Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Bárbara Lima Martins (UFRB)

Minicurrículo

    Comunicadora, pesquisadora, jornalista e realizadora audiovisual. Mestranda no Programa de Pós-graduação em Comunicação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (PPGCOM UFRB). Atua em diversas áreas da comunicação como fotografia, direção, captação e produção audiovisual.

Ficha do Trabalho

Título

    Encruzilhadas em cena: O audiovisual como possibilidade de inscrições e disputas a partir de imagens

Eixo Temático

    ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS

Resumo

    Esta escrita se costura diante das trajetórias e encruzilhadas das e dos participantes presentes no audiovisual Caminhos Abertos (2023). A partir da perspectiva da comunicação de Exu (Rufino, 2018) que embaralha a linearidade ocidental imposta, transgride a narrativa dominante colonial e que a partir da inscrições de imagens (Flusser 2009) possibilita a reinvenção de narrativas, corpos e vidas.

Resumo expandido

    Com a ampliação de políticas públicas voltadas para o ingresso no superior público, há uma modificação na diversidade de perfis e dinâmicas que começam a constituir e construir um “novo universo universitário”, incorporando parcelas da população que foram historicamente excluídas destes espaços como, povos do campo, população LGBTQIAP+, indígenas, negras e negros, moradores das periferias, de cidades do interior e demais comunidades dissidentes.
    Entretanto, mesmo com a ampliação de corpos dissidentes nestas instituições, perpetuam-se os velhos desafios como as pautas para uma permanência qualificada discente, espaços mais acolhedores e mudanças estruturais nos regimentos. De modo a reter estas desigualdades e saídas, por muitas vezes involuntárias da universidade, foram desenvolvidas políticas com diferentes formatos de ingresso e auxílio, a fim de integrar e garantir a permanência qualificada e conclusão de estudantes de classes sociais historicamente excluídas, vulneráveis e marginalizadas neste espaço.
    A partir destes tensionamentos, vivências e reflexões sobre as juventudes e suas formas de estar, permanecer e viver no espaço universitário que o Documentário Caminhos Abertos (2023) é imaginado. Sendo este, um dos produtos da pesquisa, intitulada “Processo de Ingresso no Ensino Superior: transições, suportes e arranjos entre jovens de universidades públicas do Estado da Bahia”, fruto do Plano de Trabalho que conduzi sobre “Juventude Universitária na Bahia: contextos culturais e expectativas”, durante minha graduação no curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFRB). A pesquisa foi coordenada pelos Grupos GEPJUV da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia em parceria com o Grupo de pesquisa Trajetórias, Cultura e Educação (TRACE) da Universidade Estadual de Feira de Santana, vinculado ao Programa de Iniciação Científica- PIBIC-UFRB.
    Ao narrarem suas trajetórias na obra audiovisual, as vozes, corpos e imagens de Ana Carolina Reis, Marla Luisa Brito, Alisson Lima e Matheus Vinicius Ferreira se lançam com palavras e gestos de encantamento (Simas e Rufino, 2019) como flechas certeiras, que subvertem a lógica doentia e violenta do carrego colonial e se potencializam assim como Exu na multiplicação e reinvenção da vida (Rufino, 2018), e da imagens e memórias.
    Desta maneira, as narrativas compartilhadas sobre si são reverberadas e “provoca uma desordem, na medida em que traz o corpo para o cerne do debate político/epistemológico/educativo.” (Rufino, 2018). É nesta possibilidade de reinvenção de imagens (Flusser, 2009) no cruzo com a potência e multiplicidade dos corpos, vozes e trajetórias em movimento, que reinventamos mundos, caminhos e rotas. Advindo da ética e comunicação de Exu, o Senhor de todas as possibilidades, o documentário Caminhos Abertos compartilha estas quatro narrativas com diferentes experiencias e saberes, que, no cruzo (Rufino, 2018) se potencializa e rompe fronteiras simbólicas, estruturais e comunicacionais impostas.
    Assim, mais do que produtos tecnológicos, as imagens técnicas no audiovisual são um campo simbólico em disputa, onde a liberdade criativa e a reflexão ética se tornam fundamentais para reconfigurar nossa relação com o mundo. Dobra a lógica colonial em defesa do encantamento da vida, dos sonhos, vontades, desejos e da garantia de direitos básicos dignos. Sendo a comunicação, a educação e tantos outros campos importantes e potente espaços na disputa e resistência por dias e caminhos a provir das encruzilhadas. Laroyê Exu.

Bibliografia

    FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Annablume, 2013.
    FRANCA DE SOUZA, S., & FILHO, J. C. 2022. A Morada como constelação e encruzilhada: estética e política em experiências audiovisuais. Disponível em: https://periodicos.uff.br/midiaecotidiano/article/view/52133
    LÉVY, P. O que é o virtual? Tradução Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1996.
    HOOKS, bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. Editora Cobogó. 2020.
    MARQUES, Ângela. Três bases estéticas e comunicacionais da política: cenas de dissenso, criação do comum e modos de resistência. ANAIS da XXI COMPÓS, Juiz de Fora-MG. Disponível em: https://periodicos.uff.br/contracampo/article/view/17494
    MARTINS, Leda Maria. Performances do tempo espiralar: poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.
    RANCIÉRE, Jacques. A partilha do sensível. 2. edição. São Paulo: Editora 34/EXO, 2009.
    REIS, Dyane Brito e TENÓRIO, Robinson Moreira. Cotas e estratégias de permanência