Ficha do Proponente
Proponente
- India Mara Martins (UFF)
Minicurrículo
- Professora do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense – UFF na área de Design Visual. Mestre em Multimeios pela Unicamp, com a dissertação “A paisagem urbana no cinema de Wim Wenders”, publicada em 2014 pela Contracapa/Faperj. Doutora em Design pela Puc-Rio, atualmente faz parte da Comissão do Plano de Logística Sustentável da UFF e da Rede Unisustentável. Coordenadora do Acervo de Arte da UFF e vice-Coordenadora da Araci Incubadora de Projetos de Cinema e Audiovisual.
Ficha do Trabalho
Título
- Perspectivas para uma produção audiovisual sustentável: cartilhas e modelos de produção
Resumo
- O objetivo desta comunicação é refletir sobre as perspectivas de sustentabilidade na produção audiovisual propostas pela estadunidense EMA – Environmental Media Association – e no Brasil por documentos como o Guia de Sustentabilidade para o Setor Audiovisual, da Firjan SENAI (2023), o Relatório 2022 Jornada ESG, desenvolvido pela Rede Globo (2023) e a Cartilha, criada pelo Cinema Verde. Entendemos que estas propostas apontam para modelos e protocolos de produção que exigem urgente reflexão.
Resumo expandido
- Esta comunicação se propõe a investigar modelos de produção audiovisual mais sustentáveis e possibilidades de propostas para o setor, na perspectiva da tríade de responsabilidades ambiental, social e econômica. Esta etapa da pesquisa “Produção audiovisual, direção de arte e estratégias de sustentabilidade” se refere a um primeiro levantamento dos documentos internacionais e nacionais. O trabalho se divide em um resumo dos principais momentos da EMA – Environmental Media Association e analisa alguns dispositivos criados no Brasil.
O debate sobre sustentabilidade no audiovisual passa a ter destaque nos Estados Unidos em 1989, quando é fundada a EMA, na Califórnia. Num primeiro momento a estratégia da associação era incluir nos filmes atitudes que refletiam um estilo de vida sustentável e investir em eventos com a presença de celebridades. Um dos principais eventos é o Prêmio Anual da EMA, iniciado em 1990 e destinado a projetos que incorporam temas ambientais. A EMA lançou uma das primeiras cartilhas em 1995, o Environmental Production Guide. A partir de 1996, passou a fazer parcerias com organizações que lutavam pelo meio ambiente. Mas promover eventos não afetava os modos de produção, que continuavam sendo realizados de forma pouco sustentável. Somente em 2000, a EMA lançou um programa de “briefings ambientais individuais”, trabalhando com equipes criativas em produção (roteiristas, produtores, diretores de arte e fotografia). Em 2009, a associação criou o selo Green Seal, para reconhecer produções que implementavam iniciativas sustentáveis em suas práticas. Em 2021, o programa expande-se com o novo Selo Verde EMA para Estudantes (EMA Green Seal for Students).
Mesmo considerando algumas práticas pioneiras, a sustentabilidade só recentemente passou a ser tema de festivais de cinema e eventos no Brasil. Pioneira no Brasil, a equipe do Cinema Verde lança inicia seu trabalho em 2010, em 2022 temos o Relatório 2022 Jornada ESG, da Rede Globo e em 2023 temos o lançamento do Guia de Sustentabilidade para o Setor Audiovisual, da Firjan/SENAI. Estes documentos trazem perspectivas que refletem seus objetivos e modelos de produção. Enquanto o Guia da Firjan, voltado para empresas, traz os principais vocabulários e preceitos e aponta ações para uma produção sustentável, o relatório da Rede Globo apresenta medidas já adotadas pela empresa e as metas a serem cumpridas até 2030. A Cinema Verde, empresa de consultoria sediada em São Paulo, se dirige aos produtores, apresentando diretrizes e, enfatizando, ações que devem ser adotadas em uma produção audiovisual.
Considerando a tríade de fatores ambientais, sociais e econômicos definidas na Conferência de Estocolmo (1972), o que fica evidente nos documentos apresentados é a preocupação ambiental. De forma geral, os impactos destacados são as emissões atmosféricas, tanto de gases do efeito estufa, quanto gases poluentes, o consumo de energia elétrica, o consumo de água e a geração de efluentes, a geração e a destinação de resíduos sólidos e o consumo de insumos. As soluções apontadas nos documentos para a redução do dano ambiental também se assemelham, entre elas, está a gestão da sustentabilidade inserida na cadeia de valor do audiovisual. Neste contexto, a economia circular é uma perspectiva que se destaca tanto no guia de sustentabilidade da Firjan, quanto no documento desenvolvido pela Rede Globo, e também no Cinema Verde.
Estas iniciativas são fundamentais para uma produção audiovisual mais sustentável, mas precisamos refletir sobre a necessidade de modelos que incluem de forma mais evidente os aspectos econômicos e sociais da tríade sustentável, que devem funcionar de forma indissociável, considerando as políticas para os trabalhadores do audiovisual (salários, jornadas de trabalho, equidade de gênero e raça), assim como a interação com as comunidades de forma a considerar aspectos ambientais, mas também contribuir para o seu desenvolvimento econômico e social.
Bibliografia
- CINEMA VERDE. Cartilha Cinema Verde. Disponível em https://cinemaverde.com.br Acesso em 06 de maio de 2023.
CORBETT, Charles J, TURCO, Richard P. Sustainability in the Motion Picture Industry. UCLA Institute of the Environment, 2006.
EMA – ENVIRONMENTAL MEDIA ASSOCIATION. Green Seal. 2022. Disponível em https://www.green4ema.org/historical-timeline Acesso em 05/04/2025
GLOBO. Globo lança Jornada ESG, seu primeiro relatório de sustentabilidade, e adere ao Pacto Global. 14 de julho de 2022.
SENAI. Departamento Regional do Rio de Janeiro – Guia de sustentabilidade para o setor audiovisual / Firjan, SENAI, SICAV – Sindicato da Indústria Audiovisual, LATC- Latin American Training Center – Rio de Janeiro: SENAI-RJ, 2023