Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    CLARA ‘REWAI’Õ IDIORIÊ XAVANTE (UEG)

Minicurrículo

    Clara ‘Rewai’õ Idioriê Xavante é uma Cineasta, pesquisadora e Jornalista indígena. Graduanda em Cinema (UEG), Formada em Jornalismo (UNIALFA). Atua no CRIALAB com produções audiovisuais para a Rádio UEG Educativa e para UEG TV. Pesquisa sobre mulheres indígenas no cinema. Mulheres na técnica do cinema e audiovisual brasileiro. Interesses: cinema decolonial, narrativas indígenas e mulheres na técnica cinematográfica.

    Contato: clara@idiorie.com | Lattes: http://lattes.cnpq.br/5454174648177027

Ficha do Trabalho

Título

    Desafios e representatividade feminina na maquinaria no cinema e audiovisual Brasileiro

Eixo Temático

    ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS

Resumo

    Pesquisa sobre mulheres na maquinaria cinematográfica brasileira, setor predominantemente masculino. Analisa os desafios enfrentados de acesso e permanência na profissão, através de questionários e entrevistas com profissionais das cinco regiões do Brasil. Resultados preliminares apontam barreiras estruturais e necessidade de políticas inclusivas, contribuindo para debates sobre equidade de gênero no audiovisual.

Resumo expandido

    Contexto e Objetivos
    A presença feminina em funções técnicas do cinema brasileiro, como a maquinaria, permanece marginalizada, tanto na prática profissional quanto na produção acadêmica. Diante da escassez de pesquisas específicas sobre o tema, este estudo busca mapear e analisar a trajetória de mulheres atuantes nesse setor, com foco nas cinco regiões do Brasil. Objetiva-se: 1) identificar desafios estruturais (discriminação, acesso a capacitação); 2) compreender estratégias de permanência no campo; e 3) propor ações para ampliar a equidade de gênero; 4) contruir redes contato e apoio entre as profissionais encontradas no mapeamento.

    Metodologia
    A pesquisa adota abordagem mista, combinando:
    Revisão bibliográfica: Análise de estudos sobre gênero no audiovisual, sobre mulheres na técnica, sobre a maquinaria, sobre feminismo, e interseccionalidade e como isso influencia os indivíduos sobre as funções dentro do audiovisual.
    Levantamento quantitativo: Formulário online para mapear perfil sociodemográfico (idade, raça, região) e trajetória profissional de mulheres na maquinaria disparado via grupos de whatsapp (DAFB, REDE KATARIHINE) e redes sociais pessoais, além de contato direto com as poucas profissionais que tenho conhecimento.
    Entrevistas semiestruturadas: Realizadas com cinco profissionais, uma por região do Brasil em que atuam, selecionadas por disponibilidade, diversidade étnica e experiência. As questões abordam desafios de gênero, experiências em equipes majoritariamente masculinas e sugestões para políticas inclusivas, análise do cenário atual.

    Resultados Parciais e Discussão
    A pouca participação feminina não se restringe somente a maquinaria, (OLIVEIRA, 2022, p.23) a disparidade entre homens e mulheres se dá também em cargos de direção. Foram catalogados 1.202 filmes realizados em Goiás entre 2000 e 2020, onde apenas 21,29% foram dirigidos por mulheres. Embora a história do cinema em Goiás com longas tenha se iniciado com Cici Pineiro, uma mulher.
    As dificuldades encontradas revelam uma profunda invisibilidade estrutural dessas trabalhadoras no setor audiovisual, fenômeno que se manifesta na absoluta carência de bancos de dados sistematizados e na dispersão das informações disponíveis. A pesquisa então adotou métodos artesanais: análise de créditos, busca em redes sociais e amostragem “bola de neve” para mapear profissionais nas cinco regiões brasileiras. Esses desafios metodológicos refletem desigualdades de gênero históricas no setor e destacam a necessidade urgente de políticas de visibilização e sistematização de dados para embasar ações afirmativas no audiovisual.

    Contribuições
    O estudo preenche uma lacuna acadêmica ao focar em funções técnicas negligenciadas, oferecendo:
    Dados atualizados sobre a distribuição geográfica e perfil das profissionais;
    Mais clareza e definição no meio acadêmico no que tange o trabalho da maquinaria dentro do cinema e audiovisual.
    Narrativas que humanizam estatísticas, destacando rotinas e conquistas;
    Subsídios para políticas públicas, como a criação de programas de mentoria e formação.

    Conclusão
    A pesquisa evidencia a urgência de desconstruir estereótipos de gênero no audiovisual, ampliando a representatividade feminina em cargos técnicos principalmente no que tange à área da maquinaria. Ao dar visibilidade a essas profissionais, reforça-se a importância de sua atuação para a diversidade cultural e inovação na indústria cinematográfica brasileira.

Bibliografia

    FARIAS, Luana. A LUZ delas. Direção de Luana Farias. Niterói: Caraduá, 2019. Son., color.

    ROBAINA, Thais. LAB 8 – POLIFONIA – MULHERES NA TÉCNICA. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Fyf_5SV_aoU&list=LL&index=4&ab_channel=8Mil%C3%ADmetros. Acesso em: 27.fev. 2025.

    LEAL, Cristina. ILUMINADOS. Direção de Cristina Leal. Roteiro: Cristina Leal. Rio de Janeiro: Comtexto, 2007. (100 min.), son., color.

    SILVA, Naira Rosana Dias da. Mulheres no Cinema Brasileiro: Direção e Produção (2000-2020). USP, 2021.

    IASI, Maiári Cruz. A divisão sexual do trabalho cinematográfico em longas goianos (1967–2022). IFG, 2022

    OLIVEIRA, Thais Rodrigues. Audiovisual no cerrado brasileiro: filmes e séries realizadas em Goiás de 2000 a 2020. In: CARREIRO, Rodrigo (org.). A diegese em crise: consumo, tecnologia e história(s) do cinema. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2022. p. 3-25.