Ficha do Proponente
Proponente
- Marina Mapurunga de Miranda Ferreira (UFRB)
Minicurrículo
- Professora de Som do curso de Cinema e Audiovisual da UFRB, onde coordena o projeto de extensão SONatório – Laboratório de Pesquisa, Prática e Experimentação Sonora. Professora vinculada ao PPGCOM-UFRB. Doutora em Artes (Música – Sonologia) pela USP. Mestra em Comunicação pela UFF, especialista em Audiovisual em Meios Eletrônicos pela UFC e realizadora audiovisual pela Escola Pública de Audiovisual de Fortaleza Vila das Artes.
Ficha do Trabalho
Título
- Trabalhadoras do som no audiovisual contemporâneo da Bahia
Seminário
- Histórias e tecnologias do som no audiovisual
Resumo
- Este trabalho busca pelas trabalhadoras do som no audiovisual que são da Bahia e atuam neste estado partindo da escuta de suas vozes sobre suas atuações, relações de trabalho, formação e questões relacionadas ao ser mulher neste meio. Este trabalho é um desdobramento da pesquisa “Escuta, substantivo feminino:”, em que eu e Tide Borges realizamos com 28 trabalhadoras do som no Brasil, tratando de assuntos sobre escuta, maternidade, preconceito, assédio e machismo nas relações profissionais.
Resumo expandido
- Este trabalho busca pelas trabalhadoras do som no audiovisual que são da Bahia e atuam neste estado partindo da escuta de suas vozes sobre suas atuações, relações de trabalho, formação e questões relacionadas ao ser mulher neste meio.
Esse trabalho é um desdobramento de uma pesquisa apresentada anteriormente na SOCINE junto com a pesquisadora, professora e sonidista Tide Borges, chamada “Escuta, substantivo feminino:”, em que realizamos um questionário com 28 mulheres tratando de temas voltados a relação das mulheres com a escuta, a divisão do trabalho, a maternidade, o preconceito, o assédio e o machismo nas nossas relações profissionais.
Esta pesquisa atual visa focalizar nas trabalhadoras do som do estado da Bahia, tanto nas que são baianas, quanto nas que moram na Bahia. Escolho pela Bahia, por estar morando neste estado desde 2013. Muitos conhecidos de outros estados sempre vêm me perguntar se tenho indicação de alguma mulher que faça som direto por aqui. Conheço algumas, mas com esta pesquisa, escolho ir além, buscar pelas que ainda não conheço e conhecer mais as que já conheço.
Inicialmente realizo um levantamento das mulheres que têm trabalhado com som na Bahia, tanto na produção quanto na pós-produção de som. Em um segundo momento, realizo o mesmo questionário feito na pesquisa anterior com algumas pequenas atualizações.
Convido três das trabalhadoras da Bahia, para uma conversa. Escolho aqui a conversa enquanto método (Campesato; Bonafé, 2019), para provocar a escuta e a fala das duas subjetividades, que depois são analisadas tanto em uma escuta em tempo real (no momento em que se conversa) como em uma segunda escuta em tempo diferido (por meio de uma gravação). Há um trânsito entre as falas e as escutas.
Para realizarmos a conversa, precisamos estar à escuta. Estar à escuta para o pensador francês Jean-Luc Nancy (2014), ou disponível para a escuta do outro, implica estabelecer uma relação. Quando falamos, nossa voz vibra em nós e para fora de nós. Falando ao outro, nós mesmos nos escutamos. O outro, que está à escuta, ressoa a si mesmo nessa escuta do outro. Para Nancy (2014), a escuta do outro é uma ressonância de si.
Na conversa, a voz não é só palavra (Adriana Cavarero, 2011), é esse excedente, sua sonoridade, que confere um corpo a essa voz. Uma emissão vocálica implica uma escuta, a da própria voz e a de outrem, o que também implica uma relação com outro ser singular, estabelecendo um espaço político de interação. Em sua teoria, os sujeitos tomam o lugar dos indivíduos. Segundo Cavarero (2011), os sujeitos têm nome e endereço, isto é o discurso tem origem geográfica e histórica.
Nesta pesquisa, quero trazer os questionamentos iniciais realizados por mim e por Tide Borges e perceber como eles se relacionam com as trabalhadoras do som na Bahia. A partir das respostas, das escritas e falas de si, dessas mulheres, identificarei suas aproximações e distanciamentos.
Bibliografia
- CAMPESATO, Lílian; BONAFÉ;, Valéria. A conversa enquanto método para emergência da escuta de si. Debates, n. 22, p.28-52, dez., 2019.
CAVARERO, Adriana. Vozes Plurais: filosofia da expressão vocal. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
ECKHARDT, Julia; DE GRAEVE, Leen. The second sound – conversations on gender and music. Bruxelas: umland, 2017.
GUIMARÃES, Clotilde B.; FERREIRA, Marina Mapurunga de Miranda. Escuta s. fem.: In: TEDESCO, Marina Cavalcanti (org). Trabalhadoras do cinema brasileiro: Mulheres muito além da direção. 1. ed. – Rio de Janeiro: NAU Editora, 2020.
NANCY, Jean-Luc. À Escuta. Belo Horizonte: Edições Chão da Feira, 2014.
RAGO, Margareth. “Epistemologia feminista, gênero e história”. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p.371- 390.