Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Rosane da Silva Borges (PUC)

Minicurrículo

    jornalista, doutora em Ciências da Comunicação, professora da PUC-SP e do Diveristas (FFLCH-USP), autora de diversos livros, entre eles: Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro, Mídia e racismo, Esboços do tempo presente e Fragmentos do tempo presente

Ficha do Trabalho

Título

    Os cinemas feitos por mulheres negras e a luta por novos regimes de representação

Seminário

    (Re)existências negras e africanas no audiovisual: epistemes, fabulações e experiências

Resumo

    Este artigo tem como propósito discutir alguns aspectos do cinema produzido por mulheres negras com vistas a examinar como tal produção reconfigurou gramáticas de produção, instaurando, assim, novas estéticas nas formas de enquadramento da imagem. Tais estéticas incidiram, por sua vez, nos tópicos da representação, da visibilidade e do imaginário (Borges, 2021; 2022).

Resumo expandido

    Consagrado como uma forma de (re)invenção da vida moderna, o cinema se instituiu como uma máquina de produção de imaginários por meio de enquadramentos da vida em suas múltiplas camadas: do micro ao macro, da singeleza à brutalidade, da poesia à prosa… Nessa posição, digamos assim, privilegiada de narrar a vida, flagrou-se a persistência de recortes que deixaram de fora a gente negra e indígena como sujeitas de um olhar sobre o mundo. No idioma do 28º Encontro Socine, o cinema brasileiro e, extensivamente, parte significativa do cinema mundial seguiu em sua sanha extrativista, convertendo os terrivelmente outros em mercadorias de olhares (atividade-base da escravidão e colonização), sem estabelecer uma relação de vínculo radical com esse grupos, o que supõe uma cadeia produtiva diversa e plural.
    Este artigo tem como propósito discutir alguns aspectos do cinema produzido por mulheres negras com vistas a examinar como tal produção reconfigurou gramáticas de produção, instaurando, assim, novas estéticas nas formas de enquadramento da imagem. Tais estéticas incidiram, por sua vez, nos tópicos da representação, da visibilidade e do imaginário (Borges, 2021; 2022).
    Defendo a ideia de que o cinema de autoria feminina e negra desde sempre esteve na contramão do extrativismo das imagens: de um lado, foi seu forte combatente, de outro foi um território fecundo para uma práxis diversa que vem fazendo história, expandindo o campo reflexivo sobre o movimento das biopotências que se insurgem no território marcado pela alterofobia.
    Ao elencar um conjunto de obras e de autoras negras, este artigo promove o que Beatriz Nascimento designou como a construção de uma História por meio de mãos negras, ou o que Didi-Huberman denominou como restituição de imagens, procurando flagrar um movimento que rompe com a destituição (o extrativismo das imagens é um pilar essencial dessa operação) em direção ao restabelecimento da emancipação sistematicamente negra a frações significativas da população planetária.

Bibliografia

    BORGES, Rosane. Desconstruindo narrativas, ressignificando imaginários. É possível existir um cinema antirracista? In: In: MARTINS, Renata (org). Empoderadas narrativas incontidas do audiovisual brasileiro. São Paulo: Oralituras, Spcine, Mahin Produções, 2021, p. 33-52

    BORGES, Rosane. Cinema, Imagem e Imaginário: por outros regimes de visibilidade das mulheres negras. In: CARVALHO, Noel dos Santos (org). Cinema negro brasileiro. Campinas, SP: Papirus Editora, 2022, p. 119-136.

    DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante da imagem. São Paulo: Editora 34.

    NASCIMENTO, Beatriz. Uma história feita por mãos negras. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.