Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    André Fonseca Besen (ECA-USP / PPGCOM)

Minicurrículo

    Formado em Comunicação Social com especialização em Cinema, André Besen atua como Diretor de Fotografia desde 2005, em: longas-metragens, ficção e documentário, diversos curtas metragens, videoclipes, filmes publicitários, séries de televisão, conteúdos para televisão e diversos outros projetos audiovisuais.
    Desde 2011, é professor de Direção de Fotografia na Academia Internacional de Cinema. Atualmente, também, é mestrando no programa de Ciências da Comunicação da ECA-USP e sócio da ABC.

Ficha do Trabalho

Título

    Chiaroscuro na cinematografia de Cabra Marcado Para Morrer

Seminário

    Teorias e análises da direção de fotografia

Resumo

    A proposta desse trabalho é analisar o desenvolvimento conceitual e técnico do trabalho da Direção de Fotografia, através da pesquisa de um elemento imagético, a manipulação de claro e escuro, chiaroscuro. O intuito é localizar a importância do chiaroscuro no paradigma técnico cinematográfico e, através dessa análise, distinguir o exercício técnico e conceitual da cinematografia, justificando o chiaroscuro, também, como um elemento com potencial conceitual de significação.

Resumo expandido

    O cinema e em decorrência a direção de fotografia, operam, em síntese, desenvolvendo imagens fotográficas produzidas e projetadas em sequência, construídas a partir de desenvolvimentos conceituais e técnicos, particulares desse estilo de expressão artística.

    Este trabalho se propõe, através de metodologia ensaística, demonstrar como funcionam esses processos de desenvolvimentos, por meio da análise de um dos elementos fundamentais na construção de uma imagem, a relação entre os signos gráficos claro e escuro, chiaroscuro.

    Chiaroscuro é a técnica, ou o conceito, responsável pela manipulação da relação entre luz clara e escura, através da representação das mesmas, em função de um objetivo na obra. Em outras palavras, chiaroscuro é o controle do contraste na representação de luz e sombra em função de objetivos formais, para geração de significações diversas.

    A direção de fotografia, área do cinema responsável pela cinematografia, fundamenta seu desenvolvimento criativo e artístico, através da utilização de significações imagéticas. Essas significações, também denominadas popularmente de poéticas visuais, são essenciais para a compreensão e a relação estética do espectador com o filme. Elas constroem, através dos signos gráficos, uma gama variável de interpretações na obra.

    Essa comunicação irá expor um estudo, de minha autoria, fundamentado em ensaios, análises críticas e teóricas de André Bazin e Noël Burch, sobre a direção de fotografia no campo da linguagem cinematográfica, com o intuito de localizar uma nova abordagem, através da interpretação de um elemento técnico e conceitual em uma imagem.

    Esse estudo apoia-se em pesquisas sobre a utilização do chiaroscuro nas artes visuais e parte da proposição que o cinema, através da direção de fotografia, interpretou essas utilizações para adequá-las ao seu meio.

    Por conseguinte, a proposta é relacionar o chiaroscuro com o paradigma cinematográfico. Pelo viés técnico, o intuito é demonstrar como a manipulação de claro e escuro é inerente ao processo fotográfico e, em decorrência disso, ao cinematográfico. Pelo viés conceitual, a intenção é demonstrar como o chiaroscuro é aplicado de maneira complexa na construção de poéticas visuais, para geração de significações diversas.

    Para endossar o desenvolvimento realizado, a comunicação apresentará um exemplo de aplicação da cinematografia brasileira no movimento do Cinema Novo. Através do exercício de análise fílmica da obra Cabra Marcado Para Morrer, 1984, dirigido por Eduardo Coutinho, cinematografia de Fernando Duarte e Edgar Moura, se abordará a importância do elemento chiaroscuro na relação estética decorrente da conexão entre o filme, o diretor, seus diretores de fotografia e os espectadores

    Para conclusão, o trabalho colocará uma breve discussão sobre a direção de fotografia do movimento do Cinema Novo, a fim de demonstrar uma experiência de alinhamento entre técnica e conceito, na cinematografia, com a finalidade de justificar a importância da pesquisa dos elementos constituintes das poéticas visuais no cinema.

Bibliografia

    BAZIN, André. O que é o Cinema. São Paulo – SP: Cosac Naify, 2014. 416 p.
    BERNADET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo – SP: Companhia das Letras, 2003. 320 p.
    __________. Brasil em tempo de cinema. 3a. ed. Rio de Janeiro – RJ: Paz e Terra, 1978. 190 p.
    BÜRCH, Noel. Práxis do cinema. Lisboa: Editorial Estampa, 1973. 206 p.
    Cabra Marcado Para Morrer, Documentário, direção Eduardo Coutinho, 1984
    CHAUI, Marilena. Desfazendo as amarras da tradição. In: Experiência do
    pensamento: ensaios sobre a obra de Merleau-Ponty. São Paulo – SP: Martins Fontes, 2002.
    LIMA JÚNIOR, Walter. “Cabra Marcado para Morrer – ‘o cinema cúmplice da vida’ de Eduardo Coutinho”. Filme Cultura no 44 edição fac-similar. Rio de Janeiro, 2010.
    ROCHA, Glauber. Revisão crítica do cinema brasileiro. São Paulo – SP: Cosac & Naify, 2003. 238 p.
    SCHWARZ, Roberto. O fio da meada in Novos Estudos CEBRAP, São Paulo – SP, n. 12, p. 31-34, jun. 1985.