Ficha do Proponente
Proponente
- Julia Couto (UFRJ)
Minicurrículo
- Mestranda em Mídias Criativas pelo PPGMC – UFRJ e bacharel em Cinema e Audiovisual pela UFF, compõe equipes de diversos festivais de cinema como o Curta Cinema (assistente de programação), o Festival do Rio (assistente de coordenação da Première Brasil), e o Festival Brasileiro de Cinema Universitário.
Ficha do Trabalho
Título
- Olha já! Os Crias do FBCU
Seminário
- Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual
Resumo
- Em 22 edições, o Festival Brasileiro de Cinema Universitário contribuiu com a formação de grandes cineastas brasileiros. Passaram pelas telas do festival realizadores, professores, curadores, gestores e profissionais da área, que tiveram a oportunidade de exibir e debater sobre suas primeiras produções junto ao público do festival. O projeto Crias do FBCU propõe a investigação da trajetória do festival para contribuir com a reflexão sobre as contribuições estudantis para o setor.
Resumo expandido
- A digitalização dos meios de produção para a realização de obras audiovisuais, como câmeras digitais de baixo custo e a popularização de aplicativos de edição para celular, contribuiu para a promoção da realização audiovisual como um ofício cada vez mais acessível, contribuindo para um aumento quantitativo expressivo de materiais em vídeo disponíveis e em circulação nos meios digitais. Também se multiplicaram os cursos profissionalizantes e a oferta de cursos livres relacionados à produção audiovisual, que através da modalidade online puderam reunir quantidades cada vez maiores de estudantes, de todo território nacional, interessados em ingressar no setor.
Por outro lado, o modelo histórico e político sobre o qual o setor audiovisual foi regulamentado prioriza há mais de 20 anos os índices econômicos para mensuração de sucesso de filmes e portfólios de empresas produtoras e distribuidoras, como números de bilheteria e índices de ocupação comercial do circuito de exibição, para atribuir pontuação a produtores e projetos que pleiteiam subsídio público. Essa lógica favorece a concentração de recursos em determinados territórios, com maior concentração de renda, e em determinadas empresas, historicamente influentes no setor.
O tema da regionalidade e da representatividade dentro do setor passou a ganhar força no âmbito dos debates setoriais a partir de 2010 (Cândido e Félix, 2024), com a criação de organizações patronais, comissões de representatividade e ações de fomento com recortes específicos visando a reparação. Cabe ressaltar que os Festivais de Cinema brasileiros representaram, neste processo, tanto o espaço de mobilização como de divulgação destas iniciativas, uma vez que sua dinâmica é fortuita para a promoção de encontros, questionamentos e proposições de articulação internas do setor.
O FBCU – Festival Brasileiro de Cinema Universitário foi o primeiro Festival de Cinema voltado para a produção de estudantes universitários brasileiros e o primeiro espaço de encontro nacional dos estudantes de cinema para trocas e discussões de temas que circundam o audiovisual. Criado em 1995, o FBCU acompanhou ao longo de sua trajetória tanto a expansão dos cursos universitários e profissionalizantes de cinema e audiovisual pelo Brasil como a expansão dos Festivais de Cinema, promovendo oportunidades para que os estudantes pudessem experienciar as dinâmicas propostas pelo circuito de festivais a partir de uma perspectiva específica, que articula formação, distribuição e exibição.
A partir da avaliação dos catálogos do FBCU, além da sistematização dos filmes exibidos em um detalhado banco de dados, o projeto Crias do FBCU tem como objetivo oferecer perspectivas referenciadas de ex-estudantes/atuais profissionais do setor sobre os principais desafios e marcos de carreira em suas trajetórias. O conjunto de perspectivas mapeadas e aprofundadas pode promover insumos para quantificar desigualdades persistentes no setor, sejam identitárias ou tangentes à regionalidade, além de prospectar estratégias de reparação dessas desigualdades e do desenvolvimento de inovações que contribuam para uma maior representatividade e melhor distribuição regional de recursos pelo Brasil.
O objetivo geral do projeto e principal interesse de pesquisa é o desejo pela realização de um mapeamento ou cartografia de percursos de carreira possíveis no setor audiovisual, a partir de um ponto de vista referenciado, ligado ao estudo formal e acadêmico nas áreas do cinema, da comunicação, da produção cultural e correlatas. Desse modo, a proposta de seminário temático Olha já! Os Crias do FBCU propõe a exibição de dados a partir do compilado de filmes da Região Norte exibidos nas 22 edições do FBCU, indicando temas, universidades e cursos participantes, trazendo em perspectiva tanto os filmes como as trajetórias de seus realizadores.
Bibliografia
- BAHIA, Lia. Discursos, políticas e ações: processos de industrialização no campo cinematográfico brasileiro. São Paulo: Rumos Itaú Cultural, 2012.
CANDIDO, Marcia Rangel; FELIX, Marcelle. Políticas para diversidade de raça e gênero no cinema brasileiro. Nexo Jornal, Online. Disponível em: https://pp.nexojornal.com.br/linha-do-tempo/2024/05/24/politicas-para-diversidade-de-raca-e-genero-no-cinema-brasileiro. Acesso em: 06 abr. 2025.
MELEIRO, Alessandra (org.). Indústria Cinematográfica e Audiovisual Brasileira: cinema e economia política. São Paulo: Escrituras, 2012. 2 v.
RIBEIRO, Danielle Christine Leite et al. Mercado Audiovisual E Formação Profissional: O Perfil Dos Cursos Superiores Em Cinema E Audiovisual No Brasil. São Carlos: Forcine, 2016. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B2VdD2xVtzlxcEFJTkJGQ1JSbmM/view?resourcekey=0-qjnyYgmBaFbuPWaWMBAMVg. Acesso em: 15 set. 2024.