Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Flavio Kactuz (Flávio C. P. de Brito) (PUC-Rio)

Minicurrículo

    Historiador e professor do Curso de Cinema da PUC-Rio, doutorando pela Universidade de Coimbra. Organizador do livro: Daqui onde estou dá pra ver o Brasil (2006). Professor do Curso de Extensão da PUC-Rio para moradores de favelas e periferias do Rio de Janeiro. Curador da Mostra e organizador do catálogo “Pier Paolo Pasolini: quando o cinema se faz poesia e política de seu tempo”(2014). Criou e apresentou recentemente na Itália e Portugal a conferência espetáculo “Rossellini ano zero”.

Ficha do Trabalho

Título

    Do Teatro ao Cinema de Poesia – Primeiros Movimentos

Seminário

    Teoria dos Cineastas

Resumo

    Este trabalho se propõe a realizar uma certa genealogia do conceito de Cinema de Poesia, que ficou mais conhecido em 1965 através da célebre conferência de Pier Paolo Pasolini no Festival de Pesaro, mas que já se fazia reconhecer em seus fundamentos na obra de Germaine Dulac, Sergei Eisenstein, Luis Buñuel e outros cineastas dos anos 1920 e 1930, assim como na relevante querela teatral desenvolvida na aurora do século XX envolvendo a construção e o valor de uma encenação anti-naturalista.

Resumo expandido

    O Cinema de Poesia, conceito que se tornou mais conhecido a partir da conferência de Pier Paolo Pasolini (1922-1975), proferida no Festival de Pesaro em 1965, já havia sido formulado, ao menos em seus princípios basilares, nos filmes e teorias desenvolvidas por Germaine Dulac (1882-1942), Luis Buñuel (1900-1983), Serguei Eisenstein (1898-1948), e Jean Cocteau (1889-1963) e outros expoentes realizadores entre os anos 1920 e 1930. Todavia, se averiguarmos com maior atenção os textos produzidos em décadas anteriores podemos reconhecer seus fundamentos no acirrado debate teatral, especialmente na batalha anti-naturalista, na aurora do século XX, através dos textos de Maurice Maeterlinck (1862-1949), Adolphe Appia ( 1862- 1928), Gordon Craig (1872- 1966), Antonin Artaud (1896-1948), Vsevolod Meyerhold (1874-1940), Viktor Chklóvski (1893-1984) entre outros importantes formalistas russos. Um caloroso debate que, apesar das particularidades adotadas por cada um de seus protagonistas, marcou decisivamente um capítulo da encenação se colocando com fúria e extrema contrariedade à metodologia desenvolvida no teatro, sobretudo, por Constantin Stanislavski (1963-1938) e André Antoine (1958-1943) , e no cinema desde a chegada de David Griffith (1875-1948) à Biograph em 1908. Dentre esses primeiros textos já podemos identificar o olhar diferenciador entre um Teatro de Prosa e outro de Poesia, tal como Pasolini havia feito posteriormente com o Cinema na década de 1960. Esta análise comparativa constitui o propósito deste trabalho, a fim de observar uma certa genealogia deste conceito e o primeiro movimento na construção de uma cena poética envolvendo a boa promiscuidade de um diálogo entre essas duas linguagens artísticas.

Bibliografia

    APPIA, A. La musica y la Puesta em escena. La obra de Arte Viva. Madrid: Publicaciones de la ADE, 2014. CHKLÓVSKI, Viktor A Arte como Procedimento. In TODOROV, Tzvetan (Org.) Teoria da literatura. Texto dos formalistas Russos. São Paulo: UNESP, 2013. CRAIG, G.. Del Arte del Teatro & Hacia um Nuevo Teatro. Madrid: Publicaciones de la ADE, 2011. DULAC, G. Écrits sur le cinema: 1919-1937. Paris: Paris Expérimental, 1994. MEYERHOLD, V. Do Teatro. São Paulo: Iluminuras, 2012. SÁNCHEZ, José A.(Org) La Escena Moderna. Manifestos y textos sobre teatro de la época de vanguardias. Madrid: Ediciones Akal, 1999. SITI, W.; LAUDE, S. (Orgs.) Pier Paolo Pasolini: Per il cinema. Milano: Arnoldo Mondadori, 2001. XAVIER, I. (Org.). A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983.