Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Flavio Kactuz (Flávio C. P. de Brito) (PUC-Rio)

Minicurrículo

    Flavio Kactuz – Historiador, Professor, Diretor de Teatro e Cinema. Doutor em Estudos Fílmicos/Estudos Artísticos. Mestre em Cinema. Graduado em História. Formado em Teatro. Professor do Curso de Cinema da PUC-Rio desde 2014. Curador de diversas Mostras realizadas em Rio Branco, Petrópolis e Rio de Janeiro. Dirigiu diversos espetáculos teatrais. Coordenou atividades de pesquisa e projetos de educação nas áreas de Teatro e Cinema. Dirigiu e roteirizou o Filme “Daqui Onde estou dá pra ver Brasil”

Ficha do Trabalho

Título

    Não há nada de natural na natureza – atores não profissionais no Cinema de Bresson e Pasolini

Resumo

    Este trabalho pretende contribuir para os estudos de História do Cinema, naquilo que tange a performance e a direção de atores, tendo como foco principal a presença de intérpretes não profissionais nos filmes de Robert Bresson e Pier Paolo Pasolini. Neste sentido, busco saber como ambos, considerando seus estilos e metodologias bem distintas e particulares, lidavam com atores e atrizes não profissionais, evitando a usual linguagem naturalista bem como os convencionais métodos de atuação.

Resumo expandido

    Este trabalho pretende contribuir para os estudos de História do Cinema, naquilo que tange a performance e a direção de atores, tendo como foco principal a presença de atores não profissionais nos filmes de Robert Bresson e Pier Paolo Pasolini. Neste sentido, busco saber o quanto os dois cineastas se distanciam de um usual naturalismo mesmo optando por trabalhar com atores não profissionais. Algo até então difícil de se imaginar no equivocado e limitado dualismo criado no universo cinematográfico que, infelizmente, ainda encontra eco nos dias atuais, construindo duas únicas categorias com insistente solidez, entre “atores” e “não atores”. Desconsiderando a enorme subjetividade que há na categoria de “não ator” e todas as múltiplas nuances que permeiam o fenômeno da atuação.
    Todavia, não podemos ignorar quão distintos são os resultados obtidos pelos dois cineastas. Podemos ao máximo evocar alguma proximidade ao observarmos uma rígida preferência ao selecionar pessoas com exígua experiência profissional, no caso francês, ou mesclar alguns com notável e outros com nenhuma, no caso italiano, porém, ambos se recusam a aceitar uma atuação naturalista.
    Talvez a recusa, não apenas dos trejeitos naturalistas, mas também do modo interpretativo que acabou se tornando convencional e imperativo entre os grandes atores, pode nos ser útil para uma possível analogia. Muito mais do que a definição de um ponto de convergência estilística, pois seus resultados já se diferem desde os critérios adotados na escolha do casting, passando pela composição das personagens até o processo final de montagem.
    Se por um lado Pasolini opta por um caminho muito peculiar, ainda que tributário do neorrealismo de Rossellini, mesclando não apenas pessoas com vasta ou exígua experiência, mas também fazendo estranhas junções entre corporeidades e vocalidades igualmente distintas, Bresson investe numa evidente e complexa neutralidade de expressões faciais e gestos extraídos do cotidiano com seus “modelos”. Afinal, devemos recordar que estamos tratando de dois cineastas que se destacam pela originalidade na qual construíram suas filmografias e muito se distanciaram de uma direção convencional de atores.
    Para esta análise, além de preciosos depoimentos, extraídos em livros e entrevistas, iremos considerar os estudos de Jean Sémolue, Luciano De Giusti, Roberto Chiesi, Hervé Joubert-Laurencin e Naomi Greene.

Bibliografia

    BETTI, Laura; GULINUCCI, Michele. Le regole di un’ilusione. I film, il cinema. Roma: Associazione Fondo Pier Paolo Pasolini, 1991.
    BRESSON, Mylène. (Org) Bresson por Bresson. Entrevistas (1943-1983) Buenos Aires: El cuenco de plata, 2014. BRESSON, Robert. Notas sobre o cinematógrafo. São Paulo: Iluminuras, 2005.
    CHIESI, Roberto. & CHIARCOSSI, Graziella (Orgs.) Pier Paolo Pasolini: My Cinema Bologna: Cineteca di Bologna, 2012.
    FRODON, Jean-Michel. Robert Bresson. Paris: Cahiers du Cinéma, 2007.
    GIUSTI, Luciano. (Org.) La bellezza e lo sguardo: Il cinematografo di Robert Bresson. Milano: Il Castoro, 2000. GREENE, Naomi. Pier Paolo Pasolini: Cinema as heresy. New Jersey: Princeton University Press, 1990.
    JOUBERT-Laurencin. Hervé. Pasolini:Portrait du poète en cinéaste. Paris: Cahiers du Cinéma, 1995.
    SITI, Walter. & LAUDE, Silvia De. (Orgs.) Pier Paolo Pasolini tutte le opere: Per il cinema – Vol I e II. Milano: Arnoldo Mondadori, 2001.