Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Andréia de Lima Silva (IFMA)

Minicurrículo

    Doutora em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (PPGCine/UFF) com período sanduíche na University of Leeds e Universitat Pompeu Fabra. Possui mestrado em História pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Especialista em Jornalismo Cultural na Contemporaneidade, também pela UFMA. É graduada em Jornalismo pela mesma instituição. Atualmente é jornalista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA).

Ficha do Trabalho

Título

    O mapeamento da produção audiovisual maranhense no século XXI (2000-2023)

Resumo

    O século XXI marcou a entrada da produção de longa-metragem no mercado cinematográfico do Maranhão. Esse fato possibilitou que o cinema do estado chegasse pela primeira vez às salas comerciais de cinema (Silva, 2024). Entre 2000 e 2023 foram lançadas 18 obras nos cinemas, sendo apenas 10 delas devidamente registradas (CPB/CRT) na Ancine. No OCA/Ancine houve 30 registros CPBs para longas-metragens, indicando uma defasagem entre o número de produções registradas e lançadas comercialmente.

Resumo expandido

    Nas décadas que antecedem os anos 2000, a produção cinematográfica maranhense era predominantemente composta por curtas-metragens que circulavam em festivais de cinema locais e/ou nacionais. Não havia, portanto, uma comercialização dessas obras para exibição em salas de cinema. Foi somente a partir da introdução do longa-metragem no Estado (Silva, 2024), na primeira década dos anos 2000, que as primeiras obras chegaram às salas comerciais de cinema. Uma produção que começou informal – sem registros de Certificado de Produto Brasileiro (CPB) e/ou Certificado de Registro de Título (CRT) na Agência Nacional de Cinema (Ancine) – e, na medida em que políticas culturais da Agência foram expandindo a sua atuação para além do eixo Rio-São Paulo, o mercado cinematográfico maranhense foi se formalizando por meio do registro de obras e empresas.
    Entre 2000 e 2023 o Maranhão registrou 177 Certificados de Produtos Brasileiros (CPBs) na Ancine. Entre esses registros temos 137 obras não seriadas, sendo 33 curtas metragens, 33 médias metragens, 30 longas metragens, 10 obras não classificadas e 31 vídeos musicais. Entre as obras cinematográficas quatro são animações, 43 documentários e 49 ficções.
    Tratando apenas dos dados acerca dos longas metragens constatamos que, apesar de o estado ter registrado na Agência o CPB de 30 longas metragens, apenas 18 obras foram lançadas em salas comerciais de cinema. Dessas obras, um número ainda menor, 10 filmes, surgiu na listagem anual do OCA/Ancine de filmes brasileiros lançados, indicando que 44,4% dessa produção escapou do mapeamento da Ancine, o que indica um alto índice de informalidade no setor.
    É interessante pontuar alguns aspectos sobre as obras lançadas comercialmente e catalogadas na listagem da Ancine. O Estado ocupa a 4ª posição entre os estados da Região Nordeste que mais lançaram filmes comercialmente, sendo Pernambuco o primeiro, Ceará o segundo e Bahia o terceiro. Todos os filmes maranhenses são de ficção, sendo 4 dramas, 5 comédias e 1 filme de terror. As produções são de cinco cineastas, sendo apenas uma mulher. Dois desses diretores não são do Estado: Odorico Mendes e Diego Freitas. Outro destaque é que 70% dessa produção são trabalhos de apenas dois cineastas: Frederico Machado (três longas) e Erlanes Duarte (quatro longas).
    Outro dado relevante é que a distribuição dos longas maranhenses foi proporcional entre empresas locais e empresas distribuidoras de circulação nacional. Tivemos, também, 90% dos filmes sendo distribuídos em até, no máximo, 17 salas. Apenas um filme foi exibido em mais de uma centena de salas. Trata-se do filme Tire 5 Cartas (2023), distribuído em 139 salas de cinema. Contudo, a distribuição em um grande número de salas de cinema não refletiu proporcionalmente nem no público nem na renda desta obra. O longa com maior renda acumulada e público entre os filmes maranhenses foi Muleque té doido 2 – A Lenda de Dom Sebastião (2016), de Erlanes Duarte, que arrecadou quase 900 mil reais e levou cerca de 70 mil espectadores para as salas de cinema.
    Na catalogação que realizamos na tese de doutorado (Silva, 2024) sobre o mercado cinematográfico maranhense no século XXI surgem outras obras de ficção lançadas comercialmente em salas de cinema do estado, mas que escaparam dos dados oficiais da Ancine, já que muitas delas foram exibidas sem CPB ou mesmo sem CRT. Na listagem temos os três longas do cineasta maranhense, radicado no Piauí, Cícero Filho: Entre o amor e a razão (2006), Ai que Vida! (2007) e Flor de Abril (2012). O primeiro longa da saga de Erlanes Duarte, Muleque té doido! (2024), também se encontra neste segmento. As outras obras listadas são: Marilha, amor pra 400 anos (2012), de Nilson Takashi; Crepúsculo – boca da noite (2015), da companhia de teatro imperatrizense Okazajo; Jangada (2017), de Luís Mário Oliveira; e Os caipiras em busca de um sonho (2019), de Hélio Amaral.

Bibliografia

    BAHIA, Lia. Discursos, políticas e ações: processos de industrialização do campo cinematográfico brasileiro. Org. coleção Lia Calabre. São Paulo: Itaú Cultural: Iluminuras, 2012.

    IKEDA, M. Distribuição de longas-metragens brasileiros a partir das leis de incentivo (1995-2007): um panorama. In: FABRIS, M. et al. (orgs.). Estudos de Cinema e Audiovisual Socine. São Paulo: X Socine 2010, v. 10, p. 89-104.

    LOBATO, R. Subcinema: Theorizing Marginal Film Distribution. Limina – a journal of historical and cultural studies. v. 13, p. 113-120, 2007.

    SILVA, Andréia de Lima. Configuração do mercado cinematográfico do Maranhão no século XXI: a entrada do longa ficcional e os novos agentes. Tese (Doutorado em Cinema e Audiovisual) – Universidade Federal Fluminense, 2024.
    SILVA, H. C. da. A distribuição do filme nacional: considerações acerca de cinco filmes lançados em 2005. 2009. Dissertação (mestrado). Universidade Federal Fluminense – Instituto de Arte e Comunicação Social, Niterói, 2009.