Trabalhos Aprovados 2018

Ficha do Proponente

Proponente

    Flávia Seligman (Unisinos)

Minicurrículo

    Doutora em Cinema pela ECA/USP em 1990 e 2000. Professora do CRAV / UNISINOS. Dirigiu os filmes de curta-metragem PRAZER EM CONHECÊ-LA (1987), MAZEL TOV (1990), O CASO DO LINGUICEIRO (1995), A NOITE DO SENHOR LANARI (2003), O ÚLTIMO CHOCOLATE (Histórias Curtas / RBS TV, 2013), O FUSCA E A DONA HORTÊNCIA (Histórias Curtas / RBS TV, 2014) e os documentários UM DIA NO MERCADO (1998), O POVO DO LIVRO (2001), (2001), ILHAS URBANAS (2005) e CERTOS OLHARES (2008), CLARITA e PORTA RETRATOS (2016)

Ficha do Trabalho

Título

    BRASÍLIA, BRASÍLIA. Dois olhares sobre juventude no cinema brasileiro.

Resumo

    Este trabalho analisa a representação da juventude dos anos 1980 na cidade de Brasília em dois filmes diferentes, um feito no calor da hora , O SONHO NÃO ACABOU (1982, Sérgio Rezende) e o outro feito duas décadas depois e inspirado numa das músicas mais famosas da Banda Legião Urbana, FAROESTE CABOCLO (René Sampaio 2013). Nestas duas representações vamos olhar para a questão do jovem e suas particularidades, seus sonhos, suas expectativas e também suas amarguras como o tráfico de drogas.

Resumo expandido

    Este artigo analisa a representação da juventude dos anos 1980 na cidade de Brasília em dois filmes diferentes, um feito no calor da hora , O SONHO NÃO ACABOU (1982, Sérgio Rezende) e o outro feito mais de duas décadas depois e inspirado na música homônima e uma das mais famosas da Banda Legião Urbana, FAROESTE CABOCLO (René Sampaio 2013).
    Nestas duas representações vamos olhar para a questão do jovem e suas particularidades, seus sonhos, suas expectativas e também suas amarguras como o tráfico de drogas e as desilusões com a cidade planejada par dar certo em todos os sentidos e que acaba, ao invés de libertar, aprisionando seus habitantes.
    O primeiro filme retrata uma geração que se vê livre da ditadura militar e agora tem um país nas mãos para mudar de rumo. Brasília é um microcosmo onde tudo acontece, mas também é um grande centro, criado para isto e concentrando membros de todas as tribos, com seus sonhos, aspirações e desilusões. Após a opressão nos anos 60, uma nova geração de jovens procura escapar do conformismo. Alguns deles experimentam drogas e, eventualmente, fazem parte do tráfico. Cabeças diferentes, realidades diferentes num mesmo cenário. Personagens hippies, estudantes, artistas, playboys e traficantes moradores da cidade satélite que fazem parte de um universo maior do que aquele que foi planejado se misturam e criam o conflito.
    Baseado na canção homônima da banda brasiliense Legião Urbana, representante de uma geração rock’n roll dos anos 1980, o segundo filme conta a história de um retirante do nordeste brasileiro, João de Santo Cristo, preto, pobre e analfabeto, que depois de enfrentar vários problemas na sua região de origem vai para Brasília em busca de uma vida melhor. Lá chegando ele começa a trabalhar com o traficante Pablo, um parente afastado e numa fuga da polícia acaba por conhecer Maria Lúcia, uma universitária típica dos anos oitenta da capital, frequentadora do circuito musical (neste momento a cena rock’n roll entra no filme ligando com história da própria cidade). As festas com muita música e muita droga que também aconteciam na Brasília dos anos oitenta também aparecem num cenário quase documental, retratando uma geração que existiu e resistiu como pôde. Deste cenário emerge outro traficante só que agora burguês chamado Jeremias, que vai se contrapor a Pablo, tornar-se inimigo de João de Santo Cristo e desejar Maria Lúcia, criando assim o conflito da história.
    A ideia deste artigo é comparar estas duas representações, a da geração dos anos 80 filmada nos anos 80 e a desta mesma geração filmada nos anos 2000. O jovem, seus sonhos, a música, a droga, mocinhos e bandidos, tudo enquadrado no cenário da capital do país, a cidade planejada de Brasília. O que muda na percepção sobre Brasília e sobre o jovem nascido e criado dentro dela? Quais são suas principais feridas? O traficante visto pelos olhos dos anos 80, o rapaz pobre morador da periferia que vende droga para frequentar o circuito burguês, o traficante dos anos 2000, dono de um grande esquema que faz girar um circuito birgês para colocar seu produto.
    Confrontando personagens como universitários, playboys e traficantes e, claro, sua interação, vamos traçando um cenário da juventude brasiliense, seus anseios e seus limites. As diferenças de olhares que quase trinta anos vão provocar na história do país.

Bibliografia

    1. PRYSTHON, Ângela. CIDADES VISÍVEIS: FRAGMENTOS DA VIDA URBANA BRASILEIRA EM CINEMA E TV CONTEMPORÂNEOS. Comunicação, mídia e consumo São Paulo vol. 4 n. 10 p. 11 – 22 jul. 2007.
    2. ALEXANDRE, Ricardo. DIAS DE LUTA: O ROCK E O BRASIL DOS ANOS 80. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2013.
    3. MATIAS, Alexandre, Brasília 1983, por Hermano Vianna Blog TRABALHO SUJO – http://trabalhosujo.com.br/brasilia-1983-por-hermano-vianna/ Acessado em 15/02/2018.
    4. BUENO, Zuleika de Paula. Leia o livro, veja o filme, compre o disco: a produção
    cinematográfica juvenil brasileira na década de 1980. Tese (Doutorado em Multimeios)
    Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, 2005.
    5. CARVALHO, Márcia. A canção popular na história do cinema brasileiro. Tese (Doutorado em Multimeios)
    Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, 2009.