Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Juliana Muylaert Mager (UFF)

Minicurrículo

    Juliana Muylaert é Pós-Doutoranda no LABHOI/UFF onde desenvolve pesquisa sobre festivais brasileiros de cinema documentário e etnográfico, com bolsa FAPERJ. É co-autora do livro A capitalidade em disputa (2022) e autora do artigo A Contribuição do Festival É Tudo Verdade ao Cânone do Documentário Brasileiro (2021), entre outras publicações. É uma das fundadoras do Grupo de Pesquisa de Festivais Audiovisuais: histórias, práticas e políticas (CNPq) e membro da equipe do Cinematógrafo Podcast.

Ficha do Trabalho

Título

    Um balanço histórico sobre os festivais brasileiros de cinema documentário dos anos 1990

Seminário

    Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual

Resumo

    No presente trabalho, buscamos realizar um balanço histórico/historiográfico dos festivais de documentário brasileiros dos anos 1990. Nosso recorte contempla três eventos: a Mostra Internacional do Filme Etnográfico, o É Tudo verdade e o Fórumdoc. Mais do que propor uma história dos festivais de documentário no Brasil do período, nossa intenção é refletir sobre os modos e condições de escrita dessa história, colocando em debate o arcabouço teórico-metodológico dos Film Festival Studies.

Resumo expandido

    Desde os anos 1990, os circuitos de festivais de cinema no Brasil passaram por um processo de transformação que combinou o aumento no número de festivais e a diferenciação dos eventos. Embora festivais criados nas décadas anteriores tenham se dedicado ao cinema documentário (e etnográfico), os eventos surgidos nos anos 1990 caracterizam um processo de especialização que descola o documentário do curta-metragem, de bitolas específicas/alternativas como o super 8 e do cinema amador.
    No presente trabalho, buscamos realizar um balanço histórico/historiográfico dos eventos de documentário nos circuitos festivaleiros dos anos 1990. Nosso recorte contempla três festivais: a Mostra Internacional do Filme Etnográfico criada em 1993, o É Tudo verdade, de 1996; e o Fórumdoc – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de 1997. Por festival de documentários, entendemos os eventos audiovisuais que colocam esse cinema no centro de sua programação e de seu modo de auto-denominação, considerando tanto a forma como o festival constrói a própria imagem, como o nosso olhar enquanto pesquisador propondo categorias a partir do trabalho de investigação.
    Assim, reconhecemos nesses três eventos o esforço para criação de um espaço relevante para o documentário no país. E a partir deles, procuramos traçar algumas características para pensar esse subcircuito e seu ecossistema (Vallejo, Peirano, 2022), como a relação com o cinema etnográfico, a conexão com os museus e arquivos e os elos com a universidade. Analisando as características gerais de cada um dos três festivais, buscamos identificar os modelos de evento que mobilizam, e os desdobramentos para o perfil curatorial e para os modos de imaginar e definir o cinema documentário.
    Mais do que propor uma história dos festivais de documentário no Brasil do período, nossa intenção é que o trabalho realize uma reflexão sobre os modos e condições de escrita dessa história. Desse modo, nos interessa colocar em debate o arcabouço teórico-metodológico dos estudos voltados para as mostras e festivais de cinema e audiovisual, fazendo eco às proposições de Antoine Damiens em Curating queerness (2020) para uma crítica e expansão dos Film Festival Studies.
    Em diálogo com o exercício crítico de Damiens (2020), procuramos colocar nossos próprios dilemas enfrentados na relação entre os festivais brasileiros que estudamos, a bibliografia sobre os festivais e a construção de uma abordagem a partir da história (como disciplina). Nesse sentido, o trabalho também representa uma revisão de questões trabalhadas pela pesquisadora em outros momentos (Muylaert Mager, 2019; 2021) e um esforço de diálogo com uma bibliografia sobre os festivais brasileiros no período recente, com os artigos de Carla Italiano (2022), Adriano Garrett e Schvarzman (2022), Cezar e Costa (2021), entre outros.

Bibliografia

    Damiens, Antoine. LGBTQ Film Festivals: Curating Queerness. Amsterdam University Press, 2020.
    Cezar, Amaranta; Costa, Leonardo. Memória e ação com o CachoeiraDoc: um festival de cinema com e como política pública. Rebeca. v. 10, n. 2, 2022.
    Italiano, Carla. Dois festivais de documentário brasileiros sob uma perspectiva feminista – Forumdoc.bh e Cachoeira.Doc (2010-2020). Rebeca. v. 11, n. 1, 2022.
    Muylaert (Mager), Juliana. É Tudo Verdade? Cinema, memória e usos públicos da história. Tese de Doutorado em História, UFF. 2019.
    ___________. A contribuição do festival É Tudo Verdade ao cânone do documentário brasileiro. Aniki. v. 8, n.1. 2021.
    Ramalho Garrett, Adriano; Schvarzman, Sheila. Novas características curatoriais em festivais de cinema brasileiros contemporâneos no século XXI. Faces da História, v. 9, n. 1. 2022.
    Vallejo, Aida; Peirano, María Paz. Conceptualising festival ecosystems. Insights from the ethnographic film festival subcircuit. Studies in European Cinema,19:3, 2022.