Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Mariana Ribeiro da Silva Tavares (UFMG)

Minicurrículo

    Foi Professora Visitante no Departamento de Fotografia e Cinema da Escola de Belas Artes, UFMG (2021-2023). É autora do livro Helena Solberg, do Cinema Novo ao Documentário Contemporâneo (Imprensa Of. SP, 2014) e de capítulos em livros sobre o Cinema Brasileiro – Feminino e Plural (Papirus, 2017). É também autora e organizadora dos livros Escola de Belas Artes, UFMG: 65 Anos de Ensino-Aprendizagem em Artes (Ramalhete, 2024) e Pesquisas em Animação – conexões internacionais – Vols 1 e 2 (2024).

Ficha do Trabalho

Título

    Articulação da montagem em “Um filme para Beatrice” (2024).

Resumo

    A proposta deste trabalho é analisar de que forma Helena Solberg, em seu mais recente documentário – “Um filme para Beatrice” (2024) – lança mão dos procedimentos de montagem que marcam seu estilo autoral: narração autorreferencial; uso da ficção no documentário; elipses; diálogo entre a narração em off e a trilha sonora do filme; uso de material de arquivo sonoro e imagético para repensar seus filmes de forma dialógica, tornando seu cinema objeto de investigação fílmica.

Resumo expandido

    A filmografia de Helena Solberg compreende dezessete filmes entre ficções e documentários, com passagem pelo cinema novo, cinema feminista e político, na ficção e no documentário, nas últimas seis décadas. Pela primeira vez em sua filmografia, em seu mais recente documentário “Um filme para Beatrice” (2024), a cineasta se coloca em cena e torna seu cinema, objeto de investigação fílmica.
    Para articular seu pensamento, a cineasta cria um filme de montagem e utiliza procedimentos recorrentes em sua filmografia: narração autorreferencial; uso da ficção no documentário; elipses; diálogo entre a narração em off e a trilha sonora do filme e uso de material de arquivo sonoro e imagético (filmes, fotografias, ilustrações, reportagens, documentos, músicas e depoimentos). Nesta operação de montagem, recicla sons e imagens de arquivo de forma reflexiva, “construindo um olhar e um pensamento sobre as imagens e sons, desencadeando processos memoriais e deixando um importante espaço de construção para o espectador” (CASTRO, 2015).
    O filme também reverbera temas de sua predileção como a condição da mulher no continente americano; a influência da Igreja católica na conformação do papel da mulher na sociedade patriarcal e no apagamento dos povos originários e sua cultura e o apoio do governo estadunidense às ditaduras na América Latina, nas décadas de 1970 e 1980 (TAVARES, 2014).
    A proposta deste trabalho é analisar de que forma, em “Um filme para Beatrice” a cineasta em conjunto com as montadoras Ana Paula Carvalho e Marília Moraes articula imagens e sons para construir uma narrativa dialógica que estabelece um movimento duplo: um movimento interno que pensa o próprio cinema e os desafios na construção fílmica e um externo, que conduz a questões de gênero na contemporaneidade e aos desafios colocados pela intolerância religiosa, pela opressão de classe, gênero, raça e etnia.

Bibliografia

    CASTRO, I. Só me interessa o que não é meu: filmes de montagem brasileiros como pensamento social sobre o Brasil. In: Devires, Belo Horizonte, v. 12, n. 2, p. 94-119, jul/dez 2015. Disponível: https://bib44.fafich.ufmg.br/devires/index.php/Devires/article/view/103/200. Acesso em: 29.03.2025
    LEONE, E. Reflexões sobre a montagem cinematográfica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.
    MOURÃO, M. D. G. (2006). A montagem cinematográfica como ato criativo. In: Significação: Revista De Cultura Audiovisual, 33(25), 229-250.
    RAMOS, F; SCHVARZMAN, S (org.). Nova história do cinema brasileiro. São Paulo: Edições Sesc, 2018. v. 1 e 2.
    TAVARES, M. Helena Solberg: Trajetória de uma documentarista brasileira. (Tese de doutorado). PPG-Artes/ EBA – UFMG. BH, 2011.

    ___________________. Helena Solberg, do Cinema Novo ao Documentário Contemporâneo. SP: Imprensa Oficial de SP, 2014.
    brasileiras de 1930 a 2018. SP: Estação Liberdade, 2019.