Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Licia Marta da Silva Pinto (UFF)

Minicurrículo

    Doutoranda em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal Fluminense (em andamento). Mestre em Comunicação Social pela Puc Rio (2017). Especialista em Cinema Documentário na FGV/Rio (2017). Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda, pela UNAMA, Universidade da Amazônia (2010). Áreas de interesse: cinema latino-americano, território, emprego doméstico, audiovisual.

Ficha do Trabalho

Título

    A disputa territorial (da) doméstica no cinema latino-americano

Seminário

    Audiovisual e América Latina: estudos estético-historiográficos comparados

Resumo

    O artigo aborda a representação fílmica da personagem empregada doméstica sob um viés de disputas territoriais nos espaços micro ou macropolíticos, marcados por limites físicos e/ou simbólicos. Pretende discutir como a empregada doméstica se constitui como um ser estrangeiro (CANCLINI, 2016) no espaço onde trabalha, tanto por ser migrante quanto oriunda de locais periféricos. Para tal, faremos uso dos filmes La Teta Asustada (2009) e Que Horas Ela Volta? (2015).

Resumo expandido

    Nossa discussão será pensada a partir de dois filmes contemporâneos latino-americanos: La Teta Asustada (Peru, 2009) e Que Horas Ela Volta? (Brasil, 2015). Estes apresentam em sua narrativa a empregada doméstica como personagem principal e consequentemente abordam as problemáticas presentes nessa relação trabalhista marcada por hierarquias, desigualdades e subserviência. Nossa análise se baseará no deslocamento desses personagens pelo espaço urbano e como ele se diferencia do deslocamento da personagem patroa e seus familiares, visto que, segundo Rossana Tavares (2015) os corpos que atravessam as grandes metrópoles se diferenciam por categorias como classe social, raça, gênero, entre outros. Sendo assim, lançaremos mão de autores que pensem a questão do território e suas disputas como Doreen Massey (2000) e Rogério Haesbaert (2014), além de autores decoloniais como Aníbal Quijano (2005) e/ou que tratem da modernização deficitária ocorrida na América Latina, como Canclini (2000), para pensarmos na representação dessa prática trabalhista subalterna que se constitui como um claro exemplo da permanência de práticas coloniais na contemporaneidade latino-americana. Por meio desse arcabouço teórico, analisaremos cenas dos filmes escolhidos que consideramos pontuais para abordamos as disputas territoriais, os limites (arquitetônicos e simbólicos) impostos dentro das casas e o deslocamento da personagem empregada pelos espaços, fazendo com que a empregada atue como uma verdadeira imigrante (CANCLINI, 2016) na relação de trabalho que se constitui.

Bibliografia

    ALMEIDA, Maria Suely Kofes de. Entre nós Mulheres, Elas as Patroas e Elas as Empregadas.
    BRITES, Jurema. Afeto, desigualdade e rebeldia: bastidores do serviço doméstico.
    CANCLINI, Nestor García. Contradições latino-americanas: Modernismo sem Modernização?
    ________., Néstor Garcia. O Mundo Inteiro Como Lugar Estranho.
    DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo.
    HAESBAERT, Rogério. Territórios em Disputa: desafios da lógica espacial zonal da luta política.
    MASSEY, Doreen. Um sentido global do lugar.
    QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina.
    RONCADOR, Sônia. A doméstica imaginária: literatura, testemunhos e a invenção da empregada doméstica no Brasil.
    TAVARES, Rossana Brandão. Corpos que chegam, que ficam e que vão.
    TRIGUEIRO, Edja; CUNHA, Viviane. O quarto da empregada: história de uma apartheid imutável num espaço doméstico em mudança.