Ficha do Proponente
Proponente
- Luca Scupino Oliveira (USP)
Minicurrículo
- Mestrando em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com orientação do Prof. Dr. Luiz Carlos Oliveira Jr. Bacharel em Cinema pelo Centro Universitário Armando Álvares Penteado (FAAP), onde realizou Iniciação Científica com bolsa PIBIC. Atua como pesquisador, crítico de cinema e realizador. Possui textos divulgados pela Versátil Home Video e o site Mnemocine, onde atua como editor. Em 2024, ministrou a Oficina Crítica Curta no Kinoforum.
Ficha do Trabalho
Título
- Pedagogia Rohmeriana: teoria e crítica de cinema em duas versões de “O Celuloide e o Mármore”
Eixo Temático
- ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL
Resumo
- Esta pesquisa pretende estudar a relação entre a crítica de cinema de Éric Rohmer, publicada entre os anos 1940 e 1950, e os documentários educativos realizados pelo cineasta ao longo dos anos 1960, na televisão francesa. Para isto, realiza uma análise comparativa entre o texto “Le celluloïd et le marbre” (1955), em que Rohmer relaciona o cinema e as outras artes; e seu documentário homônimo de 1966, que atualiza sua teoria a partir do ponto de vista de artistas que refletem sobre o cinema.
Resumo expandido
- Este projeto de pesquisa pretende, inserindo-se no campo das Teorias de Cineastas e do Cinema Comparado, estudar a relação entre a crítica de cinema de Éric Rohmer, publicada em revistas como Cahiers du Cinéma, La Revue du Cinéma e Les Temps Modernes entre os anos 1940 e 1950, e os documentários educativos realizados em 16mm pelo cineasta ao longo dos anos 1960, na televisão estatal francesa. Este período é considerado pelos biógrafos do cineasta como um verdadeiro “laboratório” estético (Baecque; Herpe, p. 167), que aponta tanto para os temas que Rohmer desenvolvera em seu passado como crítico, quanto para os filmes que ele realizaria posteriormente.
Para isto, tomamos como objetos principais o texto “Le celluloïd et le marbre” (1955), em que Rohmer realiza uma comparação extensa em cinco partes entre o cinema e as outras artes; e o documentário homônimo dirigido pelo cineasta em 1966 para o programa Cinéastes de Notre Temps, filme que atualiza a teoria rohmeriana a partir do ponto de vista de escritores, arquitetos e artistas contemporâneos (dentre eles os romancistas Claude Simon e Pierre Klossowski, o sociólogo Paul Virilio e o compositor Iannis Xenakis), que então refletem sobre a arte cinematográfica.
Em diálogo com o conceito de filme como ato teórico para Jacques Aumont; bem como com a noção de pedagogia no cinema para Serge Daney e Alain Bergala, a pesquisa realiza uma análise comparativa entre dois objetos de discurso, literário e audiovisual, a fim de compreender em que medida cada formato é capaz de produzir um pensamento distinto sobre o cinema e sua relação com as artes tradicionais. Também temos como propósito cotejar os procedimentos metodológicos empregados por Rohmer em sua análise, compreendendo seu empreendimento no texto como pioneiro do gesto comparativo no cinema.
Pretende-se investigar não somente o conteúdo imanente às obras de Rohmer no que diz respeito à relação que este compreende entre o cinema e as outras artes, mas também em que medida é possível interpretar as duas versões de “O celuloide e o mármore” (a prosa crítica e o documentário) como elucidativas do contraste que ele estabelece entre cada formato de expressão – tendo como hipótese que o período pedagógico de Rohmer é aquele em que o cineasta encontrou o próprio cinema como uma forma de pensar sobre a estética e a arte, expandindo questões já presentes em seu período crítico e dialogando com inquietações da teoria realista de André Bazin.
Dentro da perspectiva comparatista, propõe-se a relação entre teorias de cinema e o processo de realização, bem como o estudo interdisciplinar sobre os pontos de contato entre diferentes artes, partindo da concepção baziniana de cinema impuro. Além disso, evidencia-se um estudo de caso em que a comparação é dada entre duas obras de diferentes naturezas, mas realizadas por um mesmo indivíduo que as toma como uma oportunidade para refletir sobre e revisar o próprio pensamento.
Bibliografia
- ANDERST, Leah (org). The films of Éric Rohmer – French New Wave to Old Master. Estados Unidos: Palgrave Macmillan, 2014.
AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 2004.
________________. Pode um filme ser um ato de teoria? Porto Alegre: Revista Educação e Realidade, v. 1, n. 33, p. 21-34, jan/jun, 2008.
BAZIN, André. O que é cinema? São Paulo: Ubu Editora, 2018.
BAECQUE, Antoine de; HERPE, Noël. Éric Rohmer: a biography. Estados Unidos: Columbia University Press, 2018.
BERGALA, Alain. A hipótese-cinema. Rio de Janeiro: Booklink; CINEAD-LISE-FE/UFRJ, 2008.
CNDP-CRDP. Le laboratoire d’Eric Rohmer, un cinéaste à la télévision scolaire. CNDPChasseneuil- Du-Poitou, 2012.
DANEY, Serge. A rampa. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
ROHMER, Éric. Le celluloïd et le marbre – suivi d’un entretien. Clamecy: Éditions Léo Scheer, 2010.
_____________. The taste for beauty. Reino Unido: Cambridge University Press, 1989.