Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Luana Almeida (Unifesp)

Minicurrículo

    Mestranda do PPG em Ciências Sociais da Unifesp.

Ficha do Trabalho

Título

    Construções e reconstruções de autoria feminina no cinema sob a Ditadura brasileira

Eixo Temático

    ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS

Resumo

    Esta proposta de comunicação busca analisar como algumas cineastas, nas décadas de 1970 e 1980, reconstruíram em tela experiências cotidianas, violências e resistências no contexto da ditadura brasileira, em diálogo com a reemergência do feminismo. A partir dos filmes Creche-Lar, Trabalhadoras Metalúrgicas e Mar de Rosas buscamos entender como a construção fílmica de autoria feminina pode nos apresentar um Brasil “outro”.

Resumo expandido

    Esta proposta se propõe a refletir sobre como determinados curtas-metragens e um longa-metragem realizados por mulheres nas décadas de 1970 e 1980 nos permitem compreender aspectos do contexto ditatorial brasileiro e da reemergência de um feminismo situado e plural. O feminismo ressurge no Brasil na década de 1970 (Sarti, 2001) sob a repressão do regime militar, mas também impulsionado por transformações sociais globais, como as consequências do Maio de 1968 e as movimentações culturais do pós-1960. No entanto, a conformação do movimento feminista no Brasil ocorre também a partir das especificidades de um país marcado pela desigualdade social que acaba por marcar feminismos diversos, heterogêneos e profundamente enraizados em lutas locais.
    Neste trabalho, propomos uma leitura dos curtas Creche-Lar (Maria Luiza d’Aboim, 1978) Trabalhadoras Metalúrgicas (Olga Futemma & Renato Tapajós, 1978) e Mar de rosas (Ana Carolina, 1977), compreendendo-os através do conceito de transposição social (Sorlin, 1985). Ao utilizar o termo “mulheres”, utilizamos a concepção de sujeito político e social proposto por Teresa de Lauretis (1992), entendendo-o como uma abstração que não se confunde com as mulheres históricas reais, mas que possibilita demarcar posições no campo cultural.
    Com isso, tal comunicação busca compreender como esses filmes elaboraram formas de resistência estética e política que se expressaram nas narrativas, nos enquadramentos e na construção de olhares femininos em meio à repressão. Interessa-nos, portanto, investigar de que maneira esses curtas e longa reconstroem na tela percepções particulares e específicas sobre as experiências cotidianas, violências institucionalizadas e possibilidades de subversão em um Brasil autoritário — e como essas imagens, produzidas por mulheres, contribuem para pensar a articulação entre cinema e feminismo no contexto da ditadura.

Bibliografia

    LAURETIS, Teresa De. Alice Ya no: Feminismo, semiótica, cine. Ediciones Catedra, S.A., Madrid, 1992.
    LAURETIS, Teresa De. A tecnologia do gênero.Tradução de Suzana Funck. In. Tendências e impasses: O feminismo como crítica da cultura/organização de Heloisa Buarque de Holanda. Rio de Janeiro. Rocco, 1994.
    LAURETIS, Teresa De. Aesthetic and Feminist Theory: Rethinking Women’s Cinema. New German Critique, No. 34 (Winter, 1985), pp. 154-175.
    SARTI, Cynthia A. Feminismo e contexto: lições do caso brasileiro. cadernos pagu (16) 2001: pp.31-48.
    SARTI, Cynthia A. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória. Estudos Feministas, Florianópolis, 12(2): 264, maio-agosto/2004
    SORLIN, Pierre. Sociología del cine: La apertura para La historia de mañana. Fondo de cultura económica, México, 1985.