Trabalhos Aprovados 2019

Ficha do Proponente

Proponente

    Rafael de Luna Freire (UFF)

Minicurrículo

    Professor no Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense e no Programa de Pós-graduação em Cinema e Audiovisual (PPGCine-UFF). Foi Coordenador de Documentação da Cinemateca do MAM-RJ e membro fundador da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA). Coordenou o projeto “Resgate da obra cinematográfica de Gerson Tavares”, responsável por restaurar o longa-metragem “Antes, o verão” (1968). É coordenador do LUPA-UFF.

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema amador e universitário fluminense: a experiência do LUPA-UFF

Mesa

    História e preservação do curta-metragem brasileiro

Resumo

    A presente comunicação irá abordar a experiência da atuação do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (LUPA-UFF), entre 2017 e 2019, com o objetivo de refletir sobre os desafios e possibilidades do desenvolvimento de um arquivo de filmes em uma universidade pública federal, dotado de um foco tanto regional quanto temático, e nos processos de difusão e preservação de curtas-metragens em bitolas estreitas (9.5mm, 8mm, S8mm, 16mm).

Resumo expandido

    Esta comunicação irá abordar a experiência do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (LUPA-UFF), entre 2017 e 2019, com o objetivo de refletir sobre os desafios e possibilidades do desenvolvimento de um arquivo de filmes no espaço de uma universidade pública federal, dotado de um foco tanto regional quanto temático.
    Vinculado ao Departamento de Cinema e Vídeo da UFF, o LUPA foi criado com o objetivo de promover e preservar o cinema amador fluminense, numa estratégia de se voltar tanto para dentro da universidade, quanto se abrir para a sociedade em seu entorno. O entendimento sobre o cinema amador pelo LUPA é amplo, sendo definido como as imagens em movimentos “realizadas em todos os formatos e suportes e que, em sua origem, não foram destinadas à difusão nos circuitos profissionais do audiovisual” (LUPA, 2018). Essa definição ampliada foi estrategicamente pensada para abarcar tanto a produção do próprio curso de cinema da UFF – em grande parte filmes de estudantes, que circulam principalmente no espaço da própria universidade ou em mostras e festivais –, mas também para contemplar filmes domésticos realizados no Estado do Rio de Janeiro por quaisquer pessoas, sem relação alguma com a universidade. Em ambos os casos, estamos nos referindo essencialmente a curtas-metragens.
    Por um lado, o LUPA pretendeu centralizar e criar uma referência para a preservação da própria produção do Departamento de Cinema e Vídeo que, até o início dos anos 2000, foi em grande parte realizada em suportes semiprofissionais como a película 16mm ou em formatos de vídeo BETA ou S-VHS. Por outro lado, o LUPA quis ocupar um espaço vago no sistema de arquivos audiovisuais fluminenses ao se dedicar especialmente aos filmes domésticos, pretendendo abarcar a ampla produção realizada em bitolas cinematográficas não profissionais como Pathé Baby 9,5mm ou o Super 8mm.
    Nesse sentido, o LUPA desempenha um papel político na defesa de um sistema de preservação audiovisual diferente do projeto defendido e aplicado no Brasil nas últimas décadas, voltado para a concentração de recursos e acervos numa cinemateca nacional federal (CALIL et al., 1981) Num outro extremo, o LUPA é um exemplo concreto da defesa de um modelo descentralizado formado por uma rede de arquivos, com estruturas variadas, focos específicos e responsabilidades compartilhadas (FRICK, 2011). Um trabalho baseado desde a sua origem em parcerias, por exemplo, com a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com a qual a UFF assinou um termo formal de cooperação em 2016. Ou ainda materializada na realização, em 2018, do APEx Rio (Audiovisual Preservation Exchange), programa de intercâmbio do Mestrado em Preservação Audiovisual da Universidade de Nova York, encabeçado pelo LUPA, mas envolvendo outros arquivos vizinhos: a Cinemateca do MAM, o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e o Centro Técnico do Audiovisual da Secretaria do Audiovisual.
    A ocupação desse “espaço vago” pelo LUPA tem mostrado sua importância ao revelar a demanda pelo cumprimento desse papel social. Afinal, desde 2017, mesmo sem ter ainda ativamente se envolvido na prospecção de acervos, o LUPA tem sido procurado espontaneamente para receber doações de filmes familiares.
    Portanto, esta comunicação irá abordar mais detalhadamente as ações concretizadas pelo LUPA nos últimos dois anos (eventos realizados, acervos reunidos, constituição de infraestrutura), discutindo as dificuldades enfrentadas, os desafios surgidos e os benefícios proporcionados. O objetivo é refletir sobre o papel que o projeto da LUPA-UFF pode ter, inclusive em sua replicação em outras regiões do país, para a constituição de um sistema de preservação audiovisual mais orgânico, efetivo e democrático no Brasil.

Bibliografia

    AMO, Alfonso del. Clasificar para preservar. Cidade do México: Cineteca Nacional, 2006.

    CALIL, Carlos Augusto et al. (orgs.). Cinemateca Imaginária: Cinema & Memória. Rio de Janeiro: Embrafilme, 1981

    FREIRE, Rafael de Luna. Um breve histórico do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (LUPA-UFF). In: MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO – CINEOP, 13., 2018. Ouro Preto. Catálogo… Belo Horizonte: Universo Produções, 2018.

    FRICK, Caroline. Saving Cinema: The Politics of Preservation. New York: Oxford University Press, 2011.

    LABORATÓRIO UNIVERSITÁRIO DE PRESERVAÇÃO AUDIOVISUAL. Cinema amador fluminense, s.d. [2018] Disponível em: http://www.cinevi.uff.br/lupa/escopo/. Acessado em: 8 abr. 2019.

    STREIBLE, Dan. The state of orphan films: editor’s introduction. The Moving Image, v. 9, n. 1, 2009.