Ficha do Proponente
Proponente
- Drika de Oliveira [Adriana de Oliveira Carneiro Lima] (UFF – Cinemateca MAM)
Minicurrículo
- Coordenadora de Acervos Fílmicos na Cinemateca do MAM Rio, mestranda em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal Fluminense, membra do Comitê Executivo da FIAF (Federação Internacional dos Arquivos de Filme).
Ficha do Trabalho
Título
- Mapa introdutório de profissionais mulheres na história da Cinemateca do MAM Rio
Eixo Temático
- ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS
Resumo
- Propõe-se analisar arquivos audiovisuais gerados no projeto “Ouvindo Histórias”, da Cinemateca do MAM Rio, para construir um mapa introdutório de profissionais mulheres na história da instituição. Entre elas, são citadas Edna Palatnik, Eleonora Gomma, Lótus Dutra de Oliveira, Lucila Avelar, Juçara Palmeira, Susana Schild, Ines Aisengart. O movimento é motivado pela falta de registros sobre essas profissionais e pelo lugar que ocupo hoje na Cinemateca, enquanto Coordenadora de Acervos Fílmicos.
Resumo expandido
- A criação da Cinemateca do MAM estava prevista desde a fundação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1948. Ou seja, formalmente, a instituição completa, em 2025, seus 77 anos. Apesar do longo tempo de existência e das inestimáveis contribuições da Cinemateca para a preservação do patrimônio audiovisual brasileiro, pouco se fala das pessoas que tornaram possível a própria instituição – seus funcionários. Em especial, fala-se menos ainda das mulheres que fizeram parte da força de trabalho ao longo das mais de sete décadas.
Historicamente sabe-se que um abrangente sistema patriarcal trabalha, em diversas áreas das atividades humanas, para o apagamento feminino dos registros oficiais. É um processo longo, complexo e que certamente não diz respeito somente ao campo da preservação audiovisual. Partindo dessa lacuna, a presente comunicação realiza um contra-movimento: o de traçar, a partir de arquivos audiovisuais do projeto “Ouvindo Histórias”, um mapa introdutório de nomes femininos que fizeram parte da história da Cinemateca do MAM Rio. Não se pretende, certamente, um mapa exaustivo, mas sim um gesto inicial. Também não se trata de uma revisão historiográfica detalhada da biografia das mulheres que fizeram parte da Cinemateca do MAM Rio. Trata-se, sim, de apresentar um estudo panorâmico sobre alguns nomes que atravessaram épocas distintas da instituição, indicando brevemente sua contribuição à Cinemateca e observando seu contexto de trabalho a partir de depoimentos cedidos por essas pessoas e de documentação complementar.
Em 2020, ao trabalhar como diretora de fotografia do “Ouvindo histórias”, um projeto de história oral com ex-funcionários da Cinemateca MAM Rio, conheci Lucila Avelar, primeira secretária de Cosme Alves Netto, o diretor mais longevo e certamente o nome mais emblemático da história da Cinemateca (1965-1985). Conhecer Lucila pessoalmente, de quem até então nunca tinha ouvido falar, foi o ponto de partida para a pesquisa de mestrado em andamento, e portanto também desta comunicação. O projeto, idealizado pelo diretor da Cinemateca, Hernani Heffner, foi inicialmente a gravação de 8 entrevistas com ex-funcionários da Cinemateca. Em 2023, o “Ouvindo histórias” foi retomado já com enfoque em profissionais mulheres, a partir de uma apresentação sobre profissionais mulheres da Cinemateca, realizada no Congresso da Federação Internacional dos Arquivos de Filme de 2023, na Cidade do México – movimento que deu início à minha pesquisa de mestrado. O que proponho aqui é uma análise de parte do material audiovisual resultante até aqui.
O encontro com essas histórias revelou um forte potencial para uma compreensão mais profunda e detalhada dos diversos contextos da Cinemateca do MAM Rio ao longo dos anos. E, na medida em que eu mesma atuo na instituição como profissional mulher, formalmente desde 2022, o enfoque na participação feminina se tornou fundamental para compreender o meu próprio lugar de trabalho.
Nesse sentido, esta comunicação se baseará na análise dos conteúdos e das imagens das entrevistas para o “Ouvindo História” para a construção inicial disto que chamo de mapa, isto é, de uma listagem com nome, sobrenome, ocupação e tempo de trabalho na Cinemateca, junto a uma breve descrição de contribuições relevantes à instituição (não necessariamente por meio dos “grandes feitos”, típicos do modelo historiográfico patriarcal, mas também com a simples menção das tarefas desempenhadas, quando for o caso).
Algumas das mulheres abordadas serão: Edna Palatnik, que trabalhou aos seus 15 anos de idade na Cinemateca, em 1964; Eleonora Gomma, secretária de Sérgio Sanz, em 1964; Lótus Dutra de Oliveira, secretária de Cosme Alves Netto entre 1964 e 1969; Lucila Avelar, secretária de Cosme Alves Netto entre 1970 a 1985; Juçara Palmeira, arquivista entre 1989 a 2000; Susana Schild, uma das três mulheres diretoras da Cinemateca, de 1993 a 1997, Ines Aisengart, preservadora audiovisual, entre 2001 e 2002 e 2006.
Bibliografia
- COELHO, Maria Fernanda Curado. A experiência brasileira na conservação de acervos audiovisuais: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação, ECA, USP, 2009.
NÚÑEZ, Fabián. Reflexões sobre a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro na virada dos anos 1960 aos 1970. Significação – revista de cultura audiovisual, São Paulo, v. 45, n. 50, jul.-dez. 2018, pp. 143-158.
PERROT, Michelle. Práticas da memória feminina. Revista Brasileira de História, v. 9,
n.18, 1989, pp. 9-18.
PERROT, Michelle. (1998). As mulheres ou os silêncios da história. Bauru: Editora EDUSC, 2005.