Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Eduardo Tulio Baggio (Unespar)

Minicurrículo

    Professor do curso de Cinema e Audiovisual da Unespar. Coordenador do Cinecriare – Grupo de pesquisa Cinema: Criação e Reflexão (Unespar/Cnpq). Coordenador do GT Teoria dos Cineastas da AIM. Coordenador do ST Teoria dos Cineastas da Socine. Tem artigos publicados em revistas como Cine Documental, Doc Online, Galáxia e Cognítio. É um dos organizadores dos livros da série Teoria dos Cineastas, volumes 1, 2 e 3. Cineasta com ênfase em documentarismo.

Ficha do Trabalho

Título

    Teoria, autor e cineasta: observações sobre uma abordagem do cinema

Seminário

    Teoria dos Cineastas

Resumo

    O objetivo da comunicação e apresentar observações e exames sobre os conceitos de teoria, autor cinematográfico e cineasta. Em seguida, a partir de tais conceitos, busca-se delinear hipóteses de alcances e restrições quanto ao desenvolvimento de pesquisas via a abordagem da Teoria dos Cineastas. Para tanto, consideram-se como base alguns dos relevantes estudos que apresentam conceitos nos campos de interesse desta investigação e suas possíveis correlações.

Resumo expandido

    Teoria é uma conceito que compreende um conjunto de concepções, sejam princípios e/ou formulações, que dão conta dos fundamentos de um tipo de observação e/ou especulação sobre o mundo ou sobre aspectos deste. Assim, uma teoria envolve várias concepções que precisam ser compreendidas de forma sistêmica para que seja possível saber qual o papel de cada concepção dentro da teoria e como elas tomam sentido nesta teoria (PEIRCE, 1891:162). Com a mesma a perspectiva, David Bordwell afirma que uma teoria do cinema consiste em um sistema de proposições para explicar a natureza (princípios) e funções do cinema (BORDWELL, 1991:4). Ainda, é possível pensar em teoria – circunscrito às proposições no campo do cinema – em um sentido que não seja necessariamente axiomático, como aponta Francesco Casetti: “caracterizaremos uma teoria (do cinema) como um conjunto de pressupostos, mais ou menos organizado, mais ou menos explícito, mais ou menos vinculante, que serve de referência a um grupo de estudiosos para compreender e explicar em que consiste o fenômeno em questão.” (CASETTI, 2005:11)
    Desta forma, temos que ter em conta qual o fenômeno em questão para a Teoria dos Cineastas. Não trata-se de imaginar que cada cineasta poderá ou deverá ter sua própria teoria, ainda que algumas exceções possam existir nesse sentido (PENAFRIA et al., 2017). Trata-se de observar aquilo que o meio dos cineastas produz em seus processos de criação, portanto, observar aspectos que, sem excluir os filmes, ao contrário, vão além destes. Desta forma, é uma proposta diversa daquela da Screen Theory (STAM, 2003), mesmo que não afaste todos os seus mecanismos analíticos, busca uma ampliação das bases de análise.
    Tal ampliação traz o foco também para o que está além dos filmes, para o que é parafílmico, em analogia ao termo paratexto. Mas não são todos os paratextos que interessam para a Teoria dos Cineastas, apenas aqueles que trazem a especificidade de serem próprios dos processos de criação no cinema. Ou seja, são as proposições ou pressupostos que têm como fonte manifestações variadas dos cineastas e que serão tomadas em uma perspectiva sistêmica – considerando as correlações possíveis – para servir de referência a um grupo de estudiosos em uma abordagem própria da arte cinematográfica que chamamos de Teoria dos Cineastas.
    É preciso também estabelecer os limites entre tal proposição de abordagem e o conceito, bastante debatido, de Teoria do Autor no cinema. Para esta comunicação serão observadas as ideias de autoria propostas por Andrew Sarris a partir da política dos autores de François Truffaut e André Bazin, surgida, de fato, das reflexões de Alexandre Astruc com sua câmera-caneta. O conceito de autor pode também ser visto como uma função autor, como propôs Michel Foucault, de qualquer forma, trata-se de um conceito distinto do de cineasta da maneira como tem sido estudado na perspectiva da Teoria dos Cineastas (CUNHA, 2017)
    Por fim, a comunicação encerra com apontamentos para possibilidades de estudos e pesquisas a partir da abordagem da Teoria dos Cineastas. No sentido proposto por Peirce, como podem ser sistematizadas concepções oriundas dos cineastas? Qual sua potencialidade para explicar a natureza e as funções do cinema, como colocado por Bordwell? E qual o valor de tal abordagem para compreender ou explicar um fenômeno cinematográfico em particular, seguindo o que disse Casetti? Ainda, algumas limitações serão apontadas com o intuito de vislumbrar problemas que podem ou não vir a ser superados pela comunidade de estudiosos que se voltam para essa abordagem teórica.

Bibliografia

    BAZIN, André. La Politique des Auteurs. Paris: Cahiers du Cinéma, nº 70, April 1957.
    BORDWELL, David. Making meaning: inference and rhetoric in the interpretation of cinema. Harvard U. P., 1991.
    CASETTI, Francesco. Teorías del Cine. Madrid: Cátedra, 2005.
    ASTRUC, Alexandre. Nascimento de uma Nova Vanguarda: A Caméra-Stylo. Revista Foco, 2012.
    PENAFRIA et al., 2017. Observações sobre a “Teoria dos Cineastas”– Nota dos Editores. In: _______ (orgs.) Revisitar a teoria do cinema: Teoria dos Cineastas Vol. 3. Covilhã: UBI, 2017.
    CUNHA, T. Cardoso e. Teorias dos Cineastas Versus Teoria do Autor. In: PENAFRIA et al., 2017. (orgs.) Revisitar a teoria do cinema: Teoria dos Cineastas Vol. 3. Covilhã: UBI, 2017.
    TRUFFAUT, François. Uma Certa Tendência do Cinema Francês. Paris: Cahiers du Cinéma, nº 31, janeiro 1954.
    SARRIS, Andrew. Notes on the auteur theory in 1962. In: John Caughie (ed). Theories of Authorship. London: BFI, 1981.
    STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. São Paulo: Papirus.