Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Laryssa Gabriele Moreira do Prado (UFJF)

Minicurrículo

    Laryssa Moreira do Prado é mestranda em Comunicação e Sociedade (Estética, Redes e Linguagens) pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCOM/UFJF), com financiamento da CAPES. É formada em Comunicação Social pela mesma instituição (2016). Em 2014, cursou um semestre de Ciências da Comunicação na Universidade da Beira Interior, Portugal. Suas pesquisas giram em torno das séries de animações brasileiras, representatividade de gênero e sexismo.

Coautor

    Erika Savernini (UFJF)

Ficha do Trabalho

Título

    A mulher na animação brasileira: Representação em curtas-metragens

Seminário

    Mulheres no cinema e audiovisual

Resumo

    Considerando o centenário da animação no Brasil (2017) e o destaque que as produções nacionais vem ganhando no país e fora dele, objetiva-se questionar a imagem da mulher em três curta metragens cujas distâncias temporais apresentam contextos diversos de produção da animação nacional e de discussão das questões de gênero no país, oferecendo uma amostra de como a figura da mulher vem sendo representada na animação brasileira: Frivolitá (1930), Dossiê Rê Bardosa (2008) e Guida (2014).

Resumo expandido

    O centenário da animação brasileira, completado em 2017, mereceu grande destaque tanto na mídia massiva quanto na especializada. Algumas matérias ressaltaram, inclusive, seu sucesso internacional tanto em festivais quanto em premiações, bem como produções de longas-metragens (nesse momento, 30 longas-metragens em animação estão em alguma fase de produção¹) e curtas metragens (em 2015, o Brasil foi o país com maior número de filmes participantes no Anima Mundi, pelo 14º ano consecutivo, com 145 produções; em 2016, os dados mostram 102 animações nacionais selecionadas e, em 2017, na edição mais recente, foram 70²). Além disso, em 2018 o Brasil será o país homenageado no Annecy.
    Entretanto, nas trajetórias traçadas por jornalistas, animadores, pesquisadores e entusiastas, a presença das figuras femininas nas animações é quase que irrisória no que tange à participação em sua produção e, muitas vezes, questionável quanto à representação da mulher em seus conteúdos. Ressalta-se que a ausência das mulheres nesses textos comemorativos não parece ser só uma opção de quem os produz, de quem opta por tratar de animações nas quais a presença masculina seja dominante, mas é mesmo um reflexo do estado da arte na produção nacional: um meio majoritariamente masculino tanto pelo predomínio de homens na direção e nas funções-chave criativas quanto pela representação (as mulheres, como também no cinema em live action, no Brasil e grande parte do mundo, dificilmente são protagonistas e, ao mesmo tempo, tendem a ser representadas a partir do male gaze³, como objetos do desejo, submissas, ardilosas… apresentam características representativas de uma concepção ainda dominante da mulher).
    Outra reflexão a respeito da representação feminina parte da estruturação da animação como um conteúdo voltado para as crianças. Apesar de a produção voltada para o público adulto destacar-se em países como o Japão, no Brasil, estas animações não atingem a massa, ficando mais restritas ao cenário B – underground ou udigrudi, como alguns animadores brasileiros preferem nomear. Assim, boa parte das representações femininas que chegam ao grande público tratam do universo infantil. Mas e a imagem da mulher adulta, da personagem que foi “destituída da ingenuidade dos tempos de menina”? Não é comum vê-la como sujeito principal de uma trama. Destacam-se então, neste sentido, três curtas-metragens, de animações voltadas para o público adulto, protagonizados por personagens femininas adultas, cujas distâncias temporais apresentam contextos diversos de produção da animação nacional e de discussão das questões de gênero no país, podendo, assim, oferecer uma amostra de como a figura da mulher vem sendo representada na animação nacional: Frivolitá (Luis Seel,1930), Dossiê Rê Bardosa (Cesar Cabral, 2008) e Guida (Rosana Urbes, 2014).

    ¹ Os dados estão em matéria de Rodolfo Vicenti para o portal UOL, na qual aborda o sucesso das animações brasileiras na premiação do Oscar, publicada no dia 24 de janeiro de 2018. Disponível em: . Acesso em: 30 jan. 2018.
    ² Os dados foram divulgados pelo próprio festival. Disponível em: ; e . Acesso em: 30 jan. 2017.
    ³ Forma de retratar o mundo e as mulheres nas artes visuais e na literatura a partir do lugar de fala masculino e heterossexual, criando representações femininas submissas. O conceito tem raízes em ideologias e discursos patriarcais incorporados nos sistemas de crença da cultura ocidental.

Bibliografia

    G.E.M.M.A., A Cara do Cinema Nacional: gênero e cor dos atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros (2002-2012). Textos para discussão GEMAA (IESP-UERJ), n. 6, 2014, pp. 1-25.
    MARCHETTI, Ana Flávia. Trajetória do Cinema de Animação no Brasil. São Paulo: Ed. Do Autor, 2017.

    MORAES, Emanuella R.L. de. As realizadoras mulheres e o cinema contemporâneo. Filme Cultura, n.63, p. 6-11, jan./jul.2018.

    NERY, João Elias. Graúna e Rê Bordosa: o humor gráfico brasileiro de 1970 e 1980. São Paulo: Terras do Sonhar/Edições Pulsar, 2006.

    PASQUINI, Frank. Gender Inequality in Film. New York Film Academy, 25 nov. 2013. Disponível em: . Acesso em: 30 jan. 2018.

    SOBRINHO, Pe. A reformulação da representação das mulheres no cinema independente nacional. Filme Cultura, n.63, p. 26-30, jan./jul.2018. Disponível em: . Acesso em: 31 jan. 2018.