Ficha do Proponente
Proponente
- Juliane Peixoto Medeiros (IFB)
Minicurrículo
- Juliane Peixoto nasceu em Brasília (1985) e trabalha com direção de fotografia, educação e cinema. É professora do IFB – Instituto Federal de Brasília, uma das diretoras do Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental, diretora artística e coordenadora de curadoria do Festival Recanto do Cinema – Audiovisual na Periferia. É mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Coautor
- Allex Rodrigo Medrado Araújo (IFB)
Ficha do Trabalho
Título
- Pedagogias da exibição e dispositivos estético-políticos
Seminário
- Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual
Resumo
- A comunicação tem como objetivo apresentar as experiências e ações de exibição, circulação, produção e preservação de acervo do audiovisual realizadas pelo Núcleo de Práticas Integradoras Recanto do Cinema e esboçar pedagogias da exibição cinematográfica. Por pedagogias da exibição são entendidas todas as ações e reflexões que entendem a importância da difusão audiovisual e dos diversos modos de exibição, e se fazem com e através da troca, do diálogo e da colaboração comunitária e democrática.
Resumo expandido
- A comunicação tem como objetivo apresentar as experiências e ações de exibição, circulação, produção e preservação de acervo do audiovisual realizadas pelo Núcleo de Práticas Integradoras Recanto do Cinema* e esboçar pedagogias da exibição cinematográfica. Por pedagogias da exibição são entendidas todas as ações e reflexões que entendem a importância da difusão audiovisual e dos diversos modos de exibição, e se fazem com e através da troca, do diálogo e da colaboração comunitária e democrática.
Pensar o gesto de programação e exibição em espaços públicos não-legitimados como uma experiência coletiva de cinema, do ver junto é fortalecer as produções audiovisuais brasileiras que não alcançam salas hegemônicas de exibição. Esse gesto é um dispositivo que possibilita, também, ampliar a noção de circuito exibidor e de tela, dos modos de circulação, e da preservação e memória dos filmes brasileiros. O campus em que atuamos se localiza na cidade (região administrativa do DF) Recanto das Emas, um território periférico de relevante produção artística e que não possui nenhuma sala de cinema, assim como, poucos equipamentos culturais. Para tanto, todas estas ações e reflexões do fazer audiovisual atuam junto a um tecido territorial e político que contribuem para a emancipação, autonomia, fabulação de mundos possíveis e luta pelo direito à cidade.
Os processos pedagógicos do Núcleo Recanto do Cinema e suas ações como o cineclube Recanto do Cinema e o Festival Recanto do Cinema – audiovisual na periferia (que já realizou quatro edições ao longo de seis anos) podem ser compreendidos como experiências de fazer cinema em sala de aula, considerando suas especificidades. Nesse momento de criação, a forma de pensar e realizar se constitui sem modelos prévios. A proposta é que se faça com tudo aquilo que nos cerca, territórios, pessoas, coisas e memórias – uma partilha que nos demanda atenção e envolvimento.
Sabendo dos riscos, consideramos a importância de estar ciente da realização de uma prática de exibição que não se estabelece como um meio confortável de aprendizado e de experimentação. Não possuímos clareza do formato a ser alcançado e que, de alguma forma, é importante abandonar a tentativa de um certo domínio e organização. Nesse sentido, torna-se necessário uma aproximação do cinema e do audiovisual como quem se aproxima de um labirinto, composto de imagens e sons articulados em intervalos e que assumem suas lacunas. Esses modos sobreviventes de produção, esses dispositivos que surgiram nesse processo de construção das práticas do Núcleo Recanto do Cinema já carregam em si a história vivida neste período. Entre comunidades e forças imbricadas na constituição de gestos de curadoria, exibição e preservação de filmes, há uma fabricação de uma dimensão coletiva e social de engajamento e partilha das experiências, dos afetos e das vidas envolvidas no espaço da escola. E que, nos instantes dilatados dessas experiências estéticas, seja possível criar outras outras formas de encontros, de práticas, de aprendizagens e composições para o vivível diante de nossas janelas.
*Núcleo Institucional de Práticas Pedagógicas que compõem os projetos pedagógicos curriculares dos cursos técnicos em Produção de Áudio e Vídeo nas modalidades EMI, ProEJA e Subsequente do Instituto Federal de Brasília – campus Recanto das Emas.
palavras-chaves: Recanto do Cinema; Pedagogias da Exibição; Dispositivos estético-políticos.
Bibliografia
- AGAMBEN, G. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.
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INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA (IFB). Campus Recanto das Emas. Plano do curso Técnico de Produção de Áudio e Vídeo. Brasília, 2017.
MIGLIORIN, C. Invitavelmente Cinema: educação, política e mafuá. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2015.
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