Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Debora Regina Taño (UNIRIO)

Minicurrículo

    Professora do curso de Engenharia de Produção com habilitação em Produção em Cultura da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mestre e graduada em Imagem e Som (UFSCar) e também graduada em Administração (FAM). Pesquisa sobre redes de produção e distribuição, políticas públicas e relações de trabalho na indústria cinematográfica brasileira. Atua ainda como montadora e editora de áudio.

Coautor

    Hadija Chalupe da Silva (UFF / ESPM Rio)

Ficha do Trabalho

Título

    Para além da obra audiovisual: mapeamento dos mecanismos públicos de fomento a empresas

Seminário

    Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil

Resumo

    A pesquisa propõe mapear formas de fomento ao audiovisual que priorizem a sustentabilidade de produtoras e empresas do setor, para além do apoio pontual a obras. A partir da análise dos Núcleos Criativos do FSA e do edital paulista da Lei Paulo Gustavo, busca-se refletir sobre políticas que promovam continuidade, estrutura econômica e fortalecimento organizacional no audiovisual brasileiro.

Resumo expandido

    A produção audiovisual, de forma geral, ocorre a partir da união de profissionais e empresas especializados em determinadas atividades, coordenados por uma empresa produtora, para a realização de um projeto definido que dá origem a uma obra/produto. Tal projeto, para ser realizado, muitas vezes recorre a mecanismos de financiamento públicos, diretos ou indiretos, que serão a fonte principal de renda apenas para a sua execução.
    Ao analisarmos a historiografia das políticas públicas no Brasil, percebemos a predominância de propostas de fomento ao audiovisual baseadas no incentivo à realização de novas obras/produtos e não na manutenção da organização/empresa/instituição.
    Se estabeleceu, assim, um funcionamento do setor baseado na execução de projetos alternados, por diferentes equipes que se formam e desfazem, resultando na instabilidade econômica tanto dos profissionais, quanto das produtoras, que também não podem ter remuneração direta a seus profissionais. Entre um projeto e outro a base do setor – seus trabalhadores – se vê em constante busca por novos trabalhos que garantirão o próximo pagamento, enquanto o que é produzido também segue em incertezas, uma vez que se um próximo projeto não é aprovado não há estrutura financeira suficiente para a sua elaboração.
    Neste contexto, a presente comunicação coloca as questões: se a estrutura econômica do setor necessita do fomento público para existir, o apoio a projetos de obras não intensifica sua instabilidade? Quais seriam outras alternativas para apoiar os agentes que são base para o funcionamento do setor, como produtoras e outras empresas especializadas?
    Assim, a proposta do trabalho é mapear (e posteriormente analisar) propostas de fomento que tiveram como foco a perpetuidade e sustentabilidade das organizações (empresas produtoras). Ou seja, quais os caminhos trilhados pelas produtoras para manterem-se ativas e rentáveis, assim como formas de fomento que saem da centralidade do projeto da obra enquanto fonte principal de renda.
    O primeiro mecanismo a ser analisado, com seus desdobramentos, são os Núcleos Criativos vinculados do FSA. Chamada pública, (lançada em 2013) destinada ao desenvolvimento de carteira de projetos. O foco desta linha estava no desenvolvimento de um catálogo variado de projetos (de obras seriadas e não seriadas), que estimulava que a produtora tivesse um pensamento estratégico, mais dilatado no tempo, na organização do intervalo de produção e lançamento dessas obras.
    Nos atentamos às potencialidades dos núcleos criativos enquanto espaços não apenas de financiamento de atividade, mas de construção de projetos e obras de forma mais continuada e a partir da troca entre profissionais, o que acaba por gerar produtos mais elaborados e redes de colaboração ampliadas.
    Em um segundo momento, analisamos o edital do governo do estado de São Paulo, por meio da lei Paulo Gustavo, de apoio a micro e pequenas empresas do audiovisual. O edital tem o objetivo de “fomentar o empreendedorismo cultural e/ou artístico e promover a competitividade desse segmento”, por meio do aporte financeiro de R0.000,00 por projeto aprovado. Os projetos propostos incluem produção e finalização de obras, workshops de formação audiovisual, laboratórios de criação, atividades de internacionalização, cineclubes e mostras, estudos setoriais, aquisições de equipamentos e aprimoramento da própria produtora proponente. Observa-se uma amplitude de ações que incluem, mas vão além da obra em si e que fazem parte das atividades realizadas por empresas de audiovisual que também necessitam de apoio para acontecer.
    Assim, a partir dos dois casos citados, o trabalho apresenta diferentes caminhos e propostas que ampliam a visão do fomento e da construção de um setor economicamente mais estruturado e continuado.

Bibliografia

    ANCINE. Relatórios de Gestão do FSA.

    COSTA, Mannuela. O trabalho cultural em tempos pós-modernos: o que podem o empreendedorismo e a política cultural? In: Anais do XII Seminário Internacional de Políticas Culturais, Rio de Janeiro, 2023, p.1243-1252.

    Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. Edital LPG Nº 14/2023. 2023.

    VIRGENS, André R. Araujo. Financiamento ao Setor Audiovisual da Bahia (2011-2020). Tese (Doutorado em Cultura e Sociedade). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2025.