SCKAFF, Dênia; FILHO, Ruy (Orgs.). Claquete Potiguar: Experiências Audiovisuais no Rio Grande do Norte. Natal: Máquina, 2016.
    LEAL, Wills. O Nordeste no cinema. João Pessoa: Universitária/FUNAP/UFPB, 1982.
    MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas & pós-cinemas. Campinas: Papirus, 2011.
    RIBEIRO, Wigna. Era Uma Vez Lalo. Coletivo Buraco Filmes, 2017, 139 min.
    RIBEIRO, Wigna. O Mundo de Ana. Coletivo Buraco Filmes, 2014, 139 min.
    SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 15.ed. Petrópolis: Vozes, 2014.