Ficha do Proponente
Proponente
- Yanara Cavalcanti Galvão (UFF)
Minicurrículo
- Yanara Cavalcanti Galvão é pesquisadora, professora e cineclubista. Doutoranda em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (PPGCine-UFF) e mestra em Cinema e Narrativas Sociais pela Universidade Federal de Sergipe (PPGCINE-UFS). Sua pesquisa atual abrange as políticas e processos criativos do cinema brasileiro por mulheres com foco na experiência de Pernambuco. Participa do grupo de pesquisa Mulheridades Cinematográficas (PPGCine-UFF), coordenado por Marina Tedesco.
Ficha do Trabalho
Título
- Trabalhadoras do cinema em Pernambuco: um olhar para Katia Mesel
Mesa
- Mulheres no cinema: experiências de organização, práticas e políticas
Resumo
- Com foco no percurso histórico das articulações políticas de trabalhadoras do cinema em Pernambuco, esta comunicação faz um recorte temporal que abrange a década de 1990. Momento este em que a cineasta Katia Mesel esteve à frente da (re)articulação do setor cinematográfico após o desmonte da Cultura na gestão de Collor de Mello. Em Pernambuco, a pauta principal voltava-se para a descentralização das políticas com mecanismos de incentivo concentradas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Resumo expandido
- Com foco para o percurso histórico das articulações políticas das trabalhadoras do cinema em Pernambuco, esta comunicação faz um recorte temporal que abrange a década de 1990. Momento este que a cineasta Katia Mesel esteve à frente da (re)articulação do setor cinematográfico após o desmonte da Cultura na gestão de Collor de Mello. Em Pernambuco, a pauta principal voltava-se para a descentralização das políticas com mecanismos de incentivo concentradas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
A (re)constituição de uma memória ainda recente, tem o intuito tanto do registro historiográfico como o de gerar reflexões acerca da relação entre gênero e as políticas públicas no cinema e audiovisual brasileiro que como situa a pesquisadora Lia Bahia é complexa e “conecta-se com um histórico de uma memória silenciosa das mulheres como trabalhadoras fundamentais de toda a cadeia do setor” (Bahia, 2021, p.144). Realidade esta, que contempla desde a participação de mulheres na gestão e desenvolvimento de políticas para o cinema e audiovisual entre as demais funções que envolvem o fazer cinematográfico e as políticas de difusão e preservação. Nesse sentido, vale ressaltar que o recorte desta apresentação está inserido em um estudo investigativo amplo, que realizo desde a pesquisa do mestrado (2018) e que contempla as muitas trabalhadoras do cinema em Pernambuco em suas atuações, articulando as relações de gênero raça, etnia, classe, território, entre outras.
O destaque neste momento para Katia Mesel, está tanto relacionado a um momento histórico da sua atuação em uma ambiência predominantemente masculina, quando esteve diretamente à frente da reorganização do setor em prol das políticas culturais do estado na década de 1990. Assim como, pela sua longa trajetória enquanto cineasta ao longo de mais de 50 anos de carreira, desde o final da década de 1960 e ainda realizando nos dias atuais.
O início da década de 1990 foi marcado pelo desmonte da Cultura por Collor de Mello (1990-1992), em sua rápida gestão de viés neoliberal. Quando então, através de medida provisória, acabou com os incentivos governamentais na área da Cultura entre outras. Naquele momento foram extintos diversos órgãos da Cultura, incluindo o tripé de sustentação da política cinematográfica com o fim da Empresa Brasileira de Cinema (Embrafilme), do Conselho Nacional de Cinema (Concine) e da Fundação do Cinema Brasileiro (FCB) (Simis, 2007). Em Pernambuco, a recente produção de curtas e médias metragens com mecanismos de incentivo público foi interrompida. As cineastas Katia Mesel e Adelina Pontual, ainda no seu início de carreira, foram as diretoras da época a acessarem recursos públicos através de editais descontinuados
Em 1993, Katia Mesel assumiu a liderança da mobilização para o retorno das atividades da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas de Pernambuco / Associação Pernambucana de Cineastas (ABD/ Apeci), fundada em 1979 e que estava em inatividade com a crise do setor. Com estatuto atualizado e CNPJ criado, a entidade da sociedade civil organizada se consolidou também formalmente e exerceu pressão junto ao governo estadual para a criação de mecanismos de incentivo público à produção audiovisual. O que “levou a Secretaria de Cultura estadual a elaborar uma legislação de apoio a projetos culturais” (Figueirôa, 2000, p.102) entre outras políticas que vão impulsionar uma produção expressiva de curtas e médias-metragens e de um longa-metragem no final da década. Em 2005, durante Festival Cine PE, Katia Mesel, realizou o vídeo manifesto Fora do Eixo, em que realizadoras/es e produtoras/es de todo o país – fora do eixo das grandes produtoras do Rio de Janeiro e São Paulo – debatem o tema e reivindicam a descentralização das políticas de fomento ao audiovisual em nível federal.
Bibliografia
- BIBLIOGRAFIA
BAHIA, Lia C. A construção da pauta de gênero como imaginação política no espaço audiovisual brasileiro. In: TEDESCO, Marina Cavalcanti (Ed.). Trabalhadoras do cinema brasileiro: mulheres muito além da direção. Nau Editora, 2021.
FIGUEIRÔA, Alexandre. Cinema Pernambucano: uma história em ciclos. Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2000.
GALVÃO, Yanara Cavalcanti. Cinema com mulheres em Pernambuco: trajetórias, políticas, estéticas. 2018. 154 f. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Cinema e Narrativas Sociais) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2018.
MESEL, Katia. Fora do Eixo. Vídeo. 2005. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uxPNVgB2KUY. Acesso em 08 de março de 2025.
SIMIS, Anita. A política cultural como política pública. Políticas culturais no Brasil. Salvador: EDUFBA, v. 1, p. 133-155, 2007.
Páginas online
https://abd-apeci.blogspot.com/p/apresentacao.html
https://cinematecapernambucana.com.br/diretores/katia-mesel/