Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Carla Regina Vr (ETESC/FAETEC)

Minicurrículo

    Doutora em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ (2021), com o estudo sobre o cinema alternativo nos bairros e subúrbios. Mestre em Memória Social, pela UNIRIO (2015). Possui graduação em Educação Artística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1993), com habilitação em História da Arte. Atualmente está na secretaria municipal de educação do Rio de Janeiro como regente de Artes Visuais. Atua também na ETESC-FAETEC com ensino médio e profissionalizante.

Ficha do Trabalho

Título

    “Era só mais um Silva”: A estrela que brilha em Marcelo Gularte.

Resumo

    A democratização do cinema traz em evidencia a produção de audiovisual em todas as partes das cidades. O cinema possível reforça a percepção de que é, a condição atual para falas cotidiana e suas demandas. Marcelo Gularte, morador e cineasta na zona Oeste do Rio de Janeiro é um destaque. Em “Era só mais um Silva” (2019) mostra o cineasta alternativo despertando o lugar de voz, vez e visão. São dados, arquivos e fatos de uma indústria nacional que existem. Se não ignorados, serão encontrados.

Resumo expandido

    O cinema é dispositivo atrativo, pois sempre ofereceu desde de sua criação, o poder, e magia da imaginação. A fusão de realidades pelas narrativas ficcionais ou documentárias misturam clichês em consumo e entretenimento; ou processo de exteriorização pessoal e prática de identidades. Acessibilidade tecnológica desafiava aqueles que se encantavam com essa arte. Assim, fazer filme deixou de ser algo extraordinário e custoso perante o avanço tecnológico, e permitiu experiências com a linguagem cinematográfica de forma massiva. A dilatação no uso e na manutenção do cinema no cotidiano do público contemporâneo popularizou e aguçou a democratização do cinema.
    Vida real e ficcional se misturam com a velocidade como imposição. A observação e o acompanhento das atividades do cinema, ajudam a esclarecer a potência da presença dessa arte. Circuitos criados, oferecem provocações que tendem a causar transformações nas visões, ao qual o mundo precisa. Dimensionar os acontecimentos como os festivais que são organizados, é uma forma de destacar a importância da produção e exibição de filmes, em instituições e espaços públicos ou privados. São evidencias _ voz, vez e visão. O processo metodológico da produção cinematográfica, entre sua exibição e circulação passa a ser uma forma de mercado e indústria, mas também uma metodologia que chama atenção. Contribui e move domínios acerca da forma de linguagem de comunicação, informação, criação e a reimaginação da própria vida.
    Os cinemas produzidos, em grupo ou por autoria classificados como baixo orçamento fogem de rótulos e se afastam de modelos, e apontam caminho para cinemas possíveis. Essa forma peculiar de chamar os filmes feitos a partir de recursos próprios ou remediados por editais é a maneira de valorizar as ações e iniciativas do cinema alternativo ou independente, em seus processos criativos. Fonte de conhecimento que se expandem e atravessam fronteiras. Este cinema também conhecido como novíssimo recebe apoio de cineclubes e redes de apoio, em formatos de mídias que servem de suporte. O cinema possível, torna o impossível acontecer, a real democracia. O eu mediado por conhecimento próprio ao praticar na coletividade, o trabalho em equipe, a promoção de autoconhecimento.
    A contribuição cientifica e reflexiva deste trabalho promoverá o conhecimento sobre o homem-artista, produtor cultural, escritor, roteirista comprometido com o seu mundo, com seu bairro, em suas crenças em depositar na arte, a esperança de transformação do mundo, e desafia o mercado. A História de Bob Rum é contada em um longa, exibido pela primeira vez no campo e futebol, no bairro de São Fernando em Santa Cruz. Entrada gratuita, cadeiras arrumadas, uma tela imensa montada por “Cinemão”, projeto de Cid César, parceirão na produção e na exibição. O filme está na Prime Vídeo. A música inspiração do roteiro traz a lembrança de um tempo nacional, e pinça a história de um morador do bairro de Santa Cruz. Experiência de pertencimento coletivo, e de superação. Nesta parte da cidade do Rio de Janeiro, vazios culturais são comuns, um longa metragem em formato de documentário é realizado por outro protagonista desse espaço, morador de Realengo. Cumplicidade, intimidade, respeito, e representatividade. Assim como a música “Era só mais um Silva”, o cinema feito por Marcelo é a afirmação de identidade como resistência em visibilidade. Quebra o clichê, um cinema feito de baixo orçamento parte de projeto um projeto maior. O cinema alternativo como ações culturais que promovem acessibilidade e memoria a toda comunidade. Anuncia esperança e confiança como legado. O cinema ao ser popularizado por produções alternativas, transborda de informações, sentidos que promovem conexão entre o tempo e o espaço. E não deixa dúvidas sobre sua função. Não importa para onde o cinema vá, não podemos perder de vista suas origens, e as significações que carrega em si: O direito e o dever de fazer a estrela brilhar como pratica de visibilidade e vida.

Bibliografia

    CARVALHO, Thiago. Cinema é celebração: a cena de exibição independente do Rio de Janeiro na virada nos anos 2000 – publicado em BORGES, Cristian…[et al.]. Anais de textos completos do XXVI Encontro Socine. São Paulo: SOCINE, 2024.
    IKEDA, Marcelo O “cinema de garagem”, provisoriamente: notas sobre o contexto de renovação do cinema brasileiro a partir da virada do século. Aniki vol.5, n.º 2 (2018): 457-479 | ISSN 2183-1750 doi:10.14591/aniki.v5n2.394
    LEROUX, Liliane. A Baixada tem, a Baixada Filma: a periferia, da representação à auto apresentação: Pluriverso,2023. https://pluriverso.online/wp-content//uploads/2021/09/A-Baixada-tem-a-Baixada-Filma__-a-periferia-da-representacao-a-autoapresentacao-Liliane-Leroux.pdf
    MIGLIORIN, Cezar. Por um cinema pós-industrial: Notas para um debate. Cinética. fev.2011.
    RODRIGUES, Carla Regina. Zona Oeste Afetiva e Singular. Um panorama e discussões com os cineastas e artistas cinematográficos da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Edit. Zna Oeste Escrita, 2