Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Samantha Ribeiro de Oliveira (PUC Rio)

Minicurrículo

    Doutora e mestra em Letras e Artes da Cena, na área de Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio, Samantha Ribeiro de Oliveira é graduada em Comunicação Social com habilitação em Cinema pela Universidade Federal Fluminense. Atuou como pesquisadora visitante no Laboratório de Cinema e Filosofia do Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa. Cineasta, radialista e gestora pública, atualmente é também roteirista, editora e produtora executiva na Rádio MEC / EBC.

Ficha do Trabalho

Título

    Notas sobre a atualização das políticas de indução regional da produção audiovisual brasileira

Seminário

    Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil

Resumo

    A comunicação estabelece uma análise comparativa entre as chamadas publicas anteriores e as atualmente anunciadas linhas de Arranjos Regionais e para as TV Públicas do Fundo Setorial do Audiovisual, ausentes desde 2018 do campo de financiamento instituído pelo FSA, e acompanha o primeiro ano de implantação do edital Seleção TV Brasil, desenvolvido para alimentar a programação da radiodifusão no campo público em todo o território nacional.

Resumo expandido

    A partir da inserção dos percentuais indutores de produção regional nas linhas de financiamento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), abriu-se um campo de observação e acompanhamento das produções desenvolvidas no esteio dessa novidade. Os dados de concentração da atividade apenas em algumas áreas das capitais dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo são bastante conhecidos, já os desse pequeno movimento de descentralização têm tido acompanhamento apenas pontual, com utilização de diferentes metodologias. Alguns estudos indicam caminhos, mas ainda resta muito a ser feito para a sistematização e unificação federativa dos resultados quantitativos e qualitativos dessa nova produção dita regional.
    No caso específico da linha de investimento complementar de Arranjos Regionais, os recursos estaduais e municipais funcionaram como impulsionadores do financiamento público federal. As chamadas para investimento com destinação inicial ao campo público de televisão traziam o indutor de desenvolvimento regional explícito, uma vez que os recursos financeiros disponíveis para a produção independente eram divididos igualmente pelas regiões do país, com especial atenção a esta divisão entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, situados na Região Sudeste.
    Nas primeiras duas décadas do século XXI, vimos surgir nas telas brasileiras novas poéticas dramatúrgicas relacionais, multicentradas, populares e não massificadas, produzidas a partir de diferentes territórios e com a utilização de etnotécnicas próprias. Nesta equação, entraram em cena ainda dois elementos: a origem social dos agentes criativos e a necessidade de elaborar soluções dramáticas adequadas à atmosfera que pretendiam imprimir em seus filmes. As experiências estéticas desenvolvidas pela Rosza Filmes, no Recôncavo da Bahia, e pela Filmes de Plástico, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas também pelos irmãos Marcos Carvalho e Eduardo Carvalho, na comunidade do Borel, situada zona norte do Rio de Janeiro, e as filmografias da empresa paraibana Vermelho Profundo, dos cineastas Adirley Queiroz, radicado na Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, e Lincoln Péricles (LKT), que cria a partir do Capão Redondo, no sudoeste paulistano, são alguns exemplos de experiências estéticas frutos deste movimento de desconcentração da produção audiovisual. São dramaturgias definidas por centralidades geográficas e estéticas diversas, por escritas de cena baseadas em múltiplas oralidades e por métodos de encenação específicos, que as tornaram distintas em si, dentro do campo audiovisual nacional.
    Do ponto de vista da política pública setorial, as políticas regionais desenvolvidas e implementadas pelas instâncias estaduais e municipais também tiveram participação central no surgimento dessas novas poéticas relacionais dramatúrgicas multicentradas. Não apenas as suas primeiras produções foram impulsionadas por recursos financeiros obtidos localmente, como também seu posicionamento na busca por fontes de financiamento de âmbito federal foi alterado pela existência das políticas públicas locais. Apesar dos indutores regionais não atuarem diretamente no que efetivamente faz as desigualdades existirem, é fundamental que sua formulação, implementação e aprimoramento sejam realizados de forma contínua, nas instâncias municipais, estaduais e federal, como ocorre com as políticas afirmativas educacionais, etnicas e de gênero, incluindo permanentemente os novos hábitos de consumo trazidos pelos avanços tecnológicos.
    Ausentes desde 2018 do campo de financiamento instituído pelo FSA, as linhas de Arranjos Regionais e para as TV Públicas têm tido diferentes abordagens em sua recente retomada. Esta comunicação estabelece uma análise comparativa entre as chamadas anteriores e as atuais, e acompanha o primeiro ano de implantação do edital Seleção TV Brasil, desenvolvido para alimentar a programação da radiodifusão no campo público em todo o território nacional.

Bibliografia

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