Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Sancler Ebert (PPGcine-UFF / FIAM-FAAM / Unicep)

Minicurrículo

    Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual (PPGCine-UFF). Professor do FIAM-FAAM Centro Universitário e do Centro Universitário Central Paulista (UNICEP), onde também é Coordenador da Monitoria de Rádio e TV. Secretário Executivo da SOCINE (desde 2018). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Roteirista de curtas metragens de ficção e diretor de documentários de curta e média metragem.

Ficha do Trabalho

Título

    Darwin na programação: Entre heroínas, cômicos, atualidades e seriados

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil

Resumo

    Nesta comunicação analisaremos os filmes programados nas sessões nas quais Darwin, imitador do belo sexo, estava inserido. Buscamos, a partir da trajetória do transformista, pensar as relações entre palco e tela nos cineteatros cariocas. Analisaremos os gêneros dos filmes, a quantidade de atos de cada película, os artistas envolvidos nas produções, o ano de lançamento das obras, as produtoras responsáveis e como eram pensadas as programações, considerando também a localização das salas.

Resumo expandido

    Dando continuidade à pesquisa apresentada no ano passado no ST, na qual investigamos as atrações que se apresentavam junto a Darwin, o imitador do belo sexo, nos palcos dos cineteatros cariocas, propomos agora refletir sobre os filmes programados junto aos espetáculos do transformista.
    Darwin foi uma figura notória dos palcos cariocas entre 1914 e 1933, apresentando-se em mais de uma dezena de cineteatros. Em seus espetáculos, interpretava cantoras estrangeiras, imitava os trejeitos femininos e desfilava figurinos de luxo. A imprensa carioca relatava o sucesso do transformista, cujo público era formado por homens e mulheres e até mesmo por crianças, que frequentavam as matinés estreladas pelo artista. O sucesso nos palcos levou Darwin às telas em 1923, onde surgiu como a noiva do protagonista na comédia “Augusto Annibal quer casar”, de Luiz de Barros (EBERT, 2018).
    Nesta comunicação refletiremos sobre as programações dos cineteatros nos quais Darwin se apresentou entre 1914 e 1933, focando nos filmes exibidos. Utilizamos os anúncios e notas publicadas no Correio da Manhã, por esse periódico contar com o maior número de menções ao trabalho do transformista. Para esta pesquisa, construímos um banco de dados com 191 datas registradas, nas quais são citados 337 títulos de filmes (alguns desses repetidos). A partir desses dados coletados, analisaremos os gêneros dos filmes, a quantidade de atos de cada película, os artistas envolvidos nas produções, o ano de lançamento das obras, as produtoras responsáveis e como eram pensadas as programações. Além dessas informações, consideraremos a localização das salas na análise.
    A partir de uma primeira observação sobre um dos anos, 1922, que se destaca por ter o maior número de espetáculos registrados do artista, 74 ao todo, podemos apontar que desses, 30 contavam com uma dobradinha de filmes cômicos e dramas na programação. Dos filmes listados, dois tinham apenas um ato (sendo um filme natural exibido em dois dias); 24 tinham dois atos (sendo todos cômicos); 12 de três atos; 30 com cinco atos (sendo esse tamanho a maioria em relação aos outros, dos quais 17 eram dramas, 10 cômicos e 3 sem gênero identificado); 13 filmes com seis atos; 11 com sete; dois com oito atos e quatro com nove atos. Os filmes com mais atos (6, 7, 8 e 9) eram em sua maioria dramas, sendo apenas dois cômicos com 7 atos e um cômico com 8 atos. 21 sessões contaram com apenas um filme na programação, 24 sessões tiveram dois filmes, 23 apresentaram três filmes, duas sessões com quatro filmes e outras duas com seis filmes (nos casos das sessões maiores, sempre havia na programação atualidades e desenhos, estamos considerando cada gênero como um filme, porque não há a precisão de quantas atualidades e desenhos eram exibidos).
    Nas 74 apresentações listadas, foram programados 160 filmes, sendo destes 49 cômicos, 63 dramas, 3 atualidades, 4 aventuras, 2 desenhos, 4 filmes naturais, 14 seriados, 1 filme religioso, 1 filme alemão e 1 filme francês. 19 filmes não tiveram gênero ainda identificado.
    Entre as companhias, destaque para Paramount com 18 filmes, Fox com 16 (mais 3 anunciados como Sunshine Fox), Realart e Gaumont com dez produções cada, First National Circuit com oito e Goldwyn com sete. Em menor número aparecem Universal (cinco), Associated Producers (três), Hodkinson (três), Pathé (dois), UFA (um), Robertson-Cole (um), Terra-Film (um) e Union-Berlim (um). 45 filmes citados nas programações não tiveram companhia indicada e/ou encontrada. Alguns dos artistas anunciados nas programações são Eva Novak, Charley Ray, Marie Prévost, Frank Mayo, Erica Glassner, Anita Stewart, Charles Chaplin, Norma Talmadge, Ben Turpin, Clara Horton, Clyde Cook, Tom Mix, Justine Johnstone, Bebé Daniels, Jack Holt, John Gilbert, William Farnum, Gloria Swanson, entre outros.
    Assim como analisamos 1922 acima, faremos nesta comunicação o mesmo com todos os anos em que há registros de Darwin nos cineteatros cariocas.

Bibliografia

    ARAÚJO, Luciana Corrêa de. “Cinema como evento”: atrações de palco e tela no cineteatro Santa Helena em São Paulo (1927). Significação, São Paulo, v. 45, n. 49, p. 19-38, jan-jun. 2018
    CORREIO DA MANHÃ. Disponível em http://hemerotecadigital.bn.br/correio-da-
    -manh%C3%A3/089842
    EBERT, Sancler. Darwin, o imitador do belo sexo: dos palcos às telas. Anais de textos completos do XXI Encontro da SOCINE. Organização editorial Cezar Migliorin… [et al.]. São Paulo: SOCINE, 2018. p. 651-657.
    FERRAZ, Talitha. A segunda Cinelândia carioca: cinemas, sociabilidade e memória na Tijuca. Rio de Janeiro: Multifoco, 2012.
    GONZAGA, Alice. Palácios e poeiras: 100 anos de cinemas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Record: FUNARTE, 1996.
    Internet Movie Database. Disponível em: .
    VIEIRA, João Luiz e PEREIRA, Margareth Campos da Silva. Espaços do sonho: arquitetura dos cinemas no Rio de Janeiro 1920-1950. Rio de Janeiro, 1982.