Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Beatriz Saldanha (UAM)

Minicurrículo

    Pesquisadora, curadora e crítica de cinema cearense radicada em São Paulo, é doutoranda e mestre em Comunicação Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi com período sanduíche na Sorbonne Université (Paris). Realizou em 2025, através do CCBB, a retrospectiva Mestras do Macabro com 28 filmes dirigidos por mulheres. Integrou de 2022 a 2023 o Doing’s Women Global Horror Film History. Publicou em 2019 um capítulo sobre as diretoras brasileiras de horror no livro Mulheres atrás das câmera.

Ficha do Trabalho

Título

    Mulheres-pássaro e patriarcado no exploitation de horror de Rosângela Maldonado e Jesus Franco

Seminário

    Estudos do Insólito e do Horror no Audiovisual

Resumo

    O presente trabalho propõe uma análise comparativa dos filmes de exploitation de horror A Mulher que Põe a Pomba no Ar (1978), da brasileira Rosângela Maldonado, e La Maldición de Frankenstein (1973), do espanhol Jesus Franco. Ambos os filmes trazem mulheres-pássaro como criações científicas e representam através dessas mulheres o medo da emancipação feminina e a manutenção do status quo.

Resumo expandido

    Rosângela Maldonado foi uma atriz, vedete e cineasta brasileira, tendo realizado na década de 1970 dois entre os doze filmes dirigidos por mulheres naquela década. Ambos os filmes são sexploitation e se categorizam como “cinema de gênero”, uma mistura de horror, ficção científica, fantasia e comédia. Em “A mulher que põe a pomba no ar” (1978), Rosângela Maldonado interpreta uma cientista que, cansada da infidelidade dos homens, desenvolve em seu laboratório mulheres-pomba para atacar os maridos infiéis e suas amantes no meio do ato sexual. Na mesma década, o já prolífico cineasta espanhol Jesus Franco também dedicava sua carreira aos filmes de gênero e sexploitation. Em “La maldición de Frankenstein” (1973), uma releitura da obra de Mary Shelley, Jesus Franco traz duas figuras em comum com o filme de Rosângela Maldonado: a mulher cientista, filha do Dr. Frankenstein, e a mulher-pássaro, também uma criação da ciência, que funciona aqui como uma espécie de assistente para Cagliostro em sua busca por uma raça perfeita. O objetivo deste trabalho é traçar um paralelo entre as obras de Rosângela Maldonado e Jesus Franco, desenhando um panorama das mulheres-pássaro na mitologia até chegar à discussão das mulheres metamorfas no cinema de horror. Queremos compreender o que essas personagens apresentam em comum, suas diferenças e o suas implicações sobre o contexto sociopolítico e cultural das mulheres em ambos os países na década de 1970. Ambas são muito conectadas às suas figuras patriarcais: Vera Frankenstein a seu pai e Melissa a Cagliostro, seu criador. Ambos são homens capazes de gerar a vida e Melissa se empenha para a manutenção de Cagliostro como criador. Ambos os filmes refletem os medos da emancipação feminina e reforçam estruturas patriarcais. No caso do filme de Franco, o medo da perda da força paterna e da dissolução da família nuclear e, no caso do filme de Maldonado, o medo do divórcio e, igualmente, da dissolução das famílias. As mulheres-pássaro em ambos os filmes foram criadas, manipuladas e existem em função da manutenção dessas estruturas clássicas de poder.

Bibliografia

    CREED, Bárbara. Return of the monstrous-feminine: feminist new wave cinema. Taylor & Francis, 2022.

    DRAYCOTT, Catherine Mary. Bird-women on the Harpy Monument from Xanthos, Lycia: sirens or harpies. In: Kurtz, D. (ed.) Essays in Classical Archaeology for Eleni Hatzivassiliou 1977-2007. Oxford: Archaeopress, 2008.

    VEIGA, Sonia Regina Biscaia. Mujeres-pájaro, entre aletear y el caminar: la representación y transformación de las mujeres en narrativas orales, 2021. Disponível em: https://periodicos.univille.br/RCC/article/view/791/696