Ficha do Proponente
Proponente
- Arthur Brito Sayão Lobato (UFF)
Minicurrículo
- Bacharel e mestrando em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo como temáticas de pesquisa a distribuição cinematográfica e políticas públicas para o setor. Trabalha na distribuidora Vitrine Filmes, tendo participado da campanha de lançamento de filmes como “Retratos Fantasmas” (2023), “Nosso Sonho” (2023) e “Baby” (2025). Já teve passagens no setor público com a Ancine e em projetos pessoais já atuou como curador e produtor, como no curta-metragem “Nina e o Abismo” (2022).
Ficha do Trabalho
Título
- O relançamento comercial de obras restauradas digitalmente e o novo modelo de negócio audiovisual
Eixo Temático
- ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS
Resumo
- O projeto analisa a atual tendência do mercado audiovisual de relançamentos comerciais de títulos que passaram por alguma etapa de restauração (aqui considerado um novo modelo de negócio), com foco no estudo do caso de “A Hora da Estrela” (1985) (re. 2024) de Suzana Amaral, relançado pelo projeto de distribuição Sessão Vitrine. Para tanto, a pesquisa analisa o processo de restauração digital da obra e sua campanha de distribuição, assim como analisa comparativamente outros títulos relançados.
Resumo expandido
- Esta pesquisa tem como finalidade analisar um novo modelo de negócio sustentável que nota-se no mercado audiovisual: o relançamento comercial de obras restauradas, tendo foco no processo de relançamento nas salas de cinema da obra restaurada digitalmente “A Hora da Estrela” no projeto Sessão Vitrine, analisando a campanha de marketing e o processo de restauro digital do filme.
A Sessão Vitrine é um projeto de distribuição coletiva de filmes brasileiros e coproduções latino-americanas em salas de cinema comerciais, realizado pela distribuidora Vitrine Filmes. Estreando filmes a preços reduzidos, o projeto realiza sessões com debates, com o principal objetivo de potencializar a formação de público para o cinema, promovendo a democratização do Cinema Brasileiro. O programa de distribuição acontece desde 2009 e já passou por várias edições, já passando por uma fase com patrocínio, com incentivo público estadual e apenas com recursos próprios. Todas essas fases reverberam em edições diferentes, com resultados diferentes. Em 2023, o projeto Sessão Vitrine voltou com verba patrocinada, desencadeando um rebranding do projeto, incorporando novas perspectivas e tendências de mercado.
Esta pesquisa também dará oportunidade de retomar o tópico do histórico recente de políticas públicas no Brasil focado no setor de distribuição e o estudo do projeto de distribuição coletiva Sessão Vitrine, surgidos durante o trabalho de conclusão de curso deste pesquisador na UFF. Analisando, assim, a trajetória do projeto de distribuição coletiva, os investimentos e patrocínios realizados durante os anos e, claro, com o foco na última edição e na importância do retorno das políticas públicas para o audiovisual.
A pesquisa atual pretende ir além do setor de difusão, tendo o eixo também nas políticas públicas para o setor de preservação (também preterido em relação às políticas públicas do setor de produção). Especialmente como o campo se desenvolveu com a tecnologia digital a partir dos anos 2000 — período histórico que coincide com a criação da distribuidora Vitrine Filmes, e do projeto de distribuição Sessão Vitrine — e buscar outros exemplos de casos em que filmes foram restaurados e relançados comercialmente.
A princípio, essas obras restauradas costumavam a ser exibidas em festivais ou mostras do nicho de preservação e hoje marcam presença em todos os tipos de festivais. Não somente, o filme restaurado vem chegando com potência no segmento de salas de exibição, notando-se, pois, uma tendência e uma expectativa do público em assistí-los em salas de cinema. Ou seja, esses filmes relançados seguem na atualidade, de modo geral, a cadeia de valor setorial e o fluxo de produtos, conceito de Alex Patez Galvão (2003). Outra tendência relacionada às salas de exibição nos últimos anos a ser estudada é o conceito de “filme-evento”, que pode ser percebida em grandes lançamentos aguardados pelo público. Uma hipótese é que o relançamento em salas de cinema de filmes restaurados possui semelhanças às sessões de mostras ou festivais de filmes clássicos e cults, que por sua vez, possuem características de um “filme-evento”. A partir destas premissas, a pesquisa busca analisar esta tendência de mercado que produz novos modelos de negócios.
Serão analisados em comparativo o processo de relançamento e o contexto econômico-político de restauro do filme “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969) de Glauber Rocha, “A Rainha Diaba” (1974) de Antonio Carlos da Fontoura, que passaram por processos de restauração em 2008 e 2022, respectivamente; “Old Boy” (2003) de Park Chan-wooke e “Durval Discos” (2003) de Anna Muylaert, aquele restaurado e este digitalizado, ambos relançados nos cinemas em 2023 pela Pandora Filmes e Vitrine Filmes, respectivamente. Os processos envolvendo diferenças de territorialidade, de contexto político e plano de financiamento para a restauração serão examinados, assim como se deu a campanha de divulgação de cada lançamento.
Bibliografia
- ALMEIDA, Paulo Sérgio; BUTCHER, Pedro. Cinema: desenvolvimento e mercado. Rio de Janeiro: Primeiro Plano, 2003.
BAHIA, Lia. Discursos, políticas e ações: processos de industrialização do campo cinematográfico brasileiro. São Paulo, Itaú Cultural, 2012.
BARONE, João Guilherme. Comunicação e indústria audiovisual: cenários tecnológicos & institucionais do cinema brasileiro na década de 1990. Porto Alegre: Biblioteca Ir. José Otão, 2005.
BUTRUCE, Débora. A restauração de filmes no Brasil e a incorporação da tecnologia digital no século XXI. São Paulo, 2020.
CHALUPE DA SILVA, Hadija. O filme nas telas – a distribuição do cinema nacional. São Paulo: Terceiro Nome, 2010.
GALVÃO, Alex. Patez. A cadeia de valor ramificada do setor audiovisual. In: COUTINHO, Angélica; SANTOS, Rafael. Políticas públicas e regulação do audiovisual. Curitiba: CVR, 2012, p. 27 – 58.