Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Hanna Henck Dias Esperança (UFSCar)

Minicurrículo

    Hanna Henck Dias Esperança é bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Estadual do
    Paraná – UNESPAR. Atualmente é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som
    da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, na linha de pesquisa História e Políticas do
    Audiovisual, sob orientação da Profa. Dra. Luciana Sá Leitão Corrêa de Araújo.

Ficha do Trabalho

Título

    Mulheres na direção: documentários de média-metragem no Brasil em 1980

Resumo

    Considerando a grande parcela que as mulheres ocupam na direção de documentários de curta e média metragem no Brasil entre 1980-1989, o presente trabalho tem como objeto de estudo dois eixos temáticos relevantes da produção em questão: a relação da mulher com o trabalho e a mulher marginalizada. Para que seja possível discuti-los, selecionamos dois filmes de cada eixo para análise, Sulanca (1986), de Kátia Mesel e Como um olhar sem rosto (1983), de Maria Inês Villares respectivamente.

Resumo expandido

    Enquanto há um crescimento cada vez maior e mais diversificado dos estudos voltados ao cinema de mulheres, seja na forma de pesquisas ou na criação de espaços e eventos para discussão, ainda existe um direcionamento desses estudos focado nos filmes de longa-metragem de ficção. O curta e o média documentais permanecem, portanto, um território pouco explorado, mesmo que as mulheres tenham produzido com bastante vigor em ambos os formatos. É o que aconteceu no Brasil nos anos 1980, quando as mulheres ocuparam mais de 30% da realização documentária de menor metragem, com aproximadamente 160 filmes, graças a uma série de aspectos que viabilizaram não só as condições propícias para a produção como também a distribuição e exibição. A Lei da Obrigatoriedade, a organização da classe cinematográfica em torno da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD), as realizações do Prêmio Estímulo em São Paulo, a formação de profissionais em graduações de cinema, o surgimento de alternativas para a distribuição e exibição externas ao circuito comercial e a discussão ativa de pautas feministas desde meados dos anos 1970, são apenas alguns fatores que tornaram possível não só o grande número de produções documentárias de curta e média-metragem nos anos 1980, como também a inserção ativa das mulheres nesse processo. É olhando por esse viés que a década oitentista se torna um período rico para o estudo voltado à direção feminina. Considerando as informações expostas, o recorte deste trabalho reside em analisar dois documentários que integram os dois eixos temáticos que julgamos entre os mais relevantes da produção estudada. Dessa forma, será possível estabelecer um diálogo tanto comparativo entre as temáticas, quanto de aproximação com o restante da filmografia. O primeiro eixo é voltado à relação da mulher com o trabalho, onde agrupamos filmes nos quais há ou uma denúncia das más condições das trabalhadoras, perpassando por questões como a dupla jornada, o baixo salário e a falta de amparo legal, ou há uma valorização do trabalho como meio de independência financeira e afetiva da mulher. Para investigar essa temática, escolhemos o média-metragem pernambucano Sulanca: A revolução econômica das mulheres de Santa Cruz do Capibaribe (1986), de Kátia Mesel. Já no segundo eixo situamos filmes protagonizados por mulheres marginalizadas, que objetivam uma aproximação e humanização da presidiária, da prostituta ou da moradora de rua, seja através da observação dos seus locais de vivência ou das relações que estabelecem com seus pares. Nesse caso, escolhemos outro média-metragem, o documentário paulistano Como um olhar sem rosto (As presidiárias) (1983), de Maria Inês Villares. A partir da exibição de trechos, da análise fílmica e da contextualização da produção em questão, propomos abordar uma filmografia ainda pouco explorada, compreender as diferentes interpretações da mulher brasileira contidas nesses documentários, as manifestações estéticas e ideológicas e também estabelecer possíveis diálogos de aproximação entre eles.

Bibliografia

    AVELAR, Lúcia; BLAY Eva Alterman (Orgs.). 50 anos de feminismo: Argentina, Brasil e Chile. São Paulo: Edusp, 2019.

    BERNARDET, Jean Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Brasiliense, 1985.

    CATÁLOGO DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO. Disponível em: documentariobrasileiro.org

    HOLANDA, Karla; TEDESCO, Marina (Orgs.). Feminino e plural: mulheres no cinema brasileiro. Campinas: Papirus, 2017.

    PADOVAN, Carlos José. Audácia e diversidade: curta-metragem e Prêmio Estímulo (1968-1984). 2001. 150 f. Dissertação (Mestrado em Multimeios) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

    SILVA, Denise. Vida longa ao curta. 1999. 188 f. Dissertação (Mestrado em Multimeios) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

    TELES, Paulo César. Filmes de média-metragem (1960-1990): “abandonados no tempo?”. 2001. 199 f. Dissertação (Mestrado em Multimeios) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas.