Ficha do Proponente
Proponente
- Let Pei Galvão Martins (USP)
Minicurrículo
- Mestranda em Meios e Processos Audiovisuais na ECA-USP (2023-atual). Licenciada em Cinema com especialização em Montagem pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa (2018-2021). Pesquisa estética no cinema, história do cinema e literatura comparada. No mestrado, realiza um estudo de caso do filme Hapax Legomena II: Poetic Justice, de Hollis Frampton, abordando suas imbricações com a literatura e a fotografia, além de sua relação com a própria obra teórica de Frampton.
Ficha do Trabalho
Título
- Hollis Frampton & Eadweard Muybridge: aproximações
Eixo Temático
- ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL
Resumo
- Tendo em vista o proto-cinema de Eadweard Muybridge e seus estudos sobre o movimento do corpo humano, o artigo irá mostrar suas relações com a linguagem cinematográfica do cinema experimental de Hollis Frampton. A partir de uma análise de seu filme “Ingenivm Nobis Ipsa Puella Fecit” nos atentaremos às aproximações existentes entre o zoopraxiscópio de Muybridge e a estética da obra de Frampton. Como o passado do cinema pode servir como um decalque para a composição de novos experimentos?
Resumo expandido
- Eadweard Muybridge foi um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento das tecnologias que desembocaram na criação do cinema, a partir do advento de seu instrumento chamado “zoopraxiscópio”. Fotógrafo, Muybridge passou a buscar através de novas técnicas o registro do movimento do corpo — humano ou animal. A partir da impossibilidade de uma fotografia nos mostrar as evidências e nuances do movimento, um novo aparato foi desenvolvido. Através da busca pela captação de uma locomoção “realista”, Muybridge mudou completamente os paradigmas existentes no que diz respeito o registro do movimento dos fenômenos do mundo. Seu legado, dessa forma, é inestimável. Porém, além do advento de uma nova tecnologia, Muybridge acaba por influenciar esteticamente a criação de obras cinematográficas, principalmente no chamado “cinema experimental”.
Também fotógrafo, Hollis Frampton decide começar a fazer cinema justamente por conta daquilo que diferencia essa arte da fotografia: a captação do movimento. Ao mesmo tempo, compôs filmes “quase fotográficos”, justamente pelo pouquíssimo movimento empregado: inclusive, alguns deles nasceram de séries de fotografias que foram eventualmente filmadas em película. Muybridge é encarado pela crítica de cinema, principalmente, como um técnico, ou seja, alguém responsável por influenciar as mudanças cinematográficas a partir de suas invenções. Frampton, por sua vez, encarava-o acima de tudo como um artista: é a partir dessa relação que irá desenvolver muitos de seus filmes e seu texto “Eadweard Muybridge: Fragments of a Tesseract”. Em “Ingenivm Nobis Ipsa Puella Fecit”, de 1975, Frampton faz uma obra que estilisticamente se apresenta como um filme digno do legado de Muybridge, justamente por expor em sua forma as nuances do estudo do movimento de uma maneira muito similar a que foi realizada no século XIX. Podemos, aqui, enxergar uma aproximação incisiva de linguagens entre o proto-cineasta e o cineasta experimental.
A partir de uma análise do filme e dos trabalhos de Muybridge, além da obra teórica de Frampton, iremos elencar as aproximações estéticas existentes entre as duas figuras, além da importância do estudo do movimento para o desenvolvimento da linguagem experimental dos filmes de Hollis Frampton. Dessa maneira, o estudo será baseado no que diz respeito às ligações que a linguagem do proto-cinema de Muybridge pode ter com o estilo estabelecido por Frampton em seus filmes. Como o passado do cinema pode servir como um decalque para a composição de novos experimentos?
Bibliografia
- CRARY, Jonathan. “Técnicas do Observador”. Contraponto: Rio de Janeiro, 2012.
DIDI-HUBERMAN, Georges. “O que vemos, o que nos olha”. Editora 34: São Paulo, 2010.
DIDI-HUBERMAN, Georges. “Diante da Imagem: questão colocada aos fins de uma história da arte” Editora 34: São Paulo, 2013.
FRAMPTON, Hollis. “Circles of Confusion: Film, Photography and Video”. Visual Studies Workshop Press: Nova Iorque, 1983.
JENKINS, Bruce (org.), FRAMPTON, Hollis. “On the Camera Arts and Consecutive Matters – The Writings of Hollis Frampton”. The MIT Press: Cambridge, 2009.
MUYBRIDGE, Eadweard. “The Human Figure in Motion”. Dover Publications: Nova Iorque, 1955.
SOLNIT, Rebecca. “River of Shadows: Eadweard Muybridge and the Technological Wild West”. Penguin Books US: Nova Iorque, 2004.
ZRYD, Michael. “Hollis Frampton: Navigating The Infinite Cinema”. Columbia University Press: Nova Iorque, 2023.