Ficha do Proponente
Proponente
- Sávio Luis Stoco (UFPA)
Minicurrículo
- Professor da Universidade Federal do Pará – UFPA. Lotado no Instituto de Ciências da Arte (ICA), na Faculdade de Artes Visuais (FAV), no curso de Artes Visuais. Docente efetivo no Programa de Pós-Graduação em Artes/UFPA. Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes-USP. Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes-Unicamp. Pesquisa no campo da História da Arte na Amazônia.
Ficha do Trabalho
Título
- Cinema Olympia (1912) de Belém: autoria arquitetônica no contexto do Parque de Diversões João Coelho
Resumo
- Esta pesquisa levantará uma hipótese de autoria (atualmente desconhecida) para a arquitetura do prédio original do Cinema Olympia de Belém, um Patrimônio Cultural e Histórico Municipal (2012). Será embasada documentalmente por indícios contextuais e de proximidades estéticas de projetos de salas cinematográficas e de projetos de outras tipologias desenvolvidas pelo engenheiro arquiteto italiano Filinto Santoro. Irá inserir o Olympia no projeto do parque de diversões João Coelho (Pra. República).
Resumo expandido
- O Cinema Olympia de Belém-PA foi inaugurado em 1912 pela firma Teixeira & Martins. Em 1946 a empresa Severiano Ribeiro adquiriu-o, e, após muitas décadas de funcionamento, anunciou o seu fechamento em 2006. Uma manifestação da comunidade belenense surtiu efeito junto à opinião pública e o prefeito Duciomar Costa passou a alugar o espaço, tornando-o parte dos equipamentos culturais municipais. Em 2012, essa sala foi declarada Patrimônio Cultural e Histórico pela Prefeitura Municipal de Belém (Lei Ordinária 8907/2012). Atualmente, no bojo da campanha do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) de candidatura dos Teatros da Amazônia (Theatro da Paz, Belém; e Teatro Amazonas, Manaus) enquanto Patrimônio Mundial da Unesco, o Cinema Olympia é entendido como parte importante do conjunto de bens e manifestações sociais no entorno da Praça da República, integrada à vida do teatro belenense. Portanto, fica nítido que se trata de um patrimônio de vulto não apenas local e que demanda aprofundamento de pesquisas quanto a sua história.
Uma reforma de revitalização e readequação iniciada no Cinema Olympia, em 2024, está prevista para ser concluída em 2025 com a decisão de restabelecimento da fachada original de 1912 (totalmente modificada por volta da década de 1940). A arquitetura original desse cinema da Belle Époque é consideravelmente popular, divulgada por fotografias publicadas com destaque no livro “Cinema no Tucupi” (Veriano, 1999) e sua história e memórias adensadas na publicação “Cinema Olympia: cem anos da história social de Belém (1912-2012)” (Veriano, Álvarez, 2012). Mas que outras histórias guardam o projeto original arquitetônico que em breve será retomado?
Esta pesquisa levantará uma hipótese de atribuição de autoria para arquitetura do prédio original – até então desconsiderada -, embasada documentalmente, por indícios contextuais e de proximidades estéticas de projetos de salas cinematográficas, antecedentes e posteriores ao Cinema Olympia, e de projetos de outras tipologias desenvolvidas pelo engenheiro arquiteto italiano Filinto Santoro. Este construtor e projetista trilhou uma carreira ascendente, desde sua chegada ao Brasil em 1889, primeiramente com passagens nos estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo. A partir de 1900 mudou-se para a região amazônica, onde viveu e trabalhou cerca de 15 anos, primeiramente em Manaus e depois em Belém, onde obteve contratos e concessões de prédios de grande envergadura, como o Colégio Gentil Bittencourt (1906) e o Mercado de São Braz (1911), na capital paraense, e o Mercado Municipal Adolpho Lisboa, na capital amazonense. Bem como, buscarei inserir a inauguração do Cinema Olympia no contexto do projeto do Parque João Coelho. Este nome foi temporariamente utilizado para designar o Largo da Pólvora (atual Praça da República) e que visava concentrar diversões, tais como cafés cantantes, restaurantes, hotéis, teatros e cinemas, entre outras diversões, aos moldes do Luna Park (1909), parque francês. Tamanha concentração de atrações dava-se pela geografia central do Parque João Coelho, bem como pelos equipamentos urbanos, tais como ruas e passeios calçados, linhas de bonde, fábricas, farmácias, escolas e praças públicas. Estas são características gerais de outras iniciativas cinematográficas e de outras naturezas em demais capitais brasileiras (SOUZA, 2016).
Metodologicamente, esta pesquisa analisará historicamente fontes diversificadas, textuais e visuais. Insere-se no campo interdisciplinar da Nova História do Cinema que busca atentar para aspectos socioculturais diversos, tais como as histórias das salas de cinema, desfocando a tradicional atenção dada aos filmes pelos Estudos Cinematográficos. Aliamo-nos, também, aos estudos em História da Arte, particularmente no tocante à História da Arquitetura ao pretendermos comentar esteticamente o desenho do prédio original do Cinema Olympia em cotejo com demais cinemas de Santoro.
Bibliografia
- ABEL, Richard. Americanizando o filme: ensaios de história social e cultural do cinema. São Paulo, SP: Cinemateca Brasileira, 2013.
ANDREW, Dudley. Film and Society: Public Rituals and Private Space. In East West Film Journal 1. n. 1 (1988), p.7-22.
CHARNEY, Leo & SCHWARTZ, Vanessa. O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2010,
DERENJI, Jussara. Arquitetura nortista: a presença italiana no início do século XX. Manaus: SEC, 1998.
MUSSER, Charles. Historiographic Method and the Study of Early Cinema. In: Cinema Journal, Vol. 44, No. 1, 2004.
SOUZA, José Inácio de Melo. Salas de cinema e história urbana de. São Paulo (1895-1930): o cinema dos engenheiros, São Paulo: Editora. Senac, 2016.
VERIANO, Pedro. Cinema no Tucupi. Belém: Secult, 1999.
__________ e ÁLVAREZ, Luzia M. (org.). Cinema Olympia: 100 de história
social em Belém. Belém: GEPEM, 2012.