Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Marcel Vieira Barreto Silva (UFPB)

Minicurrículo

    Marcel Vieira é professor do curso de Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba. Atualmente, é bolsista de Produtividade PQ-2 do CNPq, com projeto sobre a história do roteiro no Brasil. Coordena o GRUFICS – Grupo de Produção e Pesquisa em Ficção Seriada. É também roteirista, escritor e realizador.

Ficha do Trabalho

Título

    Políticas de fomento à etapa do desenvolvimento de roteiro

Resumo

    O estudo do roteiro tem se consolidado como objeto analítico, sobretudo a partir de abordagens sobre práticas e processos criativos. Porém, são raras as análises que pesquisam as condições sócio-históricas da profissão, especialmente no Brasil. Diante disso, este artigo mapeia os editais de fomento ao roteiro entre 2013 e 2023, reunindo dados que permitam comparar estratégias, formatos e desigualdades regionais. Assim, buscamos contribuir para o debate sobre o desenvolvimento de roteiro no país.

Resumo expandido

    O campo de estudos do roteiro tem contribuído, nos últimos anos, para a compreensão da escrita audiovisual enquanto fenômeno sócio-histórico da cultura, através de um olhar mais atento às práticas e aos processos criativos em diferentes contextos de produção. Isso se confirma através da consolidação de espaços acadêmicos para o debate específico (como seminário, grupos de trabalhos, conferências, congressos e associações), além da crescente publicação, em artigos, capítulos e livros, que ampliam o foco da análise poética ou estilística, em direção a abordagens históricas, sociológicas, políticas e econômicas.

    Apesar disso, ainda são poucos os estudos recentes que se debruçam sobre as condições sócio-históricas de constituição do campo profissional dos roteiristas, através da observação detida dos aspectos legais, laborais, sindicais e empresariais que envolvem o trabalho de escrita audiovisual. No caso brasileiro, esse cenário compreende falta de regulação e direitos, precarização das condições de trabalho, dificuldade de representação sindical e ausência de políticas estruturantes de fomento ao setor.

    Esta apresentação, portanto, tem o objetivo de levantar uma cartografia das formas de fomento à etapa de desenvolvimento dos roteiros (de filmes e séries), contando o período de 2013 (ano do primeiro edital de desenvolvimento do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA) até 2023, ano de publicação dos editais da Lei Paulo Gustavo (LPG). Metodologicamente, levantaremos todos os editais de desenvolvimento realizados pela Ancine através do FSA (Prodav 03, 04, 05 e 13), os editais regionais de estados e capitais (seja através de Arranjos Regionais, Coinvestimento Regional ou de investimentos próprios), incluindo aí os editais da primeira Lei Aldir Blanc (2021) e os editais da LPG.

    Após esse levantamento, montaremos um banco de dados orientado pelas seguintes categorias:

    1) Nome do Proponente;
    2) Tipo de Proponente (pessoa física ou pessoa jurídica, MEI, ME, EIRELI, associação cultural sem fins lucrativos);
    3) Estado;
    4) Município;
    5) Nome do Projeto;
    6) Gênero (Ficção, Documentário, Animação);
    7) Formato (Filme de Curta-Metragem, Filme de Longa-Metragem, Telefilme, Minissérie, Série);
    8) Valor do investimento.

    Com esse banco de dados, nosso objetivo é compreender as diferentes estratégias de fomento ao desenvolvimento dos roteiros, através dos editais, comparando valores, formatos e gêneros, e compondo um quadro de referência que, posteriormente, pode servir de guia para a análise da efetividade das políticas de desenvolvimento, avaliando a relação entre desenvolvimento e produção, a constituição de empresas com perfil vocacionado ao roteiro, e as eventuais distorções regionais no investimento em desenvolvimento.

    Com isso, pretendemos levantar dados empíricos, baseados em evidências, a fim de alimentar o debate público sobre a importância do fomento ao desenvolvimento de roteiros na cadeia produtiva do audiovisual, considerando a sua especificidade, a sua natureza formativa e a complexa relação entre desenvolvimento X produção que, muitas vezes, orienta o debate a avaliações proporcionais rasas.

Bibliografia

    MELO, L. A. R. Alinor Azevedo e o cinema carioca. Belo Horizonte, MG: Editora da UFMG, 2022.
    LEAL, R. . Roteiro audiovisual: estudos fundamentais. Rio de Janeiro: Editora da PUC-Rio, 2023.
    HEFFNER, H. Contribuição a uma história do roteiro. In: GONÇALO, P.; MONTEIRO, L. (Orgs.). Esferas, ano 11, v. 2, n.21, mai./ago.2021.
    MARAS, S. . Ethics in Screenwriting: New Perspectives. Londres: Palgrave MacMillan, 2016.
    MARAS, S. . Screenwriting: History, Theory, Practice. New York: Wallflower Press, 2009.
    MARUYAMA, R. L. M. Núcleos criativos: o desafio de desenvolver e viabilizar projetos audiovisuais (Dissertação de Mestrado). Escola Superior de Propaganda e Marketing, Rio de Janeiro, 2019.
    PRICE, S. . The Screenplay: Authorship, Theory and Criticism. Londres: Palgrave MacMillan, 2010.
    PRICE, S. A History of the Screenplay. London: Palgrave MacMillan, 2013.
    WREYFORD, N. . Gender Inequality in Screenwriting Work. London: Palgrave MacMillan, 2018.