Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Larissa Ribeiro (UFMG)

Minicurrículo

    É paraense, roteirista, diretora e produtora criativa. Atua com a criação de projetos para televisão e cinema desde 2012. Especialista em TV e Novos Meios, pela EICTV, Cuba. Entre seus trabalhos mais recentes, como roteirista e diretora, está o filme ‘Pés de Peixe’, TV Globo/Tela Quente, recordista de audiência da faixa horária em 2024. É mestranda em Comunicação na UFMG, desenvolvendo pesquisa sobre showrunners brasileiros e a produção de ficção seriada para streaming no Brasil.

Ficha do Trabalho

Título

    Showrunner, versão brasileira: a construção da função na indústria audiovisual do Brasil

Eixo Temático

    ET 5 – ETAPAS DE CRIAÇÃO E PROCESSOS FORMATIVOS EM CINEMA E AUDIOVISUAL

Resumo

    O trabalho aborda a construção e a formação dos showrunners brasileiros a partir da chegada dos streamings ao país. Foram realizadas entrevistas com oito criadores de séries brasileiros, apontados por esta pesquisa como possíveis showrunners. Assim, por meio do estudo de um fenômeno em movimento, também buscou-se registrar processos de produção audiovisual ocorridos no campo prático e os impactos da atuação das plataformas no Brasil.

Resumo expandido

    Este trabalho aborda a construção e a formação dos showrunners brasileiros na produção de ficção seriada no país, especialmente a partir da chegada das plataformas de streaming e do início de sua produção de originais brasileiros. Como ponto de partida desta investigação, por meio de pesquisa junto ao mercado, foram levantados nomes de profissionais que seriam considerados showrunners no Brasil. A partir de entrevistas com oito, dos dez criadores e showrunners de séries de ficção apontados, buscou-se responder, se de fato, existem showrunners no mercado nacional, qual sua forma de atuação e como a função se desenvolve no país, em comparação ao mercado que a originou, os Estados Unidos, bem como, abordar questões relacionadas à criação, ao desenvolvimento e produção de conteúdo seriado de ficção no Brasil contemporâneo. Assim, por meio do estudo de um fenômeno em movimento, esta análise também buscou registrar processos de produção audiovisual que acontecem no campo prático, impactos da atuação das plataformas de streaming no país, adaptações e inquietações de profissionais do audiovisual, especialmente roteiristas à conjuntura atual do mercado e caminhos necessários para a implementação de políticas audiovisuais menos desiguais na relação profissionais, empresas produtoras brasileiras independentes e plataformas.

    A pesquisa, de maneira geral, foi dividida em cinco etapas principais: 1) levantamento bibliográfico acerca da atuação de showrunners no mundo e no Brasil. Aqui notou-se que as análises sobre a realidade brasileira ainda eram incipientes e que a maioria das pesquisas dava conta da experiência norte-americana. 2) Consulta com profissionais do mercado e instituições relevantes na área para o apontamento de nomes iniciais de showrunners. 3) Entrevistas semi estruturadas com profissionais integrantes de salas de roteiro de séries brasileiras sobre sua percepção acerca da função no país. Nessas entrevistas, os roteiristas de sala também puderam apontar nomes de showrunners para o levantamento. 4) Análise do levantamento e por meio da metodologia bola de neve atingimos um ponto de saturação de nomes na qual os dez mais citados compuseram a lista final. 5) Entrevista semi estruturada com os profissionais apontados como showrunners brasileiros.

    Ana Pacheco, Carina Schulze, David França Mendes, Felipe Braga, Lucas Paraízo, Maíra Oliveira, Manuela Cantuária, Marton Olympio, Pedro Aguilera, Raphael Montes, foram dez profissionais apontados pela pesquisa como possíveis showrunners em território nacional, por criações específicas. Alguns deles, ainda que reconhecidos por seus pares, não consideram já terem atuado no cargo. Outros, reconhecem não apenas terem exercido a função, como terem as credenciais possíveis para ocupá-la.

    É importante ressaltar que as trocas com os possíveis showrunners brasileiros, foram uma oportunidade de ir muito além das conclusões sobre o exercício da função no mercado nacional, mas de traçar um panorama atualizado sobre a produção de ficção seriada para streaming e as aspirações e preocupações de criadores. Para corroborar e ampliar o debate dos apontamentos trazidos por eles, esta análise, também utiliza os dados dos estudos desenvolvidos pelo grupo ComCult, Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura em Televisualidades, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG. No período analisado (2016-2023), das mais de dez mil produtoras independentes cadastradas no país, apenas 53, entre brasileiras e estrangeiras, foram co-produtoras de originais com as plataformas no Brasil (Rocha et al., 2025), entre outros fatores, a análise embasa a urgência da regulamentação dos streaming no Brasil e enfatiza uma luta antiga da produção independente de fora do eixo Rio-SP: a necessidade de descentralização da produção audiovisual brasileira.

Bibliografia

    BENNETT, T. The Art of Running a TV Show. Titan Books, 2014.

    CAMPOS, Bartira Bejarano. Sala de roteiristas: a Writers’ room brasileira e seu processo de escrita colaborativa de séries televisivas. Dissertação de Mestrado. Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.

    HIGUERAS-RUIZ, M. J., GÓMEZ-PÉREZ, F. J.; ALBERICH PASCUAL, J. (2018). Historical Review and Contemporary Characterization of Showrunner as Professional Profile in TV Series Production: Traits, Skills, Competences, and Style. Communication & Society, v. 31, n 1, p. 91-106. Disponível em:

    ROCHA, S. M.; FERREIRA, M. A.; SILVA, M. O. S.; VIEIRA, A. G; SILVA, M. V. M.; ÁVILA, A. M; BARCELOS, A. S. G; ÂNGELO, S. A. F; RIBEIRO, B. L. Mercado e produção de ficção seriada no Brasil: desafios para a regulação, a diversidade e a construção de políticas públicas. Eptic, v. 27, n. 1, jan.-abr, 2025.