Ficha do Proponente
Proponente
- Laís Lima Pinho (UFSCar)
Minicurrículo
- Laís Lima Pinho é doutoranda e mestra pela Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos. Bacharela em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Na área do audiovisual atua como diretora, editora e curadora de mostras e festivais. No cinema documentário encontrou a sua voz para realizações sobre o Recôncavo, seu povo e a sua cultura. Assina a direção dos fillmes YABÄS, Bembé em tempo de pandemia e Pai Pote, o filho de Ogum.
Ficha do Trabalho
Título
- Na tela da TV
Resumo
- O presente trabalho se dedica a investigar e refletir sobre as mudanças que vêm acontecendo no cenário brasileiro do audiovisual, especialmente na televisão brasileira, sobre a representação do negro na televisão especificamente das mulheres negras. E como hoje em dia é possível mulheres negras contarem suas próprias histórias em grandes conglomerados de mídia do audiovisual como a Rede Globo. Tendo como objeto desta reflexão a série “História (Im)Possíveis”, criada por três mulheres negras.
Resumo expandido
- São mais de 20 anos desde que o autor brasileiro Joel Zito Araújo compartilhou conosco suas inquietações sobre o negro na televisão brasileira. Até muito pouco tempo atrás, cabiam aos negros papeis secundários e de subjugação tais como famílias periféricas, empregados e representações de negros escravizados.
Nos últimos 25 anos temos sido testemunhas de importantes mudanças no setor audiovisual no nosso cenário nacional. No segundo semestre de 2024, pela primeira vez durante o horário nobre, a Rede Globo em suas principais novelas, conta histórias protagonizadas por personagens femininas negras. O protagonismo negro não está somente nos personagens das novelas. Há muito pouco tempo atrás, para pessoas negras contar a sua própria história era algo inimaginável mas nos últimos anos contar as próprias histórias em ambientes da grande mídia como a Rede Globo tem se tornado algo factível. Consideramos a televisão um espaço mais aberto ao trabalho feminino, não que este seja mais fácil, mas podemos considerá-lo um terreno fértil, propício a dar excelentes frutos. As recentes produções encabeçadas por mulheres tem se tornado exemplo disso pelo sucesso de público alcançado, por atender demandas que até pouco tempo não tinham espaço no âmbito do cinema e audiovisual. O empoderamento das mulheres lhes propicia caminhar por outras áreas dentro do cinema e audiovisual. O engajamento dessas mulheres em tentar mudar a realidade das mulheres no campo do cinema e audiovisual possibilitando a outras mulheres o empoderamento e formação no ofício do audiovisual é um pequeno passo no curso de mudança da situação histórica das mulheres na área. A criação de rede de apoio e fortalecimento do trabalho feminino é o começo para a mudança na nossa cultura da qual falou a autora Chimamanda Ngozi Adiche (2015): “Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar a nossa cultura.”. Em 2023, a Rede Globo lançou o projeto “Histórias (Im)Possíveis”, que é uma série antológica e conta com cinco episódios: Falas femininas: Mancha; Falas da terra: Pintadas; Falas de orgulho: Sísmicas; Falas da vida: Acesso; e Falas negras: Levante. O projeto foi criado por três mulheres negras, são elas: Grace Passô, Jaqueline Souza e Renata Martins. O presente trabalho se dedica a investigar e refletir sobre as mudanças que vêm acontecendo no cenário brasileiro do audiovisual, especialmente na televisão brasileira, sobre a representação do negro na televisão especificamente das mulheres negras. E também como hoje em dia é possível mulheres negras contarem suas próprias histórias em grandes conglomerados de mídia do audiovisual como a Rede Globo. Tendo como objeto desta reflexão a série “História (Im)Possíveis”, criada por três mulheres negras: Grace Passô, Jaqueline Souza e Renata Martins. Ressaltamos aqui que os episódios da série também foram dirigidos por mulheres negras, como é o caso do episódio “Falas femininas: Mancha”, o primeiro episódio da série que foi dirigida pela cineasta Everlane Moraes. A nós, nos interessa entender e refletir o atual lugar da comunidade negra na televisão brasileira, uma vez que estamos ocupando cada vez mais espaço dentro da televisão, no caso da Rede Globo e suas novelas e séries.
Bibliografia
- ARAÚJO, Joel Zito.. (2000b), A negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira. São Paulo, Editora Senac; ARAÚJO, Joel Zito. (2000a), “Identidade racial e estereótipos sobre o negro na TV brasileira”, in L. Huntley e A. S. A. Guimarães (orgs.), Tirando a máscara: ensaios sobre o racismo no Brasil, São Paulo, Paz e Terra.; HOOKS, bell. Olhares Negros: Raça e representação. Tradução de Stephanie Borges. 1a edição. São Paulo: Elefante, 2019; RODRIGUES, João Carlos. O Negro Brasileiro e o Cinema. 1a edição, Rio de Janeiro: Globo, 1988.