Ficha do Proponente
Proponente
- Samir Saraiva Cheida (PUC-SP)
Minicurrículo
- Samir Cheida é formado em Audiovisual pela ECA-USP. Possui especialização em roteiro para cinema e tv pela FAAP. É doutor em comunicação e semiótica pela PUC-SP, dentro da linha de processos de criação na comunicação e cultura . Sua tese de doutorado defendida em 2024, sob orientação de Cecilia Salles, investigou as salas de roteiro brasileiras, e como o modo norte-americano de produção se adaptou ao contexto nacional. É roteirista e montador com experiência em diversos projetos.
Ficha do Trabalho
Título
- A sala de roteiro brasileira: um modo de criação híbrido para a televisão contemporânea
Resumo
- A proposta é investigar os processos de criação audiovisual. De maneira específica, a sala de roteiro brasileira. Com a difusão de serviços de streaming, roteiristas foram estimulados a utilizar o método norte-americano de escrita. Entretanto o Brasil tem uma tradição de criação audiovisual, seja na redação de novelas seja na produção de filmes que seguem preceitos do cinema de autor. Quais procedimentos surgem neste contexto é a pergunta principal desta investigação
Resumo expandido
- A proposta desta comunicação se baseia em uma pesquisa que investiga os processos de criação da produção audiovisual brasileira contemporânea. De maneira específica, foca em um modo de organização da produção, a sala de roteiro. Com a difusão de serviços de streaming e uma crescente demanda por séries no Brasil, produtores e roteiristas foram estimulados a utilizar o método norte-americano para escrita de narrativas, nos Estados Unidos chamada de Writer’s Room. A sala de roteiro é um método com hierarquia marcada e com uma figura preponderante no processo de decisão, o showrunner. Entretanto, o Brasil tem uma tradição na produção de televisão e cinema. Por um lado, a novela, o melodrama televisivo, continua sendo um dos programas mais assistidos do país, e possui um método próprio de criação da narrativa. Por outro lado, em parte dos filmes e séries realizadas no país, a forma de condução dos projetos é marcada pelo cinema de autor, uma derivação brasileira da política dos autores da Cahier Du Cinéma. Além disso, a sala brasileira possui uma forte interferência dos executivos das plataformas de streaming e dos interesses da produtora que abriga a sala de roteiro. Quais histórias e quais linguagens são resultado dessas combinações são as perguntas que essa investigação faz. Para isso, o foco da pesquisa irá se dirigir para séries como Rota 66 (2022), criada por Maria Camargo e Teodoro Poppovic, O Rei da TV (2022), criada Marcus Baldini, André Barcinski e Ricardo Grynszpan, Cangaço Novo (2023) criada por Mariana Bardan e Eduardo Melo. São objetos que, de alguma forma, conviveram, em seus processos de criação, com a combinação de diferentes métodos, diferentes tradições, formando uma sala de roteiro híbrida. Como fundamentação teórica, a pesquisa mobiliza os conceitos de crítica do processo de Cecilia Salles. Ao analisar como se desenvolveu a concepção das narrativas audiovisuais, poderemos verificar se, assim como nos traz a pesquisadora, o processo de criação se faz em rede e é consequência da interação entre os projetos pessoais dos diversos membros da equipe. Além disso, a pesquisa dialoga com a história do audiovisual brasileiro, e as reflexões de teóricos como Esther Hamburger e Jean-Claude Bernardet sobre a televisão e o cinema nacional são importantes pontos de apoio para a análise da forma como a produção dos roteiros das séries se organizou no país. Assim, ao trazer para o diálogo as aferições desta pesquisa, o objetivo desta proposta é ampliar o debate sobre o tema e investigar como a sala de roteiro brasileira se atualiza no atual contexto do audiovisual contemporâneo.
Bibliografia
- BERNARDET, Jean-Claude; REIS, Francis V. O autor no cinema – a política dos autores: França, Brasil – anos 1950 e 1960. 2. ed. São Paulo: Ed. SESC, 2018.
DE MASI, Domenico. Criatividade e Grupos Criativos. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2005.
HAMBURGER, Esther. O Brasil antenado – a sociedade da novela. São Paulo: Jorge Zahar, 2005.
JENKINS, H. Cultura da Convergência. São Paulo: Ed. Aleph, 2009.
KALLAS, Christina. Na Sala de Roteiristas: conversando com os autores de Friends, Família Soprano, Mad Men, Game of Thrones e outras séries que mudaram a TV. Rio de Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
SALLES, C. A. Redes da criação – construção da obra de arte. 2. ed. São Paulo: Ed. Horizonte, 2006.
SALLES, C. A. Processos de criação em grupos – diálogos. São Paulo: Ed. Estação das Letras e Cores, 2017.