Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Kariny Felipe Martins (UFF)

Minicurrículo

    Curadora, pesquisadora e roteirista. Mestre em Cinema e Artes do Vídeo pela Universidade Estadual do Paraná e Doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense. Integra a comissão de curadoria nos festivais Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, Griot – Festival Contemporâneo de Cinema Negro e faz parte da Direção artística do FIANB – Festival Internacional do Audiovisual Negro do Brasil. Participa de mostras e festivas como júri, mediadora e palestrante.

Ficha do Trabalho

Título

    Lugar de Negro no Cinema Brasileiro: perspectivas econômicas sobre a disputa racial no cinema.

Seminário

    Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil

Resumo

    Considerando a dinâmica histórico-social que se impõe nas relações culturais e a descontinuidade de políticas públicas no setor audiovisual, o presente trabalho pretende analisar de que forma o racial se localiza nos aspectos econômicos do Cinema Brasileiro contemporâneo. Entendendo que, assim como as políticas afirmativas, os modelos econômicos disponíveis para a população negra precisam ser atualizados de tempos em tempos.

Resumo expandido

    Em Lugar de Negro (2022), Lélia Gonzalez aponta para uma problemática fundamental que permeia a lógica de separação entre dominadores e dominados relação ao espaço físico. Estabelecidos desde a época colonial, os “lugares” são percebidos em todas as fases de produção da economia do Brasil e apontam para uma evidência que determina os modos de dominação social: a reinterpretação da teoria do lugar natural, de Aristóteles. Para Gonzalez, isso diz respeito aos espaços sociais amplamente estabelecidos desde casa grande e senzala, uma vez que a autora nomeia este critério de separação como a divisão racial do espaço. Quando esta nomeação é aplicada ao cinema, podemos defini-la como a ordem que vá permitir que um campo de cinema negro se estabeleça ou não, já que, de tempos em tempos, há uma significativa redução de trabalhadores neste (mas não somente) campos que contribuem para sua estrutura e solidificação. O que se propõe aqui é entrelaçar as relações sociais e econômicas que compuseram a estrutura do cinema negro brasileiro contemporâneo, perpassando os discursos raciais presente em cada década do cinema brasileiro, especificamente nos anos 1960 e 1970, fazendo uma análise com os anos 2010, relacionando com os impactos da aplicação das cotas raciais nos editais de fomento de longas-metragens.
    Nos interessa aqui olhar para este cenário, uma vez que dele é proeminente disputas discursivas sobre o papel do cinema e do que poderia ser o cinema nacional. No Brasil, não é apenas nos anos 1960 que a disputa por uma imagem nacional se define como uma reinterpretação legítima do que deixa de ser ou não a “brasilidade” para o circuito internacional de festivais, e em que o racial se assenta como seu exemplo visível, uma vez que, percebe-se, ao longo dos anos, que quando a racialidade se torna elemento para consagrar o que se chama brasilidade, “nossas imagens, nossos corpos, nosso suor e nossas histórias sempre alimentaram bolsos alheios.”(COSTA, 2025, ONLINE) Desta forma, o presente trabalho pretende analisar de que forma o racial se localiza nos aspectos econômicos do Cinema Brasileiro.

Bibliografia

    BAHIA, Lia, BUTCHER, Pedro e Tinen, PEDRO. Imaginar o audiovisual como política pública. Belo Horizonte, Universo Produção, 2023.
    CÂNDIDO, Renato. Por uma política do audiovisual preta no Brasil: Estudo sobre a negritude dentro das políticas audiovisuais brasileiras e as questões que envolvem ações afirmativas para a produção audiovisual negra no Brasil. Tese de doutorado. Programa de pós-graduação em meios e processos audiovisuais, Universidade de São Paulo. 2022
    É urgente que o Brasil pare de ter um cinema identitário: majoritariamente branco, de classe média e sudestino. Disponível em
    GOMES, Paulo Emilio. Uma situação colonial? São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
    GONZALEZ, Lélia. Lugar de negro. Lélia Gonzalez, Carlos Hasenbalg. – 1 ed. – Rio de Janeiro: Zahar, 2022.
    SILVA, Denise Ferreira da Silva. A dívida impagável