Ficha do Proponente
Proponente
- Vinícius Oliveira Rocha (UNICAMP)
Minicurrículo
- Doutorando em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), Mestre em Comunicação e graduado em Jornalismo pela Universidade
Federal de Sergipe (UFS), onde também exerceu a atividade de professor substituto de
Jornalismo (2023-2024). Pesquisa nas linhas do Jornalismo Regional, Geografias da
Comunicação, Jornalismo Cultural, Crítica Cinematográfica e Estudos do Cinema. Além
disso, também atua como escritor e crítico de cinema e TV no portal Oxente, Pipoca.
Ficha do Trabalho
Título
- A crítica de cinema e o cineclubismo online: os casos do Clube Cinemafilia e do Narrativa Clube
Eixo Temático
- ET 5 – ETAPAS DE CRIAÇÃO E PROCESSOS FORMATIVOS EM CINEMA E AUDIOVISUAL
Resumo
- O presente trabalho busca investigar as relações entre a crítica de cinema e a
prática do cineclubismo no ambiente digital contemporâneo, observando-se os cineclubes
online como uma extensão do trabalho dos críticos, além da construção de novos espaços
de sociabilidade. Para isso, será feito um estudo de caso do Clube Cinemafilia, da crítica
maranhense Fabiana Lima, e do Narrativa Clube, do crítico potiguar Júlio Oliveira,
tomando-se como metodologia a Entrevista Semiestruturada.
Resumo expandido
- O presente trabalho busca investigar as relações entre a crítica de cinema e a
prática do cineclubismo no ambiente digital contemporâneo, observando-se os cineclubes
online como uma extensão do trabalho dos críticos, além da construção de novos espaços
de sociabilidade. Para isso, será feito um estudo de caso do Clube Cinemafilia, da crítica
maranhense Fabiana Lima, e do Narrativa Clube, do crítico potiguar Júlio Oliveira,
tomando-se como metodologia a Entrevista Semiestruturada.
Entende-se aqui a crítica cinematográfica como um gênero discursivo que se apoia
em recursos linguísticos argumentativos, informando o leitor sobre a obra fílmica
analisada e o tema em debate, as qualidades e os defeitos evidenciados na produção e o
desempenho dos profissionais envolvidos (Braga, 2013). Convenciona-se que o período
áureo da crítica teve início nos anos 1950, com o surgimento de revistas como a Cahiers
Du Cinéma. Antes, porém, profissionais ligados ao ramo já atuavam em diversas linhas
de frente relacionadas ao cinema, incluindo-se aí os cineclubes, cujas origens podem ser
rastreadas aos anos 1920, na França.
No Brasil, os cineclubes se difundem pelo país a partir dos anos 1930,
consolidando-se na década de 1950, como é o caso do Clube de Cinema da Bahia, em
Salvador, este último coordenado pelo crítico Walter da Silveira e fundamental para a
construção de uma geração de cineastas e críticos de cinema baianos (Carvalho, 2019).
Segundo Bamba (2005), os cineclubes se estruturam como espaços para a manifestação
espontânea de uma forma de comunicação estética compartilha e pública sobre os filmes.
Embora a prática do cineclubismo tenha reduzido significativamente a partir dos
anos 1980 no país, ela ressurgiu na década de 2000, estimulada sobretudo pelo advento
da internet, a produção de sites e blogues voltados à prática da cinefilia e a facilidade de
difusão dos filmes no meio digital. Tais transformações estão em consonância com as
próprias mudanças vivenciadas pela crítica de cinema, que cada vez mais tem migrado
para o ambiente digital e explorado suas potencialidades, ainda que não sem tensões
(Rocha, 2023).
Neste sentido, as trajetórias de Fabiana e Júlio emergem como exemplos dessas
transformações pelas quais passam não só a crítica, mas o cineclubismo. Para ela, a
criação do Clube Cinemafilia se deu como uma forma de se aproximar do seu público e
estabelecer uma fonte de renda para seu ofício de crítica. Já segundo Júlio, o Narrativa
Clube foi a maneira que ele encontrou de discutir sobre cinema com outras pessoas sem
incorrer no problema da toxicidade e agressividade que permeiam redes sociais como o
X/Twitter. Porém, ele não enxerga o cineclube como uma fonte de renda significativa,
considerando que sua relevância se dá mais pelo seu próprio aprendizado, à medida em
que estuda e prepara os materiais de discussão sobre os filmes selecionados. Isso se alinha
à percepção de Fabiana sobre um dos papéis da crítica ser o institucional.
Para ambos, o fato de seus cineclubes serem online é uma vantagem, pois permite
alcançarem um público a nível geográfico que não seria possível no formato presencial,
além da maior diversidade de opções para se assistir aos filmes. Além disso, cria-se um
senso de comunidade que vai para além dos encontros, como evidenciados pelos grupos
de whatsapp criados por eles para manter o contato com os membros do cineclube.
Portanto, ambas as experiências de Fabiana e Júlio com seus respectivos
cineclubes refletem uma faceta ainda pouco explorada da emergência do cineclubismo no
meio digital, que é a relação construída com a crítica de cinema. Seja como uma fonte de
renda para uma profissão historicamente precarizada ou como um espaço de sociabilidade
que agrega indivíduos unidos por seu amor ao cinema, o Clube Cinefilia e Narrativa
Clube mostram que o cineclubismo tem muito a ganhar com as possibilidades oferecidas
pelo meio digital.
Bibliografia
- BAMBA, Mahomed. A ciber-cinefilia e outras práticas espectatoriais mediadas pela
internet. XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Rio de Janeiro, 5-
9 set. 2005.
BRAGA, Carolina. A crítica jornalística de cinema na internet: um dispositivo em
transformação. 2013. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Universidade Federal
de Minas Gerais e Universidad Autónoma de Barcelona. 2013.
CARVALHO, Rafael. Pilares de uma trajetória crítica: o cinema escrito na Bahia. In:
SILVA, Paulo Henrique (org.). Trajetória da crítica de cinema no Brasil. Belo
Horizonte : Letramento; Abbraccine, 2019, p. 50-88.
ROCHA, Vinícius Oliveira. A crítica de cinema como gênero discursivo jornalístico:
um estudo de caso a partir de Bacurau. 2023. Dissertação (Mestrado em Comunicação) –
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2023, 120 p.