Ficha do Proponente
Proponente
- Claudio Leal (ECA-USP)
Minicurrículo
- Jornalista, crítico e pesquisador. Mestre em cinema pela ECA-USP. Colabora com os cadernos Ilustrada e Ilustríssima, da Folha de S.Paulo. Co-organizou “Cine Subaé: Escritos sobre Cinema (1960 – 2023)”, de Caetano Veloso, pela Companhia das Letras, e organizou obras críticas do ensaísta Luiz Carlos Maciel e do escultor e curador Emanoel Araujo. Doutorando na ECA-USP, estuda as relações do tropicalista Caetano com o cinema. Organizador do livro “O Devorador: Zé Celso, vida e arte” (Edições Sesc).
Ficha do Trabalho
Título
- O cinema na gênese do tropicalismo: Glauber/Caetano
Resumo
- Na música popular dos anos 60, o tropicalismo observou as transformações do teatro e das artes plásticas, mas encontrou no cinema a zona de afinidade dos conflitos políticos e estéticos. Mais centrado em “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, o papel do cinema nas formulações pré-tropicalistas ganhou menos acento na literatura crítica sobre as respostas de Caetano Veloso ao subdesenvolvimento e aos impasses do nacional-popular. Este trabalho confronta os programas do cinema novo e do tropicalismo.
Resumo expandido
- O papel do cinema nas formulações tropicalistas ganhou menos acento na literatura crítica sobre as respostas do compositor-cineasta Caetano Veloso à representação do subdesenvolvimento e aos impasses do nacional-popular. Nos anos iniciais da ditadura militar de 1964, as vertentes da música popular pós-bossa nova se ordenaram no contraste entre a recusa à importação, em busca de saídas internas às inovações formais de João Gilberto, e o gesto de discípulos insubmissos ao sagrado bossanovístico, dispostos a dar sequência à ruptura de “Chega de Saudade” por outros meios impuros. O tropicalismo observou as transgressões do teatro, das artes plásticas, da literatura, da poesia concreta e da música sinfônica, mas encontrou no cinema a zona de afinidade dos conflitos políticos, técnicos e estéticos com a cultura de massa e a industrialização.
Apesar desse imbricamento, o cinema vem sendo localizado quase exclusivamente na instância de explosão do imaginário tropicalista com Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha, e não como fonte de inspiração estrutural para as reflexões de Caetano na década de 1960, quando exerceu a crítica de cinema em jornais baianos. Em Salvador, Caetano esteve exposto a debates relevantes para a organização do caleidoscópio do tropicalismo, desencadeados por cineclubes e cadernos culturais, que discutiam o projeto industrial do cinema brasileiro, a representação da nacionalidade nas chanchadas, o fracasso da experiência da Companhia Vera Cruz, o subdesenvolvimento, a política do autor, o estilo do filme nacional e o exótico nas imagens do Brasil. Este trabalho explora um confronto entre os programas do cinema novo e do tropicalismo, centrando-se nas obras críticas de Glauber Rocha e Caetano Veloso, lideranças teóricas dos respetivos movimentos.
Bibliografia
- ROCHA, Glauber. Cartas ao mundo. (Org. Ivana Bentes). São Paulo: Companhia das Letras,
1997.
______. Revisão crítica do cinema brasileiro. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
______. Revolução do cinema novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
VELOSO, Caetano. Verdade tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
_______. O mundo não é chato. (org. Eucanaã Ferraz). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
_______. Cine Subaé: Escritos sobre Cinema (1960-2023). (Org. Claudio Leal e Rodrigo Sombra). São Paulo: Companhia das Letras, 2024.
XAVIER, Ismail. “Cinema e tropicalismo”. In: 20 anos da Tropicália. São Paulo: Sesc-SP, 1987.
________. Alegorias do subdesenvolvimento: Cinema Novo, Tropicalismo, Cinema Marginal. São Paulo: Cosac Naify, 2013.