Ficha do Proponente
Proponente
- Ceiça Ferreira [Conceição de Maria Ferreira Silva] (UEG)
Minicurrículo
- Doutora em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB). Professora do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Fundadora e diretora do Cineclube Maria Grampinho, no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, em Goiânia.
Ficha do Trabalho
Título
- Cineastas negras no centro-oeste do Brasil: políticas de coletividade e pertencimento além das telas
Seminário
- (Re)existências negras e africanas no audiovisual: epistemes, fabulações e experiências
Resumo
- A partir do legado de pioneiras e de contextos de ascensão e visibilidade propiciados por políticas públicas de expansão das universidades, como a criação de cursos fora do eixo Rio-São Paulo, a formulação de ações afirmativas direcionadas para o setor e a emergência de coletivos de profissionais negros e negras, é que este trabalho apresenta um breve panorama da produção audiovisual feminina negra no centro-oeste do país.
Resumo expandido
- A partir do legado de Adelia Sampaio e outras pioneiras como Beatriz Nascimento; e também a partir de “um cinema de identidade entendido como espaço de pertencimento” como indica a noção de Cinema Negro no Feminino (Souza, 2020; Ferreira e Souza, 2023), é que mulheres negras de diversas partes do país tem criado entre si redes de contato, estímulo e reconhecimento profissional; e com o apoio de editais públicos, universidades ou mesmo financiamento coletivo têm utilizado o audiovisual para contar suas próprias história. Enfim, têm feito do cinema um espaço para criar narrativas de resistência e afeto, para tecer rotas de liberdade.
Entretanto, ainda são escassas as publicações e referências bibliográficas sobre essa produção. Por isso, este trabalho apresenta um breve panorama dos Cinemas Negros no Feminino feitos na região centro-oeste (Ferreira; Reis, 2024) e situa-o em contextos de ascensão e visibilidade propiciados por políticas públicas, como a expansão das universidades, a criação de cursos fora do eixo Rio-São Paulo e a formulação de ações afirmativas direcionadas para o setor, bem como a criação de iniciativas de estímulo direcionadas para a região, como o Prêmio Cora, que visa fortalecer e dar visibilidade ao trabalho desenvolvido por mulheres roteiristas e diretoras atuantes em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.
Neste sentido, também vale salientar a emergência de coletivos de profissionais negros e negras (Ferreira; Carvalho, 2021), que são relevantes para se pensar, conforme pontua Oliveira (2022, p.9), as políticas de coletividade como característica forte e importante que cerca as produções do cinema negro no feminino, visto que não apenas oferece um contraponto à figura da diretora como única autora do filme, como designa estratégias de realização, pois mesmo diante da escassez de recursos, […] “é comum encontrar produções realizadas através de um sistema de coletividade e ajuntamento,onde equipes se formam por afinidades e/ou por acreditar nos projetos de suas criadoras”.
Como exercício analítico este trabalho se debruça sobre as trajetórias das cineastas Ana Clara Gomes (GO), Vanessa Goveia (GO), Renata Diniz (DF) e Juliana Segóvia (MT); e do Aquilombamento Audiovisual Quariterê, que inspira-se na história de resistência do quilombo Quariterê e de sua rainha, Teresa de Benguela, para empreender políticas de coletividade, agregando profissionais negras e negros do audiovisual mato-grossense (Pinto, 2022). Tais trajetórias destacam centralidades para além do eixo Rio-São Paulo, construindo assim uma nova geografia do cinema brasileiro.
Bibliografia
- FERREIRA, Ceiça; SOUZA, Edileuza Penha de. Sobre Cinema, amor e cuidado: mulheres negras na direção e na curadoria . Comunicação & Inovação, 24, 2023, p.1-19.
FERREIRA, Ceiça; CARVALHO, Clarissa. Novas formas de visibilidade: representações de gênero e raça no audiovisual em Goiás. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v. 44, n. 1, p.149-172, jan./abr. 2021.
FERREIRA, Ceiça; REIS, Lidiana (orgs.). Águas correntes: mulheres no audiovisual do Centro-Oeste. Anápolis, GO: Editora UEG, 2024.
OLIVEIRA VIEIRA, Luciana. Cineastas negras: produção cinematográfica e políticas da coletividade. Revista Eletrônica Extensão em debate, v. 11, n. 09, 2022.
PINTO, Maurício. Cinema negro de mato grosso, o que é?. In: SIQUEIRA, Aline Wendpap Nunes et al (org). Cinema e Audiovisual em Mato Grosso. São Paulo : Paruna Editorial, 2022, p.144-160.