Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Alexandre Nakahara (USP)

Minicurrículo

    Alexandre Nakahara é doutorando no programa de Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com período de pesquisa sanduíche na Universidade da Califórnia em Berkeley (2024). Atualmente, sua pesquisa investiga a relação entre orientação espacial e cinema. Sua dissertação de mestrado abordou a representação de personagens brasileiros no cinema japonês contemporâneo. Ambas as pesquisas foram financiadas pela CAPES.

Ficha do Trabalho

Título

    Navegação espacial no cinema

Seminário

    Cinema e Espaço

Resumo

    Essa apresentação dedica-se a relacionar a navegação espacial e o cinema. O cinema, como uma arte do movimento e que possui interlocuções com outras artes como a arquitetura, possui uma navegação intrínseca à sua experiência. Ao relacionarmos navegação com cinema, é possível demonstrar os modos que navegamos por filmes e também desvendar alguns mecanismos que promovem semelhanças do cinema tanto com uma viagem de trem quanto com uma jornada a pé.

Resumo expandido

    Esta apresentação dedica-se a explorar a relação entre a navegação espacial e o cinema. Entende-se por navegação o deslocamento por espaços físicos — geralmente de um ponto de partida a um ponto de chegada —, utilizando técnicas para localização e medição de distâncias ao longo do percurso. O cinema, como arte do movimento e em diálogo com outras artes, como a arquitetura, possui uma dimensão de navegação intrínseca à sua experiência, especialmente em filmes que exploram movimentos de câmera e montagem narrativa.
    Ao relacionar navegação e cinema, é possível revelar os modos como navegamos pelos filmes e também desvendar os mecanismos que aproximam a experiência cinematográfica tanto de uma viagem de trem quanto de uma jornada a pé. A navegação num filme, ao contrário daquela realizada no espaço físico, depende de uma confiança intensa na figura dos navegadores e em sua condução. Essa confiança é o que permite, por exemplo, que o cinema ofereça uma experiência segura de sentimentos como desorientação e errância — sensações que, num contexto de navegação física, seriam consideradas prejudiciais.
    Minha proposta é que a navegação no cinema constitui uma experiência multifacetada, que se desenvolve em pelo menos três momentos distintos: desde a fase de pré-produção até a pós-produção, e que se completa na experiência do espectador. Para ser realizada, a navegação conta com navegadores mais ou menos escondidos nas figuras de roteiristas, diretores e montadores, mas também com um espectador que é ao mesmo tempo passageiro e navegador.
    Enquanto na navegação física utilizam-se instrumentos e técnicas como mapas, bússolas e outros procedimentos, no cinema empregam-se estratégias análogas, cujo principal objetivo é localizar o espectador e reforçar a direção do movimento na tela. Esta apresentação abordará exemplos dessas técnicas de navegação cinematográfica, discutirá as especificidades do duplo papel de passageiro e navegador assumido pelo espectador e destacará estudos sobre navegação que corroboram essa relação com o cinema.

Bibliografia

    BORDWELL, David; STAIGER, Janet; THOMPSON, Kristin. The classical Hollywood cinema: film style & mode of production to 1960. New York: Columbia University Press, 1985.
    BRUNO, Giuliana. Atlas of emotion: journeys in art, architecture and film. Nova York: Verso, 2018.
    CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 3. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. Tradução de: Ephraim Ferreira Alves.
    HUTH, John Edward. The lost art of finding our way. Londres: The Belknap Press of Harvard University Press, 2013.
    INGOLD, Tim. The perception of the environment: essays on livelihood, dwelling and skill. London; New York: Routledge, 2000.
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