Ficha do Proponente
Proponente
- KÁTIA MORAIS (UNEB)
Minicurrículo
- Kátia Morais é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com estágios doutorais na Universidade de Westminster (Londres, Inglaterra) e na Universidade do Texas em Austin (Austin, EUA). É professora Adjunta da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), lotada no Departamento de Ciências Humanas, DCHI, Salvador-BA. Pesquisa indústrias de mídia e políticas de comunicação, com ênfase no audiovisual. E-mail: katiamorais01@gmail.com/ ksmorais@uneb.br
Ficha do Trabalho
Título
- SALCINE E BAHIA FILMES: Interfaces com a produção independente no ecossistema audiovisual baiano
Resumo
- O objetivo deste artigo é discutir o desenho do ecossistema audiovisual baiano a partir da entrada da Salcine e da Bahia Filmes articulados ao segmento de produção independente. Em especial, busca-se observar o potencial desses novos agentes em promover movimentações no segmento das produtoras e que lógicas parecem mobilizar essas interações. A análise se apoia em publicações da Ancine, da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado da Bahia, além de notícias publicadas na imprensa.
Resumo expandido
- No desenho contemporâneo do cinema e do audiovisual em âmbito global, empresas produtoras independentes ocupam lugar central como agentes responsáveis pela criação de conteúdos para alimentar os diferentes mercados, ou janelas de exibição (MORAIS; JAMBEIRO, 2020). Do ponto de vista da política pública, representam a diversidade- regional, estética, narrativa, racial, de gênero- e, nesse sentido, potencialmente refletem a democratização da política setorial (IKEDA, 2021). Do ponto de vista da indústria, carregam em si a aptidão da inovação e da criatividade, tão necessárias às grandes empresas exibidoras e distribuidoras, segundo lógicas orientadas pela disputa por manutenção e ampliação de poder de mercado (MURDOCK, 2005). Este campo, ou ecossistema, caracteriza-se por relações não visivelmente hierárquicas ou lineares entre os agentes, e cujos resultados são impactados por transformações de ordem tecnológica, econômica, política e cultural. Na experiência contemporânea do estado da Bahia, nordeste brasileiro, chama a atenção a atuação do ente público através de duas estruturas complementares e politicamente concorrentes, uma vez que se filiam a projetos políticos distintos: A Salcine (2024), da Prefeitura de Salvador, e a Bahia Filmes (2023), do Governo do estado da Bahia. A Salcine foi criada em 2024, como uma estrutura da Secretaria de Cultura (Secult). Tem como objetivo “estimular a realização de pequenas, médias e grandes produções através de incentivos e estratégias de capacitação, criação de estúdios de produção e de parcerias com instituições internacionais para intercâmbio de profissionais” . A Bahia Filmes se apresenta como “uma empresa prestadora de serviços relacionados ao desenvolvimento do setor audiovisual, sob o signo da economia criativa” (BAHIA, 2023, p. 63). Trata-se de uma empresa pública vinculada à Secretaria Estadual de Cultura dotada de autonomia gerencial, patrimonial, orçamentária e financeira e gerida por um Comitê Gestor. Em ambos os casos, as propostas incluem, dentre outras ações, investimento em formação, pesquisa e a estruturação de escritórios de Film Commission. O objetivo deste artigo é discutir o desenho do ecossistema audiovisual baiano a partir da entrada da Salcine e da Bahia Filmes articulados ao segmento de produção independente. Em especial, busca-se observar o potencial desses novos agentes em promover movimentações no segmento das produtoras e que lógicas parecem mobilizar essas interações. Um aspecto importante nesse sentido diz respeito ao debate sobre a proteção dos direitos patrimoniais das obras independentes na comercialização junto ao circuito exibidor. Empresas produtoras independentes são aquelas que não possuem vínculos diretos ou indiretos com empresas do circuito exibidor em telecomunicações e radiodifusão (BRASIL, 2001). Os dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) referentes a abril de 2025 indicam o total de 456 empresas produtoras independentes baianas registradas. Destas, 63% (397 empresas) têm sede na capital. Quando somadas as produtoras do município de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, o percentual chega a quase 70% do total do estado, o que demonstra uma concentração em torno da capital. As produtoras são classificadas em níveis (1 a 5) baseados no desempenho comercial e que servem de critério para captação via fomento indireto e para acesso a recursos das chamadas públicas do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Das 456 produtoras independentes baianas, apenas duas empresas são classificadas como Nível 5. A análise proposta neste texto se apoia em publicações da Ancine, da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado da Bahia, além de notícias publicadas na imprensa.
Bibliografia
- BAHIA. Empresa pública de audiovisual da Bahia. Projeto técnico. Disponível em: https://www.bahiafilmes.com.br/_files/ugd/6158ed_19a5a16628cb473fb4f7834e0bcfc5a8.pdf. Acesso em 04 abril 2025.
BRASIL. 2001. “Medida Provisória no 2.228-1, de 6 de Setembro de 2001.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/ 2228-1.htm
IKEDA, Marcelo. Utopia da autossustentabilidade: impasses, desafios e listasstas da Ancine. Porto Alegre: Sulina, 2021
MORAIS, Kátia; JAMBEIRO, Othon. Por uma economia política do audiovisual no capitalismo global. Revista Eletrônica Internacional de Economia Política da Informação da Comunicação e da Cultura, São Cristovão, v. 22, n. 3, p. 185–204, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/eptic/article/view/13917. Acesso em: 6 abr. 2025.
MuRDOCK, G. Television and citizen: in defense of public broadcasting. In: TOMLINSON, Alan. Consumption, identity, and style: marketing, meanings, and the packaging of pleasure. 2. ed. New York: Routledge, 2005. p. 54-69.