Ficha do Proponente
Proponente
- Euclides Santos Mendes (UFMA)
Minicurrículo
- Euclides Santos Mendes é doutor em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É coorganizador dos dois volumes da coletânea “Memórias e histórias do cinema na Bahia” (EDUFBA, 2024).
Coautor
- JOSE RIBAMAR FERREIRA JUNIOR (UFMA)
Ficha do Trabalho
Título
- A identidade visual do Festival Guarnicê de Cinema através de seus cartazes
Resumo
- Esta é uma proposta de análise dos cartazes do Festival Guarnicê de Cinema, em São Luís do Maranhão, desde sua origem, em 1977, como Jornada Maranhense de Super 8, passando pelas fases em que ampliou sua capacidade de reunir realizadores audiovisuais e público. Os cartazes configuram não apenas a memória iconográfica do Festival Guarnicê, mas também a memória de uma cultura imagética que surge a partir do festival como experiência de cidade e comunicação, de sociabilidades e trocas simbólicas.
Resumo expandido
- Esta pesquisa propõe uma análise do conjunto de 47 cartazes que compõem a história visual do Festival Guarnicê de Cinema, em São Luís do Maranhão, desde sua origem, em 1977, como Jornada Maranhense de Super 8, passando pelas diversas fases em que o festival foi assumindo outras denominações e ampliando sua capacidade de reunir realizadores audiovisuais e público, tornando-se um evento-patrimônio da cultura maranhense. Os cartazes configuram não apenas a memória iconográfica do Festival Guarnicê, mas também a memória de uma cultura imagética que surge a partir do festival como experiência de cidade e comunicação, de sociabilidades e trocas simbólicas. Realizada nos dias 24 e 25 de setembro de 1977, a I Jornada Maranhense de Super 8 nasceu como ação extensionista da Diretoria de Assuntos Culturais (DAC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Além da produção superoitista maranhense, a Jornada passou a receber e exibir, a partir de 1978, filmes realizados em outros estados brasileiros. A especificação dos formatos aceitos pela Jornada aparece nas denominações do evento ao longo de sua história e marcam graficamente a criação de seus cartazes: Jornada Maranhense de Super 8; Jornada de Cinema Super 8 no Maranhão; Jornada de Cinema Super 8; Jornada Nacional de Cinema no Maranhão; Jornada de Cinema e Vídeo no Maranhão; Guarnicê de Cine-Vídeo; Festival Guarnicê de Cine-Vídeo e, finalmente, Festival Guarnicê de Cinema – denominação oficial do evento desde a sua 25ª edição, em 2002. A palavra Guarnicê, incorporada ao nome do festival em 1990, é específica do contexto cultural maranhense e significa o momento de reunião e preparação que antecede a entrada em cena do Bumba Meu Boi, manifestação da cultura popular que marca os festejos juninos no Maranhão, sendo, então, incorporada à identidade visual do festival; o Troféu Guarnicê, com o formato estilizado de um boi, é entregue aos vencedores do festival. Além disso, desde 1993, o festival começou a ocorrer em junho, durante as festas de Bumba Meu Boi em homenagem aos santos juninos. Nesta pesquisa, em termos metodológicos, com viés semiótico, instrumenta-se o ponto de vista de Abraham Moles (1987) acerca da estética da constatação, em certa oposição à estética do gosto. Os cartazes do Festival Guarnicê tendem a explorar uma abordagem orgânica, na qual um elemento icônico ou indicial dialoga com o texto verbal. Há, sem dúvidas, cartazes mais “ordenados”, cuja convencionalidade não ofusca aspectos gráficos e pictóricos. Existe um marco divisor nesta trajetória. Trata-se da inclusão da terminologia “Guarnicê”, porque ela traz para o plano regional a configuração de elementos iconicamente ricos que antecedem uma indicialidade, cuja função é indicativa de expressões visuais do universo dos festejos juninos maranhenses. Segundo a pesquisadora Tetê Mattos (MORAES, 2018), a informação é a matéria-prima da identidade visual, que, por sua vez, recorre à arte visual e seus componentes (cromatismo, composição do espaço, profundidade, luz, superfície, linhas, entre outros) para se comunicar. Inseparável do evento que promove, trata-se de uma arte circunstancial e efêmera, em que o contexto determina o sentido das mensagens, conforme avalia a pesquisadora. Esta investigação surge como resultado parcial da pesquisa “Memória, patrimônio e linguagem no contexto maranhense”, desenvolvida no âmbito do Procad/Amazônia (Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia), mediante colaboração firmada entre o Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade (PPGMLS), da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), e o Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras), da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), e refere-se, mais especificamente, ao percurso investigativo que toma como questão a relação entre cinema, memória e processos de formação cultural em São Luís do Maranhão.
Bibliografia
- ANDRADE, Josefa M. e S. B.; CÂMARA, Rosélis Barbosa; SILVA, Saulo Simões da; SMITH, Terezinha de Fátima Vale Porto (organizadores). História em imagens: catálogo com os cartazes do Festival Guarnicê de Cinema (1977-2024) com audiodescrição. São Luís: EDUFMA, 2024.
FEITOSA, Márcia Manir Miguel; SILVA, Edvania Gomes da; SANTOS, Silvana Maria Pantoja dos (organizadoras). Maranhão entre cenários e desafios: memória, patrimônio e cultura. São Luís: EDUFMA, 2024.
FERREIRA JUNIOR, José. Capas de jornal: a primeira imagem e o espaço gráfico visual / 2ª edição revista. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011.
MOLES, Abraham. O cartaz. Tradução de Miriam Garcia Mendes. São Paulo: Perspectiva, 1987.
MORAES, Maria Teresa Mattos de. O Festival do Rio e as configurações da cidade do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Comunicação). Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Faculdade de Comunicação Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, 2018.