Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Beatriz Morgado de Queiroz (VIS IDA UNB)

Minicurrículo

    Professora Adjunta do Departamento de Artes Visuais, do Instituto de Artes da Universidade de Brasília, onde leciona as disciplinas videoarte e arte eletrônica. Coordenadora do MediaLab UnB. Pós-doutora, com bolsa CAPES, e Doutora pelo PPGCOM UFRJ, na linha Tecnologias da Comunicação e Estéticas, com bolsa CNPq. Realizou estágio de doutorado-sanduíche na University of Essex, na Inglaterra, com bolsa FAPERJ.

Ficha do Trabalho

Título

    Leona Vingativa: histórias cuir da videoarte

Resumo

    Acolhida no elástico abrigo experimental da Tenda Cuir que será erguida em solo amazônico, proponho uma conversa-acontecimento com a artista paraense Leona Vingativa sobre o lugar do vídeo em sua produção artística. Deste modo, buscaremos questionar a historiografia oficial do videoarte no Brasil, a partir de um olhar que incorpore tanto os estudos ampliados sobre audiovisual quanto as estéticas “cuir” e periféricas.

Resumo expandido

    Acolhida no elástico abrigo experimental da Tenda Cuir que será erguida em solo amazônico, proponho uma conversa-acontecimento com a artista paraense Leona Vingativa sobre o lugar do vídeo em sua produção artística. Deste modo, buscaremos questionar a historiografia oficial do videoarte no Brasil, a partir de um olhar que incorpore tanto os estudos ampliados sobre audiovisual quanto as estéticas “cuir” e periféricas.

    O vídeo é a mídia que atravessa a trajetória de Leona como artista e pela qual desenvolveu sua linguagem na arte. Aos 11 anos, a artista inventava mundos em seu quarto com o auxílio de uma simples câmera de celular emprestada e nenhum orçamento. Tratava-se da mini-série “Leona Assassina Vingativa”, publicada no Youtube, em 2009, que viralizou na internet, tornando essa criança “viada”, debochada e preta conhecida além do bairro de Jurunas, na periferia de Belém.

    Adulta, Leona se tornou uma artista transsexual que atua como cantora e atriz, conhecida pelos por seus inusitados videoclipes, marcados por críticas sociais, deboche e performances espontâneas em espaços públicos. A artista paraense produz imagens que tiram partido da adversidade e da invenção, trabalhando com um repertório decolonial, roteiros autorais e abertos aos acontecimentos, construção e descontrução de personagens e com o convite à participação coletiva (especialmente de outras transsexuais).

    Embora não se apresente como uma videoartista, sua produção audiovisual serve de dispositivo que nos ajuda a pensar as tecnoimagens a partir de uma perspectiva cuir e decolonial. Fora dos cânones da história oficial e internacional, combina elementos do vídeo à performance, performatividade e política do corpo.

    Foram poucas as iniciativas no sistema institucional da arte contemporânea que destacaram sua produção, assim como são poucas as análises críticas e acadêmicas sobre sua obra. Afinal, a quem interessam as fronteiras que colocam em mundos separados um videoclipe de Leona que circula na internet, de forma mais popular e acessível, de uma videoarte exposta em uma galeria de arte contemporânea?

    Propomos uma escuta sensível, afetiva e atenta às construções estéticas que atravessam essas videografias pela voz da própria autora. Vamos levar a sério o deboche de Leona para iluminar suas contribuições para um história desviante da videoarte nos Brasis.

    CHAMA O TÁXI QUE EU TO INDO PRA JURUNAS AGORA!

Bibliografia

    ALVES, Á. A. A liberdade de Vingativa: performance, performatividade e gesto. 146p. Dissertação de Mestrado em Comunicação Social. PPGCOM/UFMG. Belo Horizonte, 2019.
    ANDRADE, Álvaro. Leona Vingativa: explicitamente política. Publicado no site do grupo Poéticas da Experiência / UFMG, 2020.
    DUARTE FILHO, R. Leona Assassina Vingativa: bichas astuciosas e malandragem queer. Imagofagia: revista de la Asociación Argentina de Estudios de Cine y Audiovisual, n. 18, p. 85-109, 2018.
    MUNIZ, Leandro. Leona Vingativa: narrativas contra-hegemônicas e viralização. in Revista SELECT, 2021.
    NAVA, Plynio; SANTOS, Claudiene e ZURIÁN, Francisco Adelino. Poética Audiovisual da Precariedade: uma análise da websérie Leona Vingativa. In Aniki vol. 8, n. 1 (2021): 27-54.
    RODRIGUES, A; FERREIRA, S. R. S.; ZAMBONI, J. A potência do precário: restos curriculares em Leona Assassina Vingativa. Revista PerCursos, v. 14, n. 27, p. 304–323, 2013.
    STEYERL, Hito. Em defesa da imagem ruim. In: Revista Serrote, 2015.