Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Helosa Maria de Castro Araujo (UFC)

Minicurrículo

    Doutoranda no programa de Pós-Graduação em comunicação da Universidade Federal do Ceará (COM BOLSA CAPES) da linha 1 – fotografia e audiovisual – pesquisa o cinema de mulheres negras e indígenas cearenses como produção de memória, corpo e história. Mestre (2023) – com bolsa FUNCAP- pela mesma instituição, com Dissertação apresentada com título Fotografia dos Povos Originários no Instagram. Mulher, mãe, negra, nordestina e cearense.

Ficha do Trabalho

Título

    Memória, território e pertencimento no audiovisual cearense de mulheres negras

Resumo

    Este resumo pretende analisar o curta “Onde nasce um peixe roncador (18’38”)”, 2023, um documentário ficcional produzido por estudantes do curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes, a partir de uma proposta metodológica centrada em encontros proposta pela autora Ariella Azoulay (2024) e Encruzilhadas da Leda Martins(2003). Para entender de que forma uma obra fílmica é capaz de acionar ou reproduzir memórias e as noções de pertencimento de experiências racializadas?

Resumo expandido

    Este resumo expandido pretende analisar o curta “Onde nasce um peixe roncador (18’38”)”, 2023, um documentário ficcional produzido por estudantes do curso de Realização em Audiovisual da escola Vila das Artes a partir de uma proposta metodológica centrada em encontros (Azoulay, 2024) e encruzilhadas (Martins, 2003). Pretendo caminhar entre as políticas da fotografia, da memória e do pertencimento à partir dos olhares de mulheres negras no audiovisual cearense Para entender de que forma uma obra fílmica é capaz de acionar ou reproduzir memórias e as noções de pertencimento de experiências racializadas? Tendo como principais autoras: Leda Martins, Lélia Gonzalez, Oyewumi, Beatriz Nascimento e Ariella Azoulay. A obra escolhida conta, a partir da vivência e experiência da diretora geral e diretora de fotografia da obra, a Naya Oliveira, a história do bairro em que nasceu a partir do recurso: a fotografia. Uma tecnologia que acompanhou muitos processos coloniais (Azoulay, 2024) apresentada por muitos autores da filosofia da imagem como uma máquina mágica de fazer surgir rostos e com possibilidades de contar histórias que muitas vezes não falam absolutamente nada, a fotografia é, na verdade, uma possibilidade de encontros (Azoulay, 2024). A partir dessa possibilidade e das rupturas com a linearidade do tempo (que vai de encontro com Leda Martins, 2003) é possível imaginar o quanto a fotografia é posta como universal e acessível, ao passo que esteve enquanto equipamento de colonização para registro mágico para uns enquanto relação pessoa-objeto para outros, capaz de alimentar noções de não pertencimento para corpos dissidentes, que, muitas vezes, já não contam com os registros fotográficos para (re) elaborar suas memórias. Importante frisar, que, alguns autores também colaborarão com esta escrita, no entanto, aqui, faço um movimento de enaltecimento com centralidade às mulheres. Esta e outras escolhas se dão por ter como método a encruzilhada apresentada por Martins (2003), junto às noção de performances em seu texto Performances da oralitura: corpo, lugar da memória (2003), para além da contribuição em método, mas para contextualização da análise. Aproveito, ainda, para localizar minha fala: Sou mulher negra e cearense. Vivo as marcas das desterritorializações desde a informação mais antiga que tenho da minha família, nas minhas escritas, enquanto pesquisadora, escolho me implicar. Escrevo, portanto, em primeira pessoa. Onde nasce um peixe roncador (2023) nos possibilitará, ainda, a irmos de encontro aos conceitos de Quilombo, por Beatriz Nascimento (2006) ao se apresentarem enquanto mimese representativa e gestual (MARTINS, 2003), colocando em cheque as temáticas corpo, território, memória e pertencimento. Pirambu em tupi significa “peixe roncador”, o bairro também é território periférico da cidade de Fortaleza, uma região que está sempre em disputa territorial, vale a informação que a cidade Fortaleza recebeu o selo de cidade criativa com após a reforma de revitalização na praia de Iracema, mantendo à margem as praias do seu entorno e expondo as negociações de território. É aqui que se encontram, o corpo e o território, como uma dança, um gesto que grava aquela que a representa, ou que mira para a sua própria história. Na encruzilhada ainda, surge o terceiro elemento, a performance. Por apresentarem, a partir de uma ficção, os elementos que também possam habitar o seu local originárioÉ possível ainda, observar, como a obra traz um algo inaugural, partir do seu ordinário, uma vez que, enquanto primeira obra documental ficcional sobre o bairro com elementos que possam causar referência em corpos negros de outros bairros da cidade. Por fim, este trabalho também fará parte da escrita da minha tese de doutorado que busca analisar e mapear mulheres negras e indígenas no audiovisual cearense tendo tendo como fios condutores: a memória e o pertencimento. Palavras-Chave: Fotografia; Memória; Audiovisual; Mulheres Negras; Pertencimento.

Bibliografia

    AZOULAY, Ariella A. História potencial: Desaprender o imperialismo. São Paulo: Ubu Editora, 2024.
    CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2023.
    GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje.Anpocs. p.223-244. 1984.
    MARTINS, Leda. Performances da oralitura: corpo,lugar de memória. 2003.
    NASCIMENTO, Beatriz. Sistemas sociais alternativos organizados pelos negros: dos quilombos às favelas. Relatório narrativo final (mimeo)., 1981. RATTS, Alex. Eu sou atlântica sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Instituto Kuanza. São Paulo, 2006.
    OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Bazar do Tempo Produções e Empreendimentos Culturais LTDA, 2021.